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sexta-feira, 25 de junho de 2021

De Pã e de Cristo

Noites Gregas- Podcast
Print do episódio: O último oráculo do podcast Noites Gregas























 professor,

é importante abandonar a faca cartesiana

longe desta mesa

esse pão se reparte com a mão

sua massa veio de uma receita

retirada de um naufrágio

restos perdidos em um mar que não existe mais,

 

no limiar do meu afogamento,

marinheiro pele escura

de melanina e de sol

chifres, pés de cabra,

e um imenso falo,

meu último sorriso no rosto

mancha de sangue aquele trecho de mar

vermelhos véus...

atravessam minha última vertigem

 

uma cruz, meu irmão

gêmeo, ou eu mesmo,

que sangra,

está em terra

quente, seca

aperta as pálpebras antes do fim

vendo mais longe

ele me garante a mim mesmo

ou mesma

que seremos um

e ele aprenderá minhas lições

e a terra de novo se tornará fértil

 

e assim, molhado e salgado, retorno à sua ceia

o trigo já em pão convertido

o meu sangue e o do meu irmão

a fertilidade do verbo e do chão.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Multidão



Pessoas sempre autorreferentes.

Pessoas que são potência e temem sair desse estado.

Pessoas sublimes.

Pessoas como uma lagoa funda e cheia de mato.

Pessoas excessivamente sonoras.

Pessoas sedentas de silêncio.

Pessoas que fizeram quebra-cabeças de suas cicatrizes da pele.

Pessoas que não encontram.

Pessoas com horizontes minúsculos.

Pessoas com verticalidade sob o solo.

Pessoas que giram teimosamente sobre seu próprio eixo, enquanto zumbem.

Pessoas que se encontraram, depois de muito tempo e não sabem mais onde pôr as mãos.


sábado, 1 de junho de 2019

araramor





Subo no que desejo
Como se um morro vermelho escalasse
E a cada avanço incorporasse
Pedaços inteiros de alguma totalidade.

O barro do paredão—luxúria
Mastigado e engolido
Avidez de se tornar una,
Por um instante de delírio.

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