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sábado, 29 de dezembro de 2018

3 anos de blog de poesia


Quando criei esse blog, o primeiro que criei e continuei, a intenção era desabafar e compartilhar sem muitas intenções coisas que, por algum motivo banal (ou não), eu não conseguiria expor em nenhuma rede social em primeira mão. Com o tempo, o blog se tornou não só um lugar no qual eu poderia me olhar com outros olhos, ou olhar com outros olhos algumas vivências pessoais, ele se tornou ferramenta e também resultado de muito da minha vida criativa, coisa que eu não dava a devida atenção, mas que foi responsável por sustentar alguma vitalidade minha em anos interiormente muito difíceis. Já pensei em excluí-lo algumas vezes, mas curiosamente, bem menos do que eu acreditei que pensaria. Eu trago aqui, em números, uma amostra de que não estive só ao longo desses 3 anos. Um blog que fala de poesia, de arte e de cultura, eventualmente de questões existenciais e que apresenta poesia autoral de uma neófita sem muita habilidade no mundo das blogueiras, enfim, não é lá um locus que eu esperava receber muitas visitas. Mas recebi algumas e agradeço sinceramente a olhadinha rápida ou demorada que cada uma e cada um de vocês deram. Agradeço também às autoras e aos autores que participaram das postagens. Um 2019 maravilhosa para nós! Não somos muitas e nem muitos, mas somos fortes e sensíveis. Eu acredito nisso. ;))





domingo, 14 de outubro de 2018

Entrevista com Dani Marques




Hoje eu trago mais uma das nossas entrevistas com autoras piauienses (é só clicar na palavra chave referente aí embaixo para ver as demais). Hoje é a Daniely Marques, que até já teve postagem aqui sobre o lançamento de um dos seus trabalhos, que ela menciona (clica aqui). Aproveitem a entrevista:


1.       Dani, obrigada pela alegria de estar aqui no blog concedendo essa entrevista. Já tem um tempo que era para isso ter acontecido. Fala um pouco de você, apresente-se para nossas leitoras e leitores:

Olá, Nay! Agradeço a oportunidade de falar de mim e do zine “Desembucha, mulher!”.  Bom,  eu me acho um mix, sempre curiosa,  logo porque já tentei várias coisas nessa vida, e só agora me encontrei um pouco – espero que não seja tardiamente. Fiz duas graduações, e não trabalho em nenhuma das duas, me descobri mesmo trabalhando com a escrita. Teresinense, 33 anos, mãe solo de uma menina de 5 anos. A escrita foi o refúgio para me encontrar depois da maternidade, e ajudar outras a se encontrarem. 

Dani e a segunda edição do zine


 2.       Como surgiu esse plano de trabalhar com cultura, uma área tão bela, tão importante e tão subestimada no país?

O zine tem um lance místico, talvez tenha nascido da vontade de dizer uma basta a uma série de silenciamentos que eu sofri ao longo da vida. Nós mulheres somos feitas para aceitarmos tudo bem caladinhas, algumas conseguem, outras não. Quem não consegue, adoece, sente que existe um incomodo, e a fala, antes sufocada, acaba que necessitada de gritar. E como é que funciona esse grito? Através da arte, da cultura. Eu me identifico com a escrita, e vi que outras estavam no mesmo barco que eu. Por que não nos juntarmos? Daí a coletânea de textos, organizada de forma underground . E foi aí que eu vi que é tão complicado trabalhar com cultura, de certa forma, você incomoda

3.       E o “Desembucha, Mulher!”? Como um zine conseguiu alcançar tanta relevância no cenário local? O que você acha que ele significa nesse contexto de levante de mulheres historicamente silenciadas? Você sente que falta alguma coisa para que seu projeto se complete, ou ele alcançou um estado ótimo, dentro do que você tinha sonhado?

Todo o alcance do zine foi uma total surpresa pra mim. Eu não imaginava que ele teria esse alcance, e foi muito bom. O combustível que me dá força pra continuar com ele são os relatos de mulheres que sentiram contempladas de terem seus escritos publicados, impresso numa folha de papel, onde elas poderiam manusea-los, mostrar. É a concretização de uma ideia. Além de tudo é empoderamento, é não precisar de validação masculina. Tudo isso casa com esse momento do feminismo atual. No mais, eu queria ampliar, publicar mais autoras, lançar mulheres ótimas que estão por aí e sem oportunidade. Meu sonho é que quando alguém for citar autorxs piauienses pelos menos metade dos lembrados sejam mulheres.

4.       Você também é uma das mediadoras locais do grupo de leitura mais popular da atualidade no Brasil, o “Leia Mulheres”. Você pode resumir um pouco da proposta para a gente, incluindo aí sua própria experiência no grupo?

O “Leia Mulheres” é um clube de leitura que também combate essa predominância masculina nas nossas estantes. É triste constatar que a maiorias dos autorxs que falamos, que usamos como referências, são homens. E a proposta do clube é essa, tentar, nem que seja de forma mínima, tirar esse desequilíbrio, nos fazer consumir autoras, saber da existência delas. Nossa! Depois do clube já conheci tanta autora bacana.

5.       O que você diria para mulheres que tem filhos para criar (muitas vezes sozinhas, como é o seu caso) e que são diariamente desencorajadas pelo mundo a seguirem seus sonhos?

Nada é fácil para uma mãe, principalmente se for solo. Eu vivo vários dilemas, tentando me livrar de várias culpas que o sistema diz que são minhas. Ser mãe solo é você pegar dupla responsabilidade, assumir pelos erros de alguém omisso,  e ainda ser mal vista aos olhos da sociedade. Sonhar, trabalhar, realizar algum feito diante desse contexto é ser a própria resistência. Não posso garantir que todas nós vamos conseguir romper algum paradigma, ou que vamos alcançar nossos sonhos de forma integral. Não temos controle de nada, mas podemos começar a nos livrar do estigma da mãe perfeita, seria um ótimo primeiro passo. Não damos conta de tudo, e jamais esquecermos que antes de sermos mães somos mulheres.

6.       Quais seus próximos projetos? Pode compartilhar conosco?

Muitos projetos, mas tudo a seu tempo. Como respondi na pergunta anterior, sou mãe solo, e alguns acidentes acontecem ao longo do caminho. Risos. Mas assim que puder, de forma lenta e gradual, lançar uma coleção de autoras piauienses, a terceira edição do zine, continuar nas reuniões do “Leia Mulheres”, e sempre trabalhar ajudando outras mulheres a se sentirem encorajadas e motivadas a escreverem, ou fazer qualquer outra manifestação cultural.

 
Obrigada, mais uma vez, pela gentileza da entrevista, Dani. Espero em breve fazer outra postagem com o seu mais novo trabalho!
A Dani também é uma excelente jardineira <3

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Qual o lugar na mulher na produção cultural piauiense?

Gostaria de compartilhar com vocês essa bonita reportagem. Ela fala de duas iniciativas belíssimas de promoção cultural liderada por mulheres: o "Leia Mulheres", Teresina e o "Zine Desembucha, Mulher!".




Infelizmente não foi ao ar [edit. foi transmitido na semana seguinte]. Seja lá quais tenham sido os motivos, é importante frisar que para começarmos a criar um novo vocabulário, que promova uma ruptura no foco das reportagens locais em apresentar mulheres apenas em papéis tradicionais, ou como corpos assassinados por seus companheiros (feminicídio, com números a não serem ignorados no nordeste), é preciso que não seja tão fácil assim cortar a divulgação das muitas iniciativas femininas, em ambientes marcadamente dominado por homens. Limitando-me a pensar o espaço da escrita e do seu reconhecimento, ainda que as mulheres tendam a ser maioria em cursos como o de Letras, por exemplo, os cargos de poder nas universidades, as cadeiras das academias de letras e os escritores convidados como estrelas dos eventos literários continuam sendo homens (e homens brancos). Por esses lapsos estruturais, que terminam excluindo as mulheres de modo institucional e também, por conta das falácias imediatistas da moda, que tentam desmerecer os dados e as políticas públicas já plenamente justificadas por décadas mundo afora sobre as questões de gênero, é que se torna dever de cada uma de nós e cada um de nós, nos esforçarmos para termos nossas vozes ouvidas e as das demais mulheres e também dos homens que entenderam que o mundo agora é outro. 

Na terça-feira, dia 22 de maio, às 18:30h estarei compondo a primeira mesa de um ciclo de conversas que a Revista Revestrés promoverá para dialogarmos sobre as diversidades que são as bases do nosso mundo e sobre o papel da mídia e do jornalismo em meio a tudo isso, incluindo aí as tentativas de retrocesso, backlashes esperados de quem ainda não entendeu que seu tempo passou.


quinta-feira, 8 de março de 2018

Desembucha, mulher!

Minha amiga Daniely Marques criou uma zine linda que conseguiu reunir alguns trabalhos de mulheres tão sensíveis do nosso entorno e acabou de compartilhar o resultado disso conosco. Aí embaixo segue o primeiro número do "Desembucha, mulher!", com participação minha no meio desse pessoal talentoso:

Desembucha, mulher! (número 1)
Clica aí

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