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segunda-feira, 18 de abril de 2022

[isso aqui é um deserto]

[isso aqui é um deserto]

e eu me perdi de ti bem no início da jornada

agora sou uma alma que vaga

mas não há litoral...


[já não estou à espera]

porque nem sou mais a mesma

e nem aquela cidade-deserto

e certamente você também não

 

(só nos meus sonhos você continua tão jovem...)

 




sexta-feira, 15 de maio de 2020

Cofo



para tecer um poema
eu tenho muito pouco

um argumento inteiro
um amor inteiro
um adormecer inteiro
uma lição inteira

para tecer um poema
eu tenho muito pouco

queimadura de água fervente
1985

ela poderia, em breve
tornar-se modelo
pena sua pele.

cristã mística e cética que sou
não insisto mais no
despropósito da
vida humana.

atente aos dois atos a seguir

eu me espanto
a cada benzer diante
de cada igreja
eu me ipêrbolizo
em cada setembro.

como faço o primeiro
qualquer pessoa mestiça sabe
como faço o último
só diz respeito a mim
raiz na superfície

imóvel a esperar tal qual raiz de ipê
o ônibus
vagueio por 45 minutos, entre o amarelo histérico e os tons terrosos
e bocas que resmungam
e um celular com som alto
e música que não gosto
e passageiro em pé que seguram longos canos
nas mãos
canos cor de prata, mãos negras.

imóvel no assento sem estofo do ônibus
eu espero que o mundo de mim se cosmova.

(Para Ernst Jandl e Fabiana Macchi)


segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Há uma raiva de fundo


Há uma raiva de fundo
Como o clarão de um incêndio ao horizonte
A substituir a aquosa angustia
Lembra um sol velho
Que já se ergueu e se deitou tantas vezes
E que faz uma última aparição.



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