Mostrando postagens com marcador educação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador educação. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Nasce o Instituto Esperança Garcia

Deixo um convite bonito e importante aqui no blog:

Nessa sexta-feira, nascerá oficialmente o Instituto Esperança Garcia. O Instituto é abrigo-andante de projetos-sonhos de educação em Direitos Humanos feminista, antirracista, contra-colonialista e anticapitalista. O encontro-anunciação será das 19h às 22h, no auditório da OAB/PI. Será gratuito e contará com o lançamento da quarta turma da Pós-graduação em Direitos Humanos Esperança Garcia com a Faculdade Adelmar Rosado; o lançamento do livro “A negação da liberdade: direito e escravização ilegal no Brasil oitocentista (1835-1874)” de Gabriela Sá; e da Campanha Esperançar com a Defensoria Pública do Piauí. 

Sua presença é muito importante.

 Até lá <3


quinta-feira, 13 de junho de 2019

Filosofia como conversa

Fruto de dois anos de blog coletivo Br-ó-bró." Filosofia e um monte de outras coisas..." tem lançamento dia 19.

sábado, 8 de setembro de 2018

Seja amiga da arte

mesmo que só para você

Fernanda Takai

Giz pastel seco

Desenho com giz pastel

Desenho com giz pastel

Flor e tapete- fotografia
curso de gravura

Arte como terapia. Depois eu apresento as colagens, pinturas e junk journals.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Um caminho para o crescimento: a família do capitão fantástico

[contém spoilers]

E se levássemos a sério os jovens, ao ponto de os criarmos, em uma educação sem séries, sem restrição de leituras, nem de desafios esportivos, partilhando com elas e eles livremente os saberes do mundo?

Não, a postagem não é sobre o movimento da desescolarização, mas bem que poderia ser. Ontem fui ao cinema ter um encontro com um filme que me tocou bastante, uma comédia dramática, recomendação de um amigo: "Capitão fantástico".

"Walden" (Thoreau)  e "A república" (Platão), parece que era algo nesse sentido que estava na cabeça de Ben e sua esposa, Leslie, quando decidem criar seus filhos em meio ao ambiente selvagem das florestas do norte dos EUA. O poético filme de Matt Ross (2016), apresenta-nos lindamente essa possibilidade. Ben e Leslie esforçam-se em educar sua prole, como fortes e sábios, por meio de uma disciplina que requer exercícios físicos diários no meio da mata e nas alturas das montanhas, incluindo luta, meditação, respiração pranayana e caça, além de estudos avançados sobre literatura, filosofia, línguas, política, direito, física, anatomia e o que mais o intelecto estimulado dos jovens pedisse- e que a biblioteca particular dos pais tivesse, que parecia ser constantemente realimentada por pedidos pelos correios.

Guiando os filhos por meio do que acreditavam ser um modo de vida que desafiava a sociedade capitalista da qual provinham, a família discutia todas as leituras que realizavam, como Marx e demais socialistas, além de Chomsky, em sua faceta libertária (no sentido positivo do termo), Dostoievski, Nabokov, alcançando mesmo a declaração de direitos dos EUA. O pequeno clã também se entretinha com música e praticava rituais sincréticos de alegria (como o aniversário de Chomsky, que era algo como o natal), ritual de iniciação e ritual de luto, quando necessários.

O grande desafio da família no mundo "real" começa ao decidirem comparecer ao velório e enterro de sua mãe, mesmo sob a proibição do avô, que nunca havia concordado com o estilo de vida excêntrico de sua filha. Leslie, que desenvolveu transtorno bipolar após uma depressão pós-parto, havia partido para a cidade, tentando tratar-se. Não conseguindo uma melhora suficiente, termina por cometer suicídio.

Apesar da morte trágica da mãe, o filme não se torna um filme mórbido. A verdade é dita às crianças, que foram criadas acostumadas ao diálogo sincero e aberto, o que não impede o sofrimento. Por outro lado,  parece abrir espaço para um tipo luto expansivo, que é manifestado de modos diferentes por cada membro e depois por todos juntos. A despedida final acontece bem depois do enterro, num ritual sugerido pela própria defunta, que tinha muito bom humor- apesar da depressão.

O desenrolar da trama até esse desfecho, incluem pequenos eventos como o desafio de conseguir comida na cidade, aprender a paquerar, o que fazer diante aprovação do mais velho em todas as universidades mais prestigiadas do país, ou com a rebeldia do filho do meio, além do contato com os demais membros da família. Esse contato, inclusive, oferece-nos um fabuloso quadro comparativo entre os dois modus vivendi, o nosso e o deles, eu diria, que promove momentos divertidíssimos para quem assiste. A família de Ben nos lembra o quanto que alguns dos nossos hábitos já não passam de meras convenções e outros não chegam a contribuir em nada com o nosso bem-estar físico ou mental, pelo contrário.

Mesmo diferentes, as crianças em nenhum momento se sentem constrangidas e na verdade surgem altivas diante da família "civilizada" do avô e da tia.

O luto, as brigas e os acidentes que ocorrem até pouco depois do enterro da mãe terminam por funcionar como uma espécie de arena de aperfeiçoamento para os pequenos filósofos-reis, um novo desafio a cada uma e a cada um dos membros, que compreendem melhor a força da escolha dos pais, começando a ter noção de suas próprias. Passarão a enfrentar o mundo humano como seres diferentes (por sua excessiva autonomia e crítica), num caminho que parece ser guiado pela vontade de liberdade e autenticidade, que deveriam, na minha humilde opinião, serem dois dos mais importantes pilares de uma boa educação.

 
Capitão Fantástico- trailer

Ps. O filme é com meu querido Viggo Mortensen (Ben), o Aragorn de "O Senhor dos Anéis".


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Paulo Freire i





A primeira vez que entrei em contato com Paulo Freire, foi quando me aproximei da assessoria jurídica popular. Havia lido um livrinho dele, chamado "Pedagogia da Autonomia", que havia comprado no Salão do Livro do Piauí, ainda em seus primeiros anos, no início dos anos 2000. 

Começar a ler a obra, acompanhar as discussões sobre e, principalmente, ver o esforço da prática do que ele propunha, certamente foi uma das minhas mais preciosas experiências. Tanto pelas amizades que se construíram nesse processo (por meio das redes e presencialmente), quanto pelo contato com os movimentos sociais, a partir de uma tentativa de tornar a discussão em torno do direito mais horizontal- algo que eu intuía sofrivelmente ser possível, mas que o curso, dentro do formato tradicional, nunca me apresentou. Um outro motivo de eu considerar essa experiência, essas leituras e conversas e discussões, foi o exercício didático de ouvir a outra e o outro, a compreensão do porquê, antes de tudo, é preciso haver um processo prévio e depois contínuo de auto-crítica para aquela ou aquele que se dispõem a ser professorxs.

E muito me surpreendeu a ignorância das pessoas que lidam com a educação a respeito da proposta freireana. Fiquei pensando que a contra-propaganda da ditadura de 1964 vem sendo tão eficiente em nosso tempo, quanto foi na época- o que a falta de um mergulho crítico nas nossas instituições não faz, não é?
Falo sem nenhum medo de parecer arrogante. Dizer que Paulo Freire desconsidera as diferenças entre os saberes, por ele defender o diálogo, a horizontalização das relações de todas as pessoas envolvidas no ambiente educacional é só um dos muitos absurdos preocupantes sobre a práxis proposta pelo educador. E me deixa triste ouvir isso de pessoas que deveriam conhece-lo.

Da minha parte, penso que Paulo Freire é genial. Mas penso que um outro engano pode ser cometido por um outro grupo, dos entusiastas de Paulo Freire. Por acreditar que o diálogo, a dialogicidade é o melhor caminho para a educação, muitos ignoram o que mencionei antes: o pronfundo processo contínuo de auto-crítica e eu diria, de conhecimento de si, diante daquele saber que vai ser apresentado às turmas e diante dos muitos saberes que viram desses estudantes. Note que estou falando de uma sala de aula formal.

Aplicar a horizontalidade sem auto crítica dentro de uma instituição oficial, comumente marcada pela hierarquia, é uma prática tão danosa quanto o que se quer desconstruir. Isso porque, é claro que a professora, o professor, possui o domínio de um tipo de saber que é justamente o valorizado por aquela área do conhecimento. Um domínio que vai criar uma superioridade, uma hierarquia em termos perigosos quando se embaça as fronteiras da relação professor/a-estudante dentro de um discurso que afirma que somos todos iguais, estamos praticando a horizontalidade, quando na verdade o conteúdo é predeterminado, estudantes não possuem nenhum poder de decisão, o saber válido é aquele da comunidade de especialistas que a professora e o professor já faz parte e que xs estudantes são estimulados a entrar, ao abandono de outros tipos de saberes relevantes (sem compreender, ao certo, porque deveriam realizar esse abandono). 

Por isso uma parte de mim sempre ficava receosa de praticar algumas das sugestões freireanas em sala de aula. Com o tempo, passei, sempre de antemão, avisar as turmas de que ele era uma das minhas maiores inspirações teóricas, mas que dentro do contexto institucional vigente, eu ainda achava muito difícil praticá-la, sem cair na ilusão de horizontalidade e terminar enganando a mim e a eles e a elas. Então eu só o fazia por meio de algumas brechas antevistas ou descobertas nas trocas com as turmas no decorrer das aulas. 

Eu ainda nutro o sonho de um dia conseguir encontrar (ou reencontrar) um grupo para estuda-lo/praticá-lo, porque, bom, tá implícito no meu texto e explícito no Paulo Freire, que tudo isso pressupõe mais de uma pessoa, um complexo de relações humanas.



AS MAIS LIDAS