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domingo, 13 de março de 2022

Conversa em vermelho com o artista desconhecido do Instagram

Pardal de perfil empoleirado no canto direito e atrás um fundo todo vermelho

Tudo o que você me mostra, em vermelho, eu gosto. Vermelho parece uma das cores do infinito. E nem é pela guerra. É pelo sangue que corre apesar dela. Há uma beleza estranha no pardal contra o muro monocromático. O pardal deixa de ser pardo. O marrom parece mais interessante. É por isso que eu passei a usar muito mais batom vermelho. Se você me visse, sem máscara, eu estaria usando um batom vermelho mate- mate quer dizer fosco, na linguagem dos cosméticos. Sem brilho, porque o brilho já é a própria cor, sem nenhum verniz. Então eu poderia ser uma das suas melhores modelos, junto com os muros que você encontra. Os muros vermelhos são realmente modelos insuperáveis. São os que eu mais gosto. Os amarelos queimados, amarelos velhos ou algum novo sinônimo inventado pela pantene, também ficou especialmente interessante no seu conjunto. Com verde escuro. Quem diria. Nunca pensei que as cores da bandeira do meu país pudessem oferecer harmonia e beleza juntas. Mas isso foi o seu olhar, que desconhece esse fato e o meu olhar, que ignora os seus motivos- então  aqui sou eu supondo que você precisou de algum. Eu só queria falar um pouco da cor vermelha. A minha medida dela é exatamente essa “só um pouco”, pra dar alguma chance para as demais. Eu estou sentindo falta de deixar o vermelho dar a última palavra. A vida que pede a última palavra e as primeiras, e algumas no entremeio, se tiver chance. E é isso, meu amigo desconhecido. Tanto andei desde as tuas fotos que deixaram o vermelho reinar. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

SIMONE DE BEAUVOIR, A CAPRICORNIANA

Ontem foi aniversário da grande Simone de Beauvoir e tivemos um ótimo fio criado no twitter, pela nossa amiga Heci Regina Candiani, especialista e apaixonada pela autora. Segue o rico material, com imagens e links, logo depois de cada flor de sakura:

🌸"Em 9 de janeiro, comemora-se o nascimento de Simone de Beauvoir (1908-1986). Como vocês sabem, estudo o pensamento e a trajetória intelectual dela e tenho alguns textos com resultados dessas pesquisas. Segue o fio de links e fotos. Esta, de Jacques Pavlovsky, é de 1976. (1/n)" 

simone com um penteado elegante e cabelos brancos, diante de uma biblioteca


🌸"Como contexto é tudo, começo com este no site da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas direcionado a estudantes do ensino médio. Formação, ideias e obras principais, a relação de Beauvoir com a filosofia e a literatura."

https://www.filosofas.org/post/simone-de-beauvoir-por-heci-regina-candiani

 

uma simone mais jovem, sentada em uma escada caracol diante de uma escultura de mãos abertas

Foto: Jack Nisberg, 1957 (2/n)


🌸Mais sobre a formação de Simone de Beauvoir e a relação com filosofia e literatura neste texto para @HorizontesaoSul, sobre os diários que ela escreveu quando estudante de filosofia.

 https://www.horizontesaosul.com/single-post/2020/07/09/avida-por-coisas-e-seres-simone-de-beauvoir

simone e sartre jovens, onde simone mira com uma espingarda, mas com os dois olhos fechados
Esta foto, de 1929, é da própria Beauvoir, explico no texto (3/n)

🌸Mulheres são tema da obra de Beauvoir desde bem antes de O segundo sexo. Neste texto falo da única peça dela, Les bouches inutiles (Estudos Universitários – UFPE). file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Les_bouches_inutiles_e_o_pensamento_beau.pdf 

Beauvoir e Nathalie Nerval após encenação da peça, 1967, foto: Giovanni Coruzzi (4/n)

🌸Em 1960, Beauvoir esteve no Brasil. Em "Quando o existencialismo descobriu a saudade", na @_palimpsestus, falo sobre como ela descreve a viagem em A força das coisas: https://www.oficinapalimpsestus.com.br/quando-o-existencialismo-descobriu-a-saudade/

beauvoir ao microfone
Na foto, Beauvoir em conferência na FNF, no Rio, em 1960. Foto: arquivo JB (5/n)

🌸Neste outro texto, falei brevemente sobre a recepção de O segundo sexo aqui no Brasil: Quelques notes sur la réception du Deuxième Sexe au Brésil lirecrire.hypotheses.org/611 
 
 
Foto: Beauvoir autografando livros no Brasil, 1960, capa do vol.2 de A força das coisas em francês (6/n)

🌸Em 2020, saiu no Brasil "Beauvoir, uma vida", da @philosofemme, que incorpora os estudos  filosóficos mais recentes sobre Beauvoir e fontes até então inexploradas em biografias. Entrevistei a autora para a Ideação: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/5447
 
Foto de Gisèle Freund, c.1960) (7/8)

 🌸
Por fim, este artigo da Cadernos Pagu, que explora de forma mais específica o contexto intelectual em que se produziram muitas das críticas sobre O segundo sexo. doi.org/10.1590/180944 
 
 
Beauvoir e Sylvie Le Bon em manifestação do MLF, 1973, foto de Janine Nièpce (8/8)

 

🐰 E é isso. Espero que tenham gostado. Da minha parte, agradeço a Heci pela gentileza de ter cedido o texto e as indicações, de modo que agora tenho um arquivo importante sobre Beauvoir aqui no blog. Feliz 2022!


domingo, 17 de outubro de 2021

ipepoca- em construção

Ipê branco florido não calçada de uma casa grande
foto tirada pela amiga Jeany


                                                     Pequeno ipê

Pipoca estourada

Perto do seu apê.

 

Pequeno ipepoca

Pede pipoca

Vai de doce ou salgada?


Ipepoca, fabuloso dente-de-leão,

boca gigante

te assopra.

 

Ipê encanecido

esmago com os pé

os seus brancos cabelos caídos.


[e segue o cardápio]

Ipê florido

Cuscuz de arroz

Ou cuscuz de milho?





Para a Malú e para a Jeany.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Nunca há

 
por-do-sol sobre o telhado de casa e os fios da cerca elétrica


 

Nunca há horizonte suficiente 

Pr’onde meu peito aponta 

Por isso ele é triste 

Ele é bonito e é triste.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Fim da estação de chuvas

O equívoco das derradeiras águas

Esse ventriloquismo do teu peito

afoga

numa poça

meu frágil ventrículo 

zumbindo por nada.



uma imagem em preto e branco de um balão cheio de água até a metade com uns peixinhos
Eu perdi a autoria da imagem


sexta-feira, 2 de abril de 2021

Mar/eu

essa foto aparece vez por outra porque, além de eu gostar dela, existe um contexto fraterno muito querido


Ah! Um copo de água com sal
Era tudo o que meu sangue insosso precisava 
e minha pele 
e meus cabelos 
e meus sonhos
 e meus desejos!

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O que pode conter um diário: página 2



 Duas fotos da mesma página do meu diário físico atual. Nem sempre estou disposta a cuidar da estética dele, porque em geral recorro  ao livro quando estou apressada em desabafar minhas impressões sobre o que quer que seja. Normalmente a organização vem num segundo olhar para o que já foi escrito. 

Mas essa página aí cai na exceção, como decidi que terei um novo caderno de diário ano que vem (esse já dura dois anos), escolhi passar a exercitar meus anos de apreciação de journaling gringa nele, quando a necessidade distração se unir a qualquer coisa relevante pra mim e quase sempre indiferente pro mundo. Assim é um diário. 

Uma nota em papel azul, que diz em cima “Melhor lugar para ir” assinalo “para ter sossego” e respondo: o quintal de casa ou qualquer lugar que tenha árvores e o silêncio humano. 

terça-feira, 7 de abril de 2020

O ordinário de uma vida na pandemia

As pessoas cultas não entendem que meus rituais absurdos são tão preciosos quanto o pólen das flores para as flores- e isso significa bastante, pode pesquisar. 

Meu mundo interior precisa desses pequenos pontos de apoio, que se mostram em gestos e palavras inúteis para os grandes estudos e ao sagrado sistema econômico e que só com essas coisas insignificantes, eu e os meus, suportamos existir neste mundo que insiste no vazio das conexões autorizadas com o Invisível- eles abandonaram as conexões espontâneas e todos perdemos.

A bênção de uma mulher mais velha, minha mãe ou a mãe de outra pessoa; o silêncio do meu pai, preenchido com uma oração antes de deitar; o deleite diante de um arco-íris, a grande expectativa diante de uma flor ordinária se abrindo, um cogumelo inesperado no quintal e o musgo raro na minha cidade sempre seca. 

Musgo no muro 

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A lição do milho no vaso

Mais ou menos no meio desse ano, recebi em casa uns cartões com receitas que eu havia pedido no site da minha amiga Carla, criadora do blog Outra Cozinha, que fala de plantas comestíveis não convencionais e de um viver mais simples e não violento. Junto com os cartões, a Carlinha colocou umas sementes de milho preto de pipoca. Eu nunca tinha ouvido falar de um milho preto de pipoca e fiquei muito contente. Já sabia que existiam muitos tipo de milhos, mas não havia me permitido imaginar que cada um fosse melhor para essa ou aquela comida. Isso me lembrou dessa bela foto de batatas peruanas em sua diversidade, que suspeito tenha sido até maior um dia.



Batata, assim como milho, são desses alimentos base, quase unanimidade entre as populações descendentes de ameríndios e mundo afora. Mas como o milho, a batata também foi standartizada, homogeneizada na figura de um único tipo, ou dois únicos tipos, a inglesa e a doce. Imagina aí a perda nutritiva e cultural. Quanta comida e quantas histórias essas cores dessas batatas carregam, como as dos meus grãos de milho preto?

Grãos do milhinho e a letra da Carla ^^


Daí que plantei alguns grãos num vaso grande do quintal da minha mãe. Dia 14 de agosto, deixei registrado na agenda/planner. Do tempo que passou até aqui, em meio a um br-ó-bró daqueles, que é um sol de rachar por meses a fio, bem difícil das plantas que não sejam cactos ou árvores de raízes bem profundas prosperarem, insisti no plantio do milho. Ele de fato cresceu, o que nos deixou muito maravilhadas aqui em casa, porque nunca tínhamos visto milho dando em vaso. 

Quatro meses depois, contamos cerca de 10 espigas, algumas geminadas (milhos gêmeos). O que era bem louco, porque era uma única plantinha, com um monte de milhinho nascendo. Mesmo com o adubo sendo constantemente renovado, a bichinha não conseguiu encher o suficiente as sementes, nem alcançar a sua tonalidade característica.  No entanto, eu considero a experiência desse plantio muito bem sucedida. Fiz sem esperar muita coisa e terminei tendo uma vivência de espera, de paciência, de frustração, de embevecimento ao longo desses meses. A Carla fala um pouco disso ao longo dos textos que ela compartilha. A finalidade não era comer um milho e apenas isso. Todo o processo acrescentou algumas linhas na minha sensibilidade e me ensinou algumas coisas que posso aplicar às demais sementes que restaram e que esperam serem plantadas (agora num período com mais chuva e sol ameno).

Lidar com outros seres, sejam animais de estimação, sejam as plantas da nossa casa, amplia nossa percepção de mundo, se estamos abertas a isso. Lendo e ouvindo sobre o pensamento indígena, especialmente o Yanomami, sinto que a familiaridade e a sabedoria que eu tinha quando crianças com esses seres e que foi afastada ou fragmentada pela vida adulta, é novamente "autorizada". A crise climática vai nos exigir uma nova ética, uma que inclua um retorno a esse tipo de vivência (que inclua um resultado de alimentação do corpo físico, também), que resgate saberes antigos das sementes ignoradas pelo latifúndio, que residiam nas memórias das nossas avós, que resgate a sabedoria de povos que estão há muito tempo preservando essas sementes e a arte de lidar com elas, a arte de conviver com outros seres como seres tão importantes como nós mesmos, de um outro modo, um menos utilitário. É uma transformação epistemológica em direção a uma outra ética. Em outras palavras, saber conhecer de um jeito que não nos destrua a todos e quem sabe, salve a maioria dos seres desse cataclisma provocado por nós (ou alguns de nós).

Essa foi a lição que tirei das espiguinhas de milho. Seguem as fotos.








Ps. Chamo insistentemente de espiguinhas, porque elas não são daquele tipo do milho amarelo/branco que não crescem muito.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Diário da Dora

Dora tem que lidar com suas próprias angústias de filhote: nem sempre querem brincar com ela; a gata não deixa que se aproxime; a cachorra mais velha é impaciente; nem todas as meias foram eliminadas; não pode retirar toda a areia do vaso de planta. 

Pelo menos deixam que fique num cantinho mais frio do quarto, para um suspiro profundo e sua sonequinha. 





terça-feira, 1 de outubro de 2019

Marielle e o Canto das Três Raças

Acordei com o “Canto das Três Raças” na voz de Clara Nunes na minha cabeça.

Essa música, que por si só parece ecoar algo ancestral naquela que ouve, em mim ganhou o significado particular de lembrar o dia da morte de Marielle- um dia triste, no qual perdemos duas entidades poderosas (Stephen Hawking também havia partido). Conhecia a Marielle por acompanhar a divulgação de seu trabalho e de outras políticas voltadas para as periferias e as negritudes que ganhavam voz Brasil afora. 

Quando tudo aconteceu, eu estava na ilha de Florianópolis e, agora com mais de dois anos depois do ocorrido, venho aqui revisitar um pouco o modo como senti aquela perda. Vaja o paradoxo dos afetos: perdi alguém que parecia próxima e, assim, era preciso algo, um rito, para expressar aquela dor que, ao mesmo tempo, parecia tão alienígena, tomando conta de mim, do luto pela morte de alguém distante. 

Mas como se elabora um ritual para uma perda dessa importância? Que funde a distância física e a  proximidade de sonhos? Foi então que nos dirigimos para o lugar que acolheu nossas esperanças frustradas e nossas dores da política recente, desde o impeachment: o centro antigo da cidade. As pessoas foram se reunindo ao lado do mercado, com fotos dela e com velas. Uma manifestação artística acabara de acabar. Os tambores chegaram, o sol se punha: era hora. Seguimos em cortejo e alguém, no meio da multidão, puxou o "Canto das três raças", os tambores seguiram, a multidão acompanhou a letra. Sim, nós éramos muitas. 

Surpreendentemente (aquele meu eu ingênuo pensando...), a morte de uma mulher distante, negra, vinda da favela, abalara o coração da antiga ilha de Nossa Senhora do Desterro (e, antes, Meiembipe). E foi uma surpresa tão triste e tão linda... Uma irmandade fugaz que condensou em si todas as manifestações que participei no ano anterior (e antes), nas quais, nós brasileiras lutamos por nossos direitos, inclusive o de uma democracia aprofundada, uma democracia além. O "Canto das três raças" acontecia. Numa terra que trata seus indígenas como mendigos e seus mendigos como menos-gente. Aquelas vozes era uma só voz. Aquelas lágrimas, os abraços ao pé da escadaria e as lágrimas, era o que deveria restar depois de tantos reveses, povos que se sensibilizam e se unem pelas causas mais justas. Como Marielle.

Do lamento que é o "Canto das três raças", da terra queimada do fogo e da bala, a morte é transmutada: de Marielle já tínhamos seu exemplo de vida e seus projetos; ela deixou muita coisa apontada. Tirei fotos daquele dia de lamento coletivo. Não lembro se antes havia dito tanta coisa sobre aquele dia. As fotos  foram parar numa exposição acadêmica no final do mesmo ano, mas na cidade de Teresina. 

Marielle não está sendo esquecida. Está sendo multiplicada.


Pequeno altar com fotos impressa de Marielle sempre sorridente (parede verde escuro, velas e flores brancas)

No mesmo altar improvisado, uma mulher acende sua vela.



O traçado de um corpo humano no chão, rodeado de velas, indicando um assassinato. Mulheres ao redor acendem suas velas. Flores ao centro do desenho.

domingo, 15 de setembro de 2019

Arte em revista: Paris- André Gonçalves

O André, que já andou em muitas postagens aqui nos primórdios do blog, hoje retorna com uma preciosa mostra do seu trabalho fotográfico. Tem gentes de carne e osso e de mármore. Tem aves de verdade e anjos de mentirinha. Tem uma história emudecida, ou só uma fantasia vagante. Tem a apresentação das cores infinitas entre o branco e o preto e o cinza. Tem cores escassas e provocantes. Tem o ponto turístico mais conhecido do mundo a desaparecer ou a reinaugurar seu próprio surgimento. Tem candura e tem o vazio. A presença e o silêncio.

Espero que aproveitem, "é de graça", como o próprio criador nos convida.

página com quatro fotos de paris em preto e branco: o café de flore acima (esquerda); um cavalo branco de mármore em destaque abaixo; uma grade e pões trás umas escultura em alto relevo entre duas janelas; e abaixo uma roda gigante, um obelisco e um poste antigo.

terça-feira, 2 de julho de 2019

Prioridades


Enquanto estou viva
e nada é definitivo
a língua se apropria da eternidade da morte
a fim de conferir substância aos conceitos.
Não há briga, nem guerra, nem carta
com ponto final.
Nem amor, nem promessas, nem esperanças,
nem ameaças, nem títulos,
e há sempre espaço para o arrependimento.

A pressa pertence ao imediato da morte
Este tempo concreto
Então digo que te amo
Porque não sei o que vem depois.



segunda-feira, 1 de julho de 2019

Um poema determinista


O nosso passado lembrado
                                    na cabeça incansável ou na pele sensível
Determina a verdade do presente tão nosso
E, por mais que os terapeutas insistam,
Com suas ferramentas cognitivas,
Dizer-nos que NÃO
É sob a sombra dos nossos primeiros vacilantes passos
Ou da luz- a depender de quem seja-
Que trilhamos a vida
Em busca da realização
Das promessas feitas
Durante aquelas portentosas alegrias

da fuga pelo medo de sermos atingidos
em nossos calcanhares

pelo vizinho louco
pelo abandono dos pais
pela morte do cachorro
pelos amigos perdidos sob circunstâncias desconhecidas

tudo suficientemente poderoso compondo
as grossas paredes
das nossas almas semi indefesas
diante de suas próprias certezas.



quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Histórias a serem (re) contadas: Victoria de Santa Cruz


 
Catálogos das exposições e folder.



Semana passada eu tive o privilégio de, andando por São Paulo, poder visitar algumas exposições. Histórias Afro-Atlânticas e Mulheres Radicais: Arte Latino-Americana (1960-1985), a primeira no MASP e no Museu Tomie Ohtake e a segunda na Pinacoteca. Das muitas comoções, surpresas, risos e abalos que sofri me detendo nas obras expostas, uma feliz e forte coincidência: em meio a uma variedade incrível de obras e artistas, em dois projetos independentes, o poema-dança de Victória Santa Cruz, de 1978, apareceu com destaque em ambas as exposições. Eu já trouxe uma vez aqui essa potência que nos foi legada em forma de vídeo. Permita-se, contemplar-participar, novamente, do texto, do balançar dos corpos e da firmeza das expressões dos artistas ali, que trazem a dor da rejeição pelo outro e do acolhimento de si por si, e de si no grupo antes rejeitado.

Volume 1 do catálogo das Histórias Afro-Atlânticas na página que menciona Victoria Santa Cruz (1922-2014). Três fotos da apresentação.




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