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sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Livros-alertas

Motivada por uma sombra que insiste em permanecer sobre as instituições brasileiras, dei uma olhada na estante e lembrei de algumas aulas que dei sobre o assunto. Aí estão cinco leituras que ajudam a situar algum jovem leitor desavisado, de qualquer idade, a respeito do crime contra a humanidade de maior reconhecimento e grande motivo de vergonha coletiva, durante século XX,  o nazismo. Ajuda inclusive, a olharmos bem para nossa historia enquanto povos humanos e as várias atrocidades que cometemos e que precisamos reconhecer para não repetir:


Lista para aprender porque nazismo é ruim

Educação e emancipação- Adorno
Hannah Arendt (biografia da Hannah Arendt)- Laure Adler
Maus- Spielgelman
Sonhos no terceiro Reich- Charlotte Beradt
O diário de Anne Frank- Anne Frank
 Modernidade e Holocausto- Bauman 
Aspectos do drama contemporâneo- Jung

A lista não é grande, porque sou otimista de que a pessoa que lê-los vai entender rapidamente a identificar o perigo logo. Logo!

Anne Frank com um lápis na mão

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Vinte e seis apontamentos e meio

1. Muitas manchas saem com limão- e é preferível estar à sombra;
2. Cuidado com a fome da alma;
3. A metade da laranja é uma mandala;
4. Manoel de Barros também costurava seus próprios cadernos;
5. A rua está vazia;
6. As confianças podem ser horizontais e verticais;
7. Consertar teorias nossas que não praticamos;
8. O julgamento é uma das expressões do animus;
9. Dançar é importante;
10. O passarinho azul é o pássaro da alma;
11. A tendência ao devaneio excessivo empobrece a vida;
12. Depressão é retenção de afetos;
13. O ridículo é necessário para o redimensionamento do desejo;
14. O salmão precisa da água limpa;
15. Abraços demorados desencadeiam a conversa do inconsciente com a alma;
16. Não entendo a linguagem dos relacionamentos amorosos;
     16.1. Se vivêssemos 1000 anos saberíamos disso.
17. É preciso admitir quando nossa paisagem é monótona;
18. A internet pode embotar os instintos;
19. Aprendi com a Dr. C.:" a vergonha te afasta do convívio social, mas nada está fora das fronteiras do perdão. As mulheres não estão fora da fronteira do perdão";
20. E com A.F. que “a inspiração se convoca”;
21. A vida tem uma magia própria que independe do nosso esforço de controle;
22. Al Green é música da alma;
23. E minha indignação não cabe no meu ethos;
24. "Direitos humanos é muito sobre ouvir as pessoas";
25. Peixes é um signo prático a partir do sentir;
26. Criar um estoque de ervas curativas;
27. Um ano depois e ainda sangro.
28. Deveríamos dar menos importância ao cargo de presidente;

Um ano novo melhor ;)


terça-feira, 26 de novembro de 2019

Nasce o Instituto Esperança Garcia

Deixo um convite bonito e importante aqui no blog:

Nessa sexta-feira, nascerá oficialmente o Instituto Esperança Garcia. O Instituto é abrigo-andante de projetos-sonhos de educação em Direitos Humanos feminista, antirracista, contra-colonialista e anticapitalista. O encontro-anunciação será das 19h às 22h, no auditório da OAB/PI. Será gratuito e contará com o lançamento da quarta turma da Pós-graduação em Direitos Humanos Esperança Garcia com a Faculdade Adelmar Rosado; o lançamento do livro “A negação da liberdade: direito e escravização ilegal no Brasil oitocentista (1835-1874)” de Gabriela Sá; e da Campanha Esperançar com a Defensoria Pública do Piauí. 

Sua presença é muito importante.

 Até lá <3


terça-feira, 1 de outubro de 2019

Marielle e o Canto das Três Raças

Acordei com o “Canto das Três Raças” na voz de Clara Nunes na minha cabeça.

Essa música, que por si só parece ecoar algo ancestral naquela que ouve, em mim ganhou o significado particular de lembrar o dia da morte de Marielle- um dia triste, no qual perdemos duas entidades poderosas (Stephen Hawking também havia partido). Conhecia a Marielle por acompanhar a divulgação de seu trabalho e de outras políticas voltadas para as periferias e as negritudes que ganhavam voz Brasil afora. 

Quando tudo aconteceu, eu estava na ilha de Florianópolis e, agora com mais de dois anos depois do ocorrido, venho aqui revisitar um pouco o modo como senti aquela perda. Vaja o paradoxo dos afetos: perdi alguém que parecia próxima e, assim, era preciso algo, um rito, para expressar aquela dor que, ao mesmo tempo, parecia tão alienígena, tomando conta de mim, do luto pela morte de alguém distante. 

Mas como se elabora um ritual para uma perda dessa importância? Que funde a distância física e a  proximidade de sonhos? Foi então que nos dirigimos para o lugar que acolheu nossas esperanças frustradas e nossas dores da política recente, desde o impeachment: o centro antigo da cidade. As pessoas foram se reunindo ao lado do mercado, com fotos dela e com velas. Uma manifestação artística acabara de acabar. Os tambores chegaram, o sol se punha: era hora. Seguimos em cortejo e alguém, no meio da multidão, puxou o "Canto das três raças", os tambores seguiram, a multidão acompanhou a letra. Sim, nós éramos muitas. 

Surpreendentemente (aquele meu eu ingênuo pensando...), a morte de uma mulher distante, negra, vinda da favela, abalara o coração da antiga ilha de Nossa Senhora do Desterro (e, antes, Meiembipe). E foi uma surpresa tão triste e tão linda... Uma irmandade fugaz que condensou em si todas as manifestações que participei no ano anterior (e antes), nas quais, nós brasileiras lutamos por nossos direitos, inclusive o de uma democracia aprofundada, uma democracia além. O "Canto das três raças" acontecia. Numa terra que trata seus indígenas como mendigos e seus mendigos como menos-gente. Aquelas vozes era uma só voz. Aquelas lágrimas, os abraços ao pé da escadaria e as lágrimas, era o que deveria restar depois de tantos reveses, povos que se sensibilizam e se unem pelas causas mais justas. Como Marielle.

Do lamento que é o "Canto das três raças", da terra queimada do fogo e da bala, a morte é transmutada: de Marielle já tínhamos seu exemplo de vida e seus projetos; ela deixou muita coisa apontada. Tirei fotos daquele dia de lamento coletivo. Não lembro se antes havia dito tanta coisa sobre aquele dia. As fotos  foram parar numa exposição acadêmica no final do mesmo ano, mas na cidade de Teresina. 

Marielle não está sendo esquecida. Está sendo multiplicada.


Pequeno altar com fotos impressa de Marielle sempre sorridente (parede verde escuro, velas e flores brancas)

No mesmo altar improvisado, uma mulher acende sua vela.



O traçado de um corpo humano no chão, rodeado de velas, indicando um assassinato. Mulheres ao redor acendem suas velas. Flores ao centro do desenho.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Extintos


 
Gritador do Nordeste

Ontem fui dormir triste. Li numa página da internet que nosso país perdeu dois passarinhos. Para sempre. O gritador-do-nordeste e o limpa-folha foram extintas em 2018, de acordo com a Bird Life Internacional. Ambos endêmicos do nordeste, da ameaçada região de Mata Atlântica remanescente entre Alagoas e Pernambuco. 

Acordei no dia seguinte e vi mais notícias a respeito. No mesmo estudo, ainda temos a confirmação do desaparecimento de espécies conhecidas:

“Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii): que agora passa à categoria de ‘Extinta na natureza’. A data estimada da extinção, calculada pela época em que um indivíduo da espécie foi observado pela última vez por um ornitólogo, é o ano de 2000;

Caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum): ‘Extinta’ desde 2001

Gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti): ‘Extinta’ desde 2007

Limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi): ‘Extinta’ desde 2011

Arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus): ‘Possivelmente extinta’ desde 1998”

O desaparecimento dessas espécies está diretamente ligado ao desrespeito ao seu habitat natural, invadido pela urbanização e agronegócio. É inconcebível que essas atividades continuem acontecendo sem qualquer respeito pela vida já existente ali e ainda por cima venha um presidente eleito mentir que existe uma indústria da multa. Se houvesse, certamente esse desastre ecológico não teria acontecido.

“Em razão desse cuidado e da falta de regularidade nas observações – que depende da existência de recursos e demais condições de pesquisa em cada país – é comum que uma espécie leve mais tempo para ser declarada extinta, mesmo sem ter sido vista durante décadas.” Ou seja, as espécies vão enfrentar mais um problema: o descaso explícito do governo, que fantasia a injustiça cometida contra desmatadores e caçadores. Stuart Butchart, diretor da Birdlife Internacional, afirma que: “Nossas evidências mostram que há uma onda crescente de extinções se espalhando pelo continente, causada pela perda de habitat devido à agricultura, drenagem e extração de madeira insustentáveis.”

Aqui no país, de quase 2000 espécies de aves, 173 delas estão ameaçadas. Apesar dos esforços de pesquisadores, o cenário não é dos melhores.


Ps. A melhor matéria que li sobre isso foi a do Nexo Jornal, do qual eu retirei os excertos mencionados.

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