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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Li no final de semana 📚

 

Nesse final de semana, eu terminei de ler dois livros que me deixaram reflexiva, com os olhos marejados, mas menos dolorida do que pensei que ficaria.

O primeiro deles é já bastante conhecido, há pelo menos um século, que é a "Carta ao pai do Kafka", que não é bem texto literário no sentido estrito mas é um texto que passa por várias classificações, sendo principalmente um texto biográfico. Nela lemos uma resposta de Kafka ao tratamento que o pai lhe dera toda a vida. Fala da relação dele com pai, de como mesmo aos 36 anos ele ainda não conseguiu elaborar suficientemente, nem superar, se é que era para isso acontecer. Um pai agressivo, um pai fruto do machismo da época, da nossa sociedade patriarcal, seja por conta da religião, por conta de condições econômicas, sociais, um tipo de masculinidade que só saberia ser violenta, bruta, quase sem demonstração de afeto pelos filhos. Ao mesmo tempo, se eu for considerar apenas a descrição da personalidade, era uma bastante expansiva, de modo a obrigar a todos o seu modo, esmagadora, como Kafka acusa.O que mais me chamou a atenção foi a extensão dessa carta nunca entregue e como ele pesou seus argumentos e a possível resposta do pai. É possivel sentir a angustia que essa presença impunha na vida mesmo do Kafka adulto. 

O segundo livro, "O rio que me corta por dentro", foi como fazer uma viagem pela história da minha família, há poucas gerações atrás, talvez da família de muitas pessoas de um certo Brasil. Um autor tão jovem, conseguiu escrever em 127 páginas uma história rica de acontecimentos, de afetos de verdade e delicadeza, mesmo diante de muitas violências acumuladas ao longo dos anos, ao longo dos nascimentos e das mortes não explicadas até que um dia se encontra uma explicação. Fala do amor de uma mãe, impedida por questões maiores do que ela mesma: mais uma vez o patriarcado, suas condições econômicos, não podendo ficar com filho dela, mas sempre voltando no final do ano, até que não volta mais... Fala de um amor entre dois amigos, que nasceu desde uma infância compartilhada no meio do mato, da natureza, da vida na simplicidade e que a mesma vida tratou de embaralhar tão tragicamente como uma peça de Shakespeare ou uma Fantasia Chinesa Danmei. Fala do amor de um aluno por sua professora que lhe ensinou as letras e uma outra camada de acesso aos próprios sentimentos, no meio de toda essa brutalidade... 

Falar de família parece uma fórmula fácil, para incitar sentimentos profundos no leitor e na leitora, não importa se esses sentimentos não são tão bons, porque todo mundo veio de algum lugar, mesmo que não seja familia de sangue, ou mesmo uma familia sequer, e mesmo uma família judia, na distante Europa do início do século XX ou de uma família do interior do nordeste nas década de 60 ou 90. Há em ambos uma enxurrada de emoções, uma necessidade desesperada de se sentir amado e de amar, de pertencer a um lugar, que pode ser um lugar-pessoa, que nos respeite. Às vezes isso não é possível...e às vezes é... 


O próximo livro que quero ler do autor é esse do link 




Carta ao Pai- Companhia das Letras 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Os favoritos de 2024!


Essa postagem é dedicada a Nayara do futuro, que pode querer lembrar que fez essas leituras. Fica também de sugestão, caso você se interesse. 😊

As leituras que mais me marcaram ao longo do ano de 2024! Para uma lista quase completa, é só acessar meu skoob nos lidos do ano passado.

Vamos lá!

💠Memórias de Adriano- Marguerite Yourcenar (março):

Aqui o trabalho excepcional de pesquisa e ambientação histórica e emocional da autora me conquistou quase que imediatamente. Antes, a história de Antinoo brevemente contada por um turista me chamou a atenção do fato de uma pessoa comum, talvez até um servo ou escravo, ter sido elevado à categoria de divindade pelo homem mais poderosos da sua época, tendo seu culto sobrevivido a este imperador. Apesar de ser a peça principal do livro, várias outras características da obra me cativaram. Comentei um pouco a respeito em uma das newsletter de 2024. 

Capa do livro Memórias de Adriano, com uma estátua do imperador

                                            


💠O Som do Rugido da Onça- Micheliny Verunschk (maio/junho):

Esse outro livro que, em poucas páginas, tenta imaginar a jornada e o destino de duas crianças indígenas separadas de seu povo séculos atrás e enviadas como "presente" à nobreza europeia. O fato terrível é apresentado do ponto de vista de uma das crianças e de sua própria cultura. Apesar de tudo, o final coincidiu com meu sentimento ao longo do livro.


A Micheliny ganhou o Jabuti por esse querido aí e ainda o prêmio Oceanos em 2024, pelo Caminhando com os Mortos.

💠Eu que nunca conheci os homens- Jacqueline Harpman (julho):

Eu que não gosto de distopias terminei lendo esta e gostando. É uma ficção científica que propõe alguns exercícios de imaginação sobre um tipo específico de fim do mundo, conduzido pela ótica de um pequeno grupo de mulheres.

Capa do livro: Eu que nunca conheci os homens


💠Admirável Novo Mundo- Bernardo Esteves (agosto/setembro):

Esse eu li simultaneamente ao "Um naturalista no antropoceno" e foi uma decisão feliz. No livro de Bernardo Esteves, conheci mais a respeito da América desde as várias chegadas dos seres humanos, bem antes que qualquer europeu. Os antepassados dos povos indígenas atuais, deixaram marcas e muitas pistas dos desafios que precisaram enfrentar para se adaptarem a esse continente que ficou isolado para humanos por tanto tempo, sendo que já era habitados por inúmeros seres vivos, inclusive a macrofauna famosa dos períodos glaciais. Uma das coisas mais belas que aprendi com essa leitura (e foram muitas), foi que o pequi e nossas palmeiras provavelmente eram semeadas por mamutes, em um processo que você encontra sendo mencionado nos dois livros. 

Capa do livro, editora Companhia das Letras



💠O profeta- Khalil Gibran (fevereiro):

Fiquei feliz de encontrar esse livro do Khalil Gilbran, meio por acaso e bem no início do ano. É o tipo de mensagem poético-profética que cabe bem o espírito dos inícios. Mas também caberia em momentos onde a gente pensa que nada está dando certo. Tenho para mim que é possível visualizar sua abordagem cristã vinda de uma matriz diferente das que estamos acostumadas aqui no Brasil. São tão bonitos paradoxos desafiados, pessoas que não são muito ligadas em religiões organizadas ou mesmo em qualquer uma.

capa de O Profeta, editora mantra


💠Wind And Truth- Brandon Sanderson (novembro/dezembro):

Esse aqui foi meu queridinho altamente esperado. Eu tirei dois anos para me atualizar de todos os livros da Cosmere (ou quase todos, eu nem tenho essa pretensão) para conseguir acompanhar o lançamento do último livro da primeira parte da série de fantasia que mais me entreteve com bastante dignidade. 

O livro é imenso, como 4 anteriores, mas valeu à pena mais uma vez a leitura: construção e expansão de mundo continua sendo a maior marcado autor, as personagens andaram nas jornadas que cabiam  cada uma (fiquemos satisfeitas ou não com isso), momentos engraçados, críticas coloniais disfarçadas, à escravidão e aos abusos de poder, crítica à destruição da natureza, crítica à falta de respeito com povos originários e à relação dos povos com o divino/natureza, crítica aos reis, rainhas e seres divinos quando não assume suas responsabilidades, defesa do amor, da amizade, do sacrifício pelo que é o certo, a preocupação com os traumas sofridos por quem vive de guerra ou em ambiente familiar tóxico, ou a dificuldade de se encaixar em qualquer cultura quando se é um imigrante etc. São muitos temas nessas mais de 1200 páginas (não sei como vai ficar em português).

E se você é fã de O Senhor dos Anéis: vale à pena. Nem que seja aos pouquinhos.

Capa de Wind and Truth, com Dalinar em destaque



💠A série Tudo Pelo Jogo- Nora Sakavic (julho):

Essas duas últimas leituras representam o meu momento: nunca prometi que sempre indicaria literatura certinha e adequada (já passei dessa fase, aliás, lá nos primeiros livros você encontrou uma parte daquela fase que ainda se manifesta...). 😂

Antes de mais nada, vamos aos avisos de gatilho: apesar de ser uma obra +18, e que é avisado lá, é importante saber que em cada um dos 4 livros da série lançados até agora, existem pelo menos 1 ou 2 cenas bastante fortes em termo de violência física, sexual e psicológica, além do uso de drogas lícitas e ilícitas. Afinal de contas, todos os personagens da história vieram de famílias problemáticas e uma boa parte foi abandonado às instituições que deveriam ter cuidado deles, o que não aconteceu. A histórica começa quando eles são recebidos por um técnico de um time, que usa o esporte como forma de recuperação social desses jovens adultos e o foco é o desenvolvimento da relação entre todos, enquanto buscam jogar no pior time de Exy.

É basicamente viciante.

Box com os três primeiros livros

💠Destaque dos quadrinhos: Semantic Error - J. Soori (maio):

Esse aqui eu peguei para ler pela fama: tem anime e uma novelinha curtinha. É romântico, mas não muito (eu ainda tenho um coração) mostra a amizade entre duas pessoas de personalidade completamente opostas: um desses clichês, mas que me divertiu principalmente porque um deles é completamente sem capacidade de trato com as pessoas.

Esse aqui é o livro. O manhwa está em inglês ou em português nas plataformas que você encontra por aí.


Então é isso! Eu poderia fazer mais algumas menções honrosas, mas se você chegou até aqui, bem que você poderia ir lá na página do skoob e conferir os 88 livros que consegui registrar no site. Faltaram alguns, mas poucos, está praticamente tudo lá. Aproveita e me adiciona!

Como meta para 2025 eu só queria ler mais fantasia chinesa. Mas isso vai depender das minhas autoras favoritas liberarem os próximos filhos.👀

Ah! E mais um ano com predominância de mulheres no saldo total. ^^


Feliz 2025, pessoas bonitas! 💗


Ps. Se quiser ajudar o blog ou minha newsletter é só usar os links que aparecem na postagem para adquirir qualquer coisa na amazon, não acrescenta em nada no valor da compra, mas pode vir a me ajudar. 


sexta-feira, 5 de abril de 2024

Marguerite Yourcenar- Memórias de Adriano*


*Texto publicado originalmente na newsletter "Clube de Profecias" do mês de março.


Recentemente li um livro que uma grande amiga recomendou há muitos anos atrás. Escrito em 1951, por Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano realizou o feito de entrar no rol dos melhores livros que li na vida. E escrevendo esse breve comentário aqui, penso que não sei se eu teria aproveitado bem a leitura, se tivesse lido mais de 10 anos atrás, quando Laís me indicou. Há um tipo de maturidade que precisei acessar especialmente para ler esse tipo de monumento histórico-imaginado, em que eu passava a ser o Imperador, com todas as imensas contradições que a figura histórica deixou de resquício- que as páginas do livro aproveitam com ardor.

Não me envergonho de dizer que me senti o próprio personagem principal em suas memórias, mesmo quando elas me mostravam uma situação que meu eu do presente iria facilmente por outro caminho.

Eu digo não me envergonho, porque a própria autora confessa ter feito esse tipo de exercício mental ao longo dos vários anos em que pensou aquela pessoa: visitou várias vezes a Villa de Adriano, as esculturas, os lugares que ele construiu ou reconstruiu. Não só visitava, mas meditava, tentando ver pelos olhos dele, como ele encarava cada um daqueles espaços e quem estaria com ele naquele momento.

Não sendo acadêmica, Yourcenar criou muitos métodos para construir as cenas, os cenários, as pessoas que realmente existiram e que estão ali falando, andando, amando, morrendo. Ela era muito exigente consigo mesma, como todas as boas escritoras.

Marguerite Yourcenar sua companheira Grace Frick, no jardim,1955

Apesar da amiga querida ter me indicado o livro, o que me fez ir finalmente atrás de suprir essa falta no presente, foi um comentário de uma pessoa que compartilhava nas redes sociais uma visita a uma estátua de Antinoo (ou Antinous). Fui atrás da história dessas estátuas e descobri a história do amor entre Antinoo e do Imperador, o que me deixou perplexa, porque de fato existem ainda hoje inúmeras estátuas que Adriano mandou ser esculpidas, após a perda do jovem companheiro- inclusive no Vaticano. Quer dizer: por que um imperador se importaria tanto com uma pessoa? Talvez eu esteja julgando seres humanos do passado precipitadamente? É óbvio que o erro é certo em algum nível.

Enquanto lia sobre, me chamou atenção umas questões bastante mundanas, como: que tipo de patriarcado era esse? Não havia cristianismo como a grande religião, havia uma mistura de cultura entre Grécia, completamente dominada por Roma e esta última que estava praticamente com sua extensão máxima desde o imperador anterior, cheia de outros povos incorporados. Não havia família como era concebida hoje, os papéis dos gêneros eram especialmente diversos nas camadas mais poderosas. Não havia culpa cristã, havia ainda o “instituto” da pederastia (sim era um instituto moral e é importante entender no caso da obra). Eu me permiti um exercício de entrega, confiando que a escritora sabia o que estava fazendo, ao ressuscitar um mundo tão diferente.

O resultado foi um primor. Pouquíssimas vezes eu saí da história por algum comentário que remetesse mais ao século XX, que ao século II, especialmente na questão ética e moral. Até a questão política me acrescentou novos espaços de reflexão, ao contextualizar a dinâmica entre o poder central e os poderes periféricos.

Acho que mesmo para aqueles e aquelas que não gostam de romance romântico- muitas vezes eu sou uma dessas pessoas- em livro, vai gostar porque várias facetas de Adriano aparecem: o jovem meio deixado de lado, o guerreiro, o juiz, o amante, o cônsul, o imperador, o construtor, o espiritualizado, o impiedoso, o espanhol e o grego. E a linguagem adotada é simplesmente: linda, belíssima.


busto de Antinoo


estátua de Antinoo, como Dionísio, encontrada no Vaticano

                          

Obs: O primeiro link está em português. O segundo foi posto mesmo em inglês, porque traz mais informações sobre a autora. Curiosamente a versão em português suprime até dados daquele quadro de informações básicas, como o nome da companheira da escritora. 🤔

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

A estepe - Anton Tchekhov

e tem apenas 144 páginas ☝



Esse livrinho marcou meu reencontro com um dos autores mais queridos dos meus vinte e tantos anos. Mais de uma década depois, por conta de uma Maratona de Leitura, decidi dar uma conferida, retornando a um terreno já conhecido. Ou quase.

A estepe é um dos primeiros trabalhos de Tchekhov, que antes escrevia basicamente textos não ficcionais. O Tchekhov teatrólogo, por exemplo, ainda não existia. Mas aos 28 anos, já trazia na escrita uma alma marcada pelo cenário exigente e melancólico de alguém que conhece a natureza da própria pátria, a Rússia, sendo já capaz de fundir personagens e paisagem, daquela  maneira que não é estranha à leitora que já teve curiosidade de folhear a literatura do país produzida durante o século XIX. Uma aproximação com os contos do Guimarães Rosa, que viria anos depois, por exemplo, seria muito justa. A estepe russa no verão e o cerrado brasileiro parecem oferecer esse tipo de vivência que no meu coração podem até ter uma estrada direta ligando (do calor ao frio e vice-versa), como se  fosse uma Pangeia.

Mas divagando um pouco menos, é uma leitura que se afasta do nosso hábito atual da velocidade, comandado pelas redes sociais, algo que pede calma, sossego, contemplação. A paisagem no convida a apreciar a lentidão das carroças e a viagem de um menino de 8 anos, em busca de ensino formal, de acordo com a vontade da mãe. A cena da tempestade é uma das minhas favoritas, unindo imaginação e natureza. Junto de um tio e outros viajantes, ele vai compartilhando o destino dos conhecidos e dos passageiros encontros, enquanto sua existência é esticada ao longo do caminho.

essa é ela, a famosa estepe russa


A interação do segundo grupo de companheiros de viagem do rapazinho indica com um potência que poderia ter sido explorado, deixando pinceladas que me lembravam um pouco do Dostoiévski. Não só isso, mas foi o que mais gostei.

Como se trata de uma história curta, mesmo as meditações explícitas das personagens são escassas, mas o sentimento, que vem forte, se dilui em um céu colorido, um campo amarelo, uma lagoa enevoada. No nascer e no por do sol.

Por fim, o texto retorna para a despedida da criança, de sua casa materna, para enfrentar o mundo que descobriu ser um pouco maior que casa dos pais, estendendo sua comunidade e seu olhar, suas sensações, um pouco mais além.

🌾

sábado, 13 de janeiro de 2024

Demônios- Aluísio de Azevedo & Guazzelli

Reencontrei um velho amigo dos tempos de escola ontem: Aluísio Azevedo. O escritor maranhense, o maior nome brasileiro do naturalismo, deu as caras em uma HQ que escolhi ler para um projeto de verão, o conto Demônios. Foi uma surpresa me deparar com essa obra ilustrada. E, pensando nisso,  concluí que o naturalismo combina demais com a questão imagética. Suas descrições sensoriais só ganharam com as cores do artista Eloar Guazzelli, que leu o conto muito jovem, ainda. Aquelas impressões não devem ter saído do inconsciente de Eloar, que uniu sua imaginação a do antigo escritor e criou uma obra menos perturbadora, que curiosa e bonita. ❤

capa em roxo, cidade de são luis, peixes gigantes flutuando
série clássicos em hq - petrópolis- demônios- aluísio de azevedo & guazzelii


Da minha parte fiquei positivamente surpresa em encontrar tanto subgêneros atuais, fragmentados nesse delírio de Aluízio de Azevedo. Uma boa parte se assemelhou até mesmo com Elantris, do Brando Sanderson! 😇

Psicanálise, biologia, evolução, fantasia, terror, surrealismo, suspense, poesia. Essas são as minhas palavras para esse conto. 

Muito curioso, rápido de ler e eu acredito que inclusive as ilustrações ajudaram bastante a aumentar a dinamicidade do texto, que poderia ser enfadonho para o padrão acelerado contemporâneo. 

Por fim, deixo uma pergunta para você pensar depois que lê-lo: quem são os demônios? 😉

Super recomendado! ✌


Ps. Li Demônios para a Maratona de Leitura de Verão #MLV2024, que é um movimento na comunidade de leitores, criado pelo Victor Almeida, do Canal Geek Freak. Estou gostando de participar porque estou tentando variar um pouco nos gêneros e subgêneros. 💚

Pps. Eu aprendi na escola a chamar Aluísio DE Azevedo, então você viu escrito das duas maneiras, porque não estou aqui para padronizar. Ah! O nome dele todo era Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo. 

quarta-feira, 9 de março de 2022

Notícias do BREU



 

● EU Sou Uma Livraria: Dani Marques, com seu sebo e livraria, divulga todos os dias no Instagram, ótimos livros que você pode adquirir para ler e também dar uma força para o pequeno negócio. Dani também colabora no site "Noise Land", falando sobre música, livros e shows; 


● CINTHIA Osório continua num produtivo momento com suas poesia, que ela compartilha com seu público também no Instagram "Gosto de Letras". Segue uma delas, resgatada do ano de 2014:

 


Medida

 

o tamanho da minha espera

celebra sua presença exagerada

quando você é tudo o que couber de saudade

mas não me ame sem rumo

decore as imediações dos meus lábios

não me ame à espreita

percorra a distância dos meus braços abertos

me queira com hora marcada

e faça um acerto com a hora errada

não asfixie declarações na sua boca de cigarro

nem cuspa o chão como ruído do que não é

possível dizer

não esteja presente se não puder dê-lo

 Cynthia Osório, 19/06/2014.


 



● SAIU o mais novo texto da Laís Romero no site d'O Estado Do Piauí. Lá ela retorna ao primeiros passos do ato de escrever, que seria compreender como se escreve, ou como escrevem nossas inspirações. O metatexto sugere leituras muito ricas em suas margens, vindos da diversa experiência da Laís com a escrita; 

 

● LARA Matos está concluindo seu novo trabalho em poesia, "Os Santos Dias". Logo teremos um belo zine para ler;

● NAYARA (eu) logo menos estarei divulgando aqui novos poemas, talvez acompanhados por alguns dos seus experimentos: desenhos simples, inspirados por flores, Pinterest e seus diários. Continuo atendendo tarô. 



quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Os labirintos [estudo]: duas versões para o mesmo poema

Poema sobre o mito do Minotauro

o labirinto em que me encontro
não tem soluções felizes
ao acaso
e todos os dias que me restam 
pergunto: qual será o dia da minha liberdade?

se dependo de teseu e não
de ariadne,
sei que metade de mim é
herói em apuros e a outra metade,
príncipe amaldiçoado.

se dependo de ariadne e não de teseu
morreria esperando por um fio que fosse da sua roca.


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A bruxa pragmatista: Emily Dickinson e convidadas

O Suplemento Pernambuco foi uma dessas boas descobertas dos anos recentes. Já falei dele antes nas recomendações aqui. Consegui assiná-lo por cerca de um ano e tenho um carinho imenso pelas edições de papel, com aquelas colagens feitas por talentosos artistas no período (2016-2017 ou 2017-2018). Ele tem ainda seu pdf  gratuito.

Lembrei disso, porque uma postagem no Instagram do periódico ontem, me fez rir sozinha. Lá dizia: "toda feiticeira, no fundo, é pragmática", o que me remeteu ao tema da minha dissertação que fala de pragmatismo e traz um pouco de Emily Dickinson, poeta que escreveu dos meus versos favoritos de todos:

Longos anos de distância - não podem fazer
Romper um segundo não podem sequer preencher -
A ausência da Feiticeira não
Anula o feitiço—

As brasas de mil anos
Descobertas pela mão
Que as acariciava quando eram Fogo
Vai se agitar e compreender—

 (tradução minha)

 No original, aqui.

O pragmatismo não é lá benquisto na filosofia, talvez pelo excesso de ceticismo nos fundacionalismos, sem oferecer uma resposta dura e talvez por isso mesmo, ele pareça menos interessado em respostas definitivas. Mas pelo menos ele me permitiu ter bons encontros com autoras e autores interessantes. A gente se diverte com o que pode nesse meio esquisitão.

 No que toca ao que motivou essa postagem, eu acho que as feiticeiras precisavam ser mais pragmáticas, por questão de sobrevivência, ainda que pareçam sempre estar a evocar as essências do mundo. Que mundo, não é mesmo? E aí está um outro segredo da feiticeira: ela parte do mundo em que está, mas quando precisa, assume outro e outro. Até porque eles nascem e morrem, como nós.

Quanto a Louise Glück, eu tinha esquecido que ela foi a ganhadora do Nobel desse ano quando comecei essa postagem, mas não é descaso, foi só esquecimento de gente distraída para conhecimento recém adquirido. Espero que ela seja traduzida logo para o nosso português, daí, quem sabe, quando eu lê-la com mais contexto, esse tipo de gafe não me ocorra. Mas não tenho pressa. O feitiço sabe esperar.

Essa postagem eu dedico à minha amiga Kelly, minha bruxinha favorita. Eu sei que de vez em quando, ela lê esses meus textos.


Aquarela da Malévola feita por mim num papel próprio A5
Malévola, bruxa redimida na cultura pop. Um dos meus estudos de aquarela.



domingo, 4 de agosto de 2019

Sites de cultura recomendados pelo passarinho

Uma das coisas que eu gosto de fazer, tem alguns anos, é "frequentar" os sites das revistas que eu eventualmente compro, ou que assino. Somo a eles sites de revistas que não tenho acesso pelo meio físico, apenas pelo virtual. Apesar do papel ter perdido a rodada para o meio eletrônico, ainda gosto de ter alguns números de publicações culturais, sempre que posso. Com o meio eletrônico, me permito descansar na procura por colunas interessantes desses veículos famosos e outros nem tanto. O descanso pode vir sob a forma de provocação, como é de se esperar de meio de comunicação de cultura. Não importa. São bem-vindos. E em meio a este momento que o mundo quer trazer de volta o abuso fascista, fico satisfeita em perceber que os jornais, as revistas, as colunas que eu mais gostava nenhuma preferiu esse caminho violento e fácil (fascio), ainda que uma ou outra seja mais tímida em deixar explícito isso.

Mas vamos aos sites/jornais/revistas?

1. REVESTRÉS:

Revista do meu estado natal, Piauí, de qualidade excelente, pelos temas nacionais e locais, pelos convidados, pelas entrevistas, pelo cuidado dos editores, dos jornalistas e a linda fotografia. Certamente é revista-afeto e revista-memória para piauienses e agregados que quiserem se sentir dentro da roda. No site, você pode conferir muitas entrevistas que saíram na revista de papel (um tempinho depois de cada edição), como essa do Torquato Neto aí embaixo e também conteúdo exclusivo como o blog Br-ó-bró do qual tive a alegria de participar (e que teve até um livro lançado recentemente), a coluna da Sérgia A. do professor W. Soares (editor) e do André Gonçalves (editor-chefe), dentre outros colaboradores de alma inquieta e sensível.

Ah e lá tem as crônicas do Rogério Newton, que são apenas lindas demais.

A revestrés pode ser adquirida em bancas de Teresina e Brasília. E você pode assiná-la, como eu: https://loja.revistarevestres.com.br/produtos/assinaturas 

"Revestrés recupera a última entrevista de Torquato Neto, com texto novo de Menezes Y Morais"


2. SUPLEMENTO PERNAMBUCO:

Provavelmente o suplemento cultural mais famoso do nordeste (e acredito que fora dele), o Suplemento tem a facilidade da gratuidade e é  uma publicação da Companhia Editora de Pernambuco - CEPE, editora do Estado de Pernambuco. Você pode baixar as páginas que são um primor graças aos competentes artistas convidados para ilustrar cada nova edição. Se você tiver como assinar o suplemento, vai ter em mãos toda a beleza desse jornal cultural (eu fiz isso por um ano e foi muito bom!). E é de se notar que sempre tentam valorizar o trabalhos das mulheres de hoje e de ontem e também de negros e outros grupos marginalizados pelo discurso cultural rotineiro. A Adrienne Rich vira e mexe aparece lá traduzida e eu acho lindo.

De vez em quando, eles enviam também documentários e livretos juntos com o suplemento. As apreciadoras agradecem. 

Algumas colunas e matérias instigantes que você pode encontrar lá (foco nessa colagem do Euclides)



Outra publicação de terras piauienses. Tem um projeto gráfico que me agrada, desde o papel até as ilustrações que costumam aparecer por lá. A descrição da revista pelos próprios criadores já é por si só, pura poesia: "Pode ser uma revista, um livro, um objeto não identificado. Trata de audiovisual, literatura e demais artes, nossos outros desequilíbrios."

Daí você tem entrevistas e material literário de qualidade, tratado com o maior carinho. E para completar, você pode folhear as páginas de algumas edições pelo ISSU (por isso que estão aqui nessa lista). Mas, caso você deseje tê-la impressa em sua casa, também pode entrar em contato com os editores, ou comprá-la em livrarias ou eventos culturais da cidade de Teresina.

Clica aqui para folhear o material bonito 


4. CONTINENTE: 

Quando você esbarra no Suplemento Pernambuco, fica aberto a drogas mais pesadas (brincadeiraa) como a digna Revista Continente (que sempre é divulgada na irmã), ambas integram a editora CEPE, assim como o Suplemento, é uma revista mensal, que publica fisicamente, mas que mantém um site muito interessante. Você clica lá em "seções" e se esbalda de tanto texto inteligente e belo. Tem muito orgulho de ser nordestina, como também de ir além dessas fronteiras. Muita gente que balança o mundo das artes já deu entrevista por lá.

Clica aqui para acessar a entrevista com a Marin Alsop


Seus textos são cuidadosos, sem muitas experimentações. O conteúdo é, geralmente, excelente. Entrei em contato com ele quando tive a oportunidade de fazer doutorado em Santa Catarina- eles tiveram origem em Curitiba e têm colunistas reconhecidos nacionalmente. Muito material de qualidade, ensaios que costumam me agradar demais.

O jornal rascunho é enviado pelos correios, bastando a interessada ou interessado entrar em contato.


Algumas das recomendações do jornal (clica aí)



O jornal quatrocincoum agora está hospedado como um blog da Folha de São Paulo. Talvez o maior tenha percebido que precisava tratar de literatura com mais carinho- ao contrário de outro jornalão. O quatrocincoum é uma pérola maravilhosa de se acompanhar e agora tem até podcast. Toda estratégia razoável é bem vinda para encararmos tempos de escassez material e miséria de parte da alma coletiva.









quarta-feira, 10 de julho de 2019

Margareth Atwood: A Odisséia de Penélope

Mais conhecida pelo sucesso do livro e da série "O conto da aia" (Handmaid's Tale), Margareth Atwood elaborou essa pequena obra de arte: "A Odisséia de Penélope: o mito de Penélope e Odisseu". Se você, como eu, já estava cansada dos mitos gregos serem apresentados sempre pelo viés do herói, a imaginação de Atwood nos empresta a possibilidade de refletir a respeito da condição de Penélope, a esposa deixada solitária em Ítaca por anos, esperando seu esposo retornar de suas aventuras em alto mar. 
Tendo que cuidar do reino e da família em um mundo já ostensivamente patriarcal, destaca-se a relação de Penélope com sua prima Helena, bem como e, principalmente, com suas escravas. Particularmente, o coro com as vozes das escravas e as cenas finais da história são de uma potência que reinaugura a interpretação de que a Odisseia representaria o marco ocidental do fim do que restava do matriarcado. 
Melancólico demais, bonito demais o coral das mulheres esquecidas- e somos muitas ao longo da história. 

Recomendo fortemente a leitura. 

Comprei por 10 reais na Amazon. (159 páginas)

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Beatrix Potter


Beatrix Potter

Semana passada adquiri um livrinho que nunca pensei ter em mãos: "As aventuras de Pedro Coelho", de Beatrix Potter. Estava lá na estante, filho único da livraria que fica logo embaixo da escola de yoga- que também descobri na mesma semana.

Edição de 2015 da Companhia das Letrinhas (essa foi a edição que adquiri para meus sobrinhos- sei)

Seu nome se tornou conhecido por mim por conta daquele filme tão gracinha, de 2006, que trata da biografia da autora: Miss Potter. Renée Zellweger e Ewan McGregor estrelam o filme. Terminei  assistindo anos depois do seu lançamento, porque o julguei apressadamente pelos primeiros minutos (um tanto bobo, mas que depois se desenvolve bem). Quando consegui avançar na película, vi, claro, que como apreciadora de livros de fantasia, fábulas, contos de fada. folclore e mitologias, eu tinha cometido um grave erro. Segue o trailer dessa belezura:


No livrinho, "As aventuras de Pedro Coelho", temos a chance de ver o melhor das fábulas do século XIX e início do XX, com direito a lindas ilustrações de animaizinhos vestidos e de ar matreiro, com pais e mães preocupados e pouco pacientes para suas desobediências- ou excesso de curiosidade, vendo por outro lado.

Beatrix Potter tem provavelmente um dos traços mais conhecidos do mundo da ilustração de livros infantis, é só dar uma olhadinha no Pedro Coelho aí embaixo. Vale a pena conhecer a história de Pedro Coelho, da sua família e da sua vizinhança. Recomendo igualmente  o filme que trata da vida de Beatrix Potter, que dá uma boa ideia de como mesmo para uma mulher nascida em uma família com boas condições financeiras liberdade não era algo muito comum. E miss Potter consegue utilizar bem as ferramentas que a vida lhe dispôs para isso, dando conta de seus desafios.





quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Lembrança Alada- Mia Couto

Em alguma vida fui ave.

Guardo memória
de paisagens espraiadas
e de escarpar em voo rasante.

E sinto em meus pés
o consolo de um pouso soberano
na mais alta copa da floresta.

Liga-me à terra
uma nuvem e seu desleixo de brancura

Vivo a golpes
com coração de asa
e tombo como um relâmpago
faminto de terra.

Guardo a pluma
que resta dentro do peito
como um homem guarda o seu nome
no travesseiro do tempo.

Em alguma ave fui vida.


Uma garrincha (ave)

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Esther Greenwood

capa da edição mais recente- a mulher da capa é a autora


[resenha crítica com spoiler]

Nem de longe Esther Greenwood é das personagens mais queridas da literatura. Peca por um excesso de auto indulgência por saber possuir uma inteligência acima da média, além de apresentar uma moral mais próxima do egoísmo do que de algum sentimento elevado, o que não costuma ganhar a simpatia dos leitores. Pelo menos é o que se pode concluir em uma leitura mais simplista da personagem principal do romance: "A redoma de vidro" (1963), único romance da escritora  Sylvia Plath, mais conhecida por suas poesias.

Que tipo de horizonte uma moça do interior de Boston (EUA), de classe média baixa, na década de 1950, poderia ter além de se afundar em um casamento infeliz, cercada de filhos com um marido condescendente? Era desse modo que Esther via a vida à qual estava destinada, diante de uma sociedade que não admitia que mulheres tivessem uma vida autônoma levada a sério. Tentando adiar ao máximo o futuro que previa para si, pelo que via de suas vizinhas e mesmo do que via de sua mãe, viúva desde que a moça tinha 9 anos, confiou que sua mente sagaz lhe ofertaria sua única saída: os estudos. Já na universidade, ela se inscreve em todos os editais que ofereçam bolsas para mulheres estudantes, o que não são muitos, já que nem todas as universidades e nem todos os cursos estavam disponíveis para as mulheres na época, mesmo se tratando de cursos de verão e similares.

Conseguindo estágio de um mês em uma famosa revista feminina de Nova Iorque, Esther evita em parte a convivência com a mãe ou mesmo pensar em Buddy Willard, seu atlético e bem sucedido namorado. Um mês numa cidade grande é suficiente para causar um certo abalo na cabeça da estudante. Comida abundante, bebidas nunca antes experimentadas, uma sensualidade transbordante nas ruas da cidade, companhias ousadas como a de sua colega Doreen e uma chefe ambiciosa e exigente, jogam Esther em um tipo de angústia profunda que ela mesma só começa a ter noção da gravidade na volta para a casa, quando é tarde demais.

Em nenhum dos ambientes tão admirados da cidade grande a moça paira com maestria, quando decide deles participar- e ela tenta. Há uma certa esquiva que a mantém na defensiva à proximidade das pessoas e das experiências vibrantes que a cidade lhe oferece, apesar de suas ambições. Some-se a isso, o retorno à sua cidade e a notícia de que uma nova bolsa que acreditava seguir-se a esta que acabara de vivenciar, não viera. O peso de um mundo que ela tinha aversão tornara-se em sua mente, mais forte do que conseguia suportar. Tem-se início uma série de crises que vão caracterizar sua depressão, ou a redoma de vidro, como a descreve, incluindo aí algumas tentativas de suicídio. O restante da obra descreve todo o traumático processo de adoecimento e a cura de Esther.

O livro, parcialmente biográfico, é um dos melhores exemplares da literatura pré revolução sexual, onde as expectativas da vida das mulheres, eram simplesmente ignoradas para serem enquadradas em um modelo insuficiente da mulher mãe, da mulher esposa, provavelmente ocasionando uma série de fragilidades psíquicas naquelas sujeitas que resistiam a esse enquadramento. Foi impossível não lembrar do conto "O Papel de Parede Amarelo" (1891), de Charlotte Gilman Perkins, aqui já recomendado, onde também temos a descrição de um processo de "enlouquecimento" vinculado a uma alienação das mulheres em relação às suas próprias vidas e à imposição de modelos que empobrecem a experiência da mulher no mundo.

Talvez seja mais interessante ler o livro acompanhado de outras amigas, para que as ideias possam ser trocadas. A leitura compartilhada torna as páginas do tema delicado bem menos sofridas.




quinta-feira, 8 de junho de 2017

Escalando as paredes

Olá,

Vim compartilhar aqui no meu passarim azul uma tradução que fiz para um blog que ando colaborando. O texto fala de uma das obras mais conhecidas da Gilman: O papel de parede amarelo, texto baseado na vida da própria autora, fundamental para ilustrar situações vividas por pessoas que sofrem com depressão, depressão pós-parto ou são submetidas a algum tipo de silenciamento, por conta do seu gênero, racialização, etnia ou classe. Boa leitura!

https://32dentes.tumblr.com/post/160992251977/escalando-as-paredes

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domingo, 14 de maio de 2017

Um dia das mães reflexivo

Para o dia das mães, tenho 4 dicas a compartilhar: um poema da nobel Wyslawa Szymborska sobre a força da maternidade para além dos jogos de poder do mundo, o livro da poeta Adrienne Rich com reflexões de uma mãe que não se encontrou na maternidade, um conto marcante da Charlotte Perkins e a série que atualmente acompanho, "O conto da aia", baseado no livro homônimo da Margaret Atwood. Porque a maternidade pode ser um fardo grande demais para uma pessoa só ter que carregar, por reconhecer o esforço descomunal da minha mãe em criar a mim e aos meus irmãos e por sonhar que um dia a comunidade humana vai entender que essa é uma questão de todos, não só das mulheres que têm filhos.

1. Wyslawa Szymborska:



Vietnã
Mulher, como você se chama? – Não sei.
Quando você nasceu, de onde você vem? – Nao sei.
Para que cavou uma toca na terra? – Não sei.
Desde quanto está aqui escondida? – Não sei.
Por que mordeu o meu dedo anular? – Não sei.
Não sabe que não vamos te fazer nenhum mal? – Não sei.
De que lado você está? – Não sei.
É a guerra, você tem que escolher. – Não sei.
Esses são teus filhos? – São.
2. Adrienne Rich

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3. Charlotte Perkins Gilman:

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4. O conto da aia (série): 
Clica aqui. 



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