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terça-feira, 22 de abril de 2025

8 fantasias excelentes!

Essa postagem é para quem quer entrar de cabeça no mundo dos livros de fantasia, mas não quer recorrer ao lugar comum, aqueles mais mais famosos, sejam polêmicos ou não, não vão aparecer aqui. 🫦

E aí vai! 

1. Trilogia da Terra Partida- NK. Jeminsin: 

Nível: difícil 

Um mundo em ruínas, mas com regras! Pessoas tentando sobreviver, questões ambientais, o racismo e colorismo sendo apresentados como se tivessem chegado a um tipo de extremo manifestado nessas regras e em poderes de alguns poucos escolhidos (ou amaldiçoados?). Não está entendendo nada?? Não se preocupe, o mais importante é seguir junto o caminho das duas protagonistas, uma mãe e sua filha, que estão vivendo em plena quinta estação, que não tem nada a ver com as quatro estações dos tempos comuns. 

Ah! E tem um vilão muito interessante, um dos meus personagens favoritos da história.


2. Duologia Dreamblood- NK Jeminsin: 

Nível: médio 

Sim, nesta casa amamos e respeitamos NK Jeminsin (apesar de eu não ter gostado de Nós Somos a Cidade, desculpe, rainha!). 

Simplesmente MA-RA-VI-LHO-SO! Se você gosta de "místicas", de histórias que se passam em desertos ou que se inspiram em narrativas do Egito antigo (apesar de não ter esse nome) ou nos povo nômades, essa é para você! 

Cidades e povos com relações em níveis diferentes com seus deuses, que também são os acidentes geográficos da região, o mundo dos sonhos e os condutores das regras morais e sociais, vamos acompanhar sacerdotes responsáveis pela vida, pela morte e pelos sonhos das pessoas comuns e da nobreza e também crianças órfãs de todo tipo, que crescem e se vingam ou só querem ficar em paz. Ah e fala de amor, também. ♥️

3. Carry on/ Sempre em frente

Nível: fácil 

Uma trilogia que começa em uma escola de magia, mas não se concentra exatamente nela. O mundo não é o foco da construção da autora, mas sim um trio de jovens diverso, que passam a conviver cada vez mais por conta de problemas que enfrentam. Parece familiar? Porque é! Mas não se preocupe, a história da Rainbow Rowell é bem mais leve, com toques LGBT, que eu particularmente achei adorável. Você lê muito rápido. 

4. A Casa do Mar Cerúleo

Nível: fácil 

Simplesmente a coisinha mais fofa! Começando pela capa! Um dia, o melhor burocrata da empresa, Linus Baker, é enviado para investigar um lar que abriga crianças diferentes, consideradas as mais perigosas de todos os orfanatos. Lá, inclusive, ele encontrará o próprio filho do capeta em pessoa, o pequeno Lúcifer.

A história fala de superação das diferenças e sobre família encontrada. Recomendo fortemente ele e a sua sequência, que saiu faz pouco tempo em inglês: Somewhere beyond The Sea. 

5. Mistborn

Nível: médio/difícil 

Até parece que eu gosto de distopia! Mas a verdade é que é empolgante demais acompanhar esse grupo de pessoas tentando derrubar um tirano, enquanto voam pela cidade com seus poderes vindos do metal. Opa! Só alguns conseguirem voar, são os tais Mistborn, nascido das brumas, um conceito que vai se aplicando a medida que você vai se aprofundando nesse mundo. Até agora minha trilogia favorita é a da primeira era, mas se você gostar tanto do universo que o Sanderson vai criando lá, pode continuar pela segunda era e mais livros da famosa Cosmere

6. Mar Sem Estrelas

Nível: médio 

Para quem gosta de fantasia bem viajada, sem necessariamente um fim, se estendendo por vários fios além dos nossos personagens principais: este é o livro. O jovem Esdra um dia recebe um convite para um baile de máscara onde as pessoas vão fantasiadas de personagens de livros. Curioso sobre a festa e querendo saber mais a respeito de um livro misterioso que contém parte de sua própria história, ele se envereda por corredores, florestas, mares e colmeias, para juntar os pedaços de si e dessa história. 

É muito lindo! 

7. Enraizados (volume único!):

Nível: fácil/médio 

Eu sou fascinada por livros que falam sobre florestas sombrias e nesse temos uma com uma boa história ao redor dela. A personagem principal não é insuportável, o que já é um ponto positivo para esse tipo de livro jovem e mundo, apesar de ir se revelando à medida a mocinha amadurece com seus poderes, vai prendendo a leitora. O romance não atrapalha o desenvolvimento da história e não é o foco. O par dela (o dragão) é carismático, adoro ele. 

Mas como eu falei antes: foco na floresta, que você vai se dar bem. 😉

8. Os Noivos do Inverno

Nível: médio/difícil 

Esse é o título é o nome do primeiro livro dessa quadrilogia excelente para quem gosta de construção de mundo (um mundo partido e flutuante!) e um desenvolvimento bem lento da relação entre os personagens. Apesar do título, não se trata realmente de um romance romântico e mais de uma aventura de Ofélia e Torn, tentando desvendar os mistérios que aparecem diante deles, que parecem tentar eliminá-los a qualquer custo. No meio disso vão tentando se entender, com suas personalidades e poderes bastante complicados. 

O que eu posso dizer? Eu adorei cada página dessa quadrilogia e dei um jeito de eu mesma traduzir a versão em francês do último volume, assim que saiu. Para nossa sorte, eles todos já foram traduzidos para o português. Mas já aviso: chorei horrores no final. 🤧


🚨 Eu decidi parar por aqui. Vou apenas ressaltar que sim deixei de mencionar mais alguns Sandersons e TODOS os livros de fantasia chinesa que adoro. Principalmente porque boa parte deles ainda está sendo traduzido para o português, enquanto outros nem sequer previsão tem... 🥲 Mas já digo que farei uma postagem para incluí-los mais adiante. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Os favoritos de 2024!


Essa postagem é dedicada a Nayara do futuro, que pode querer lembrar que fez essas leituras. Fica também de sugestão, caso você se interesse. 😊

As leituras que mais me marcaram ao longo do ano de 2024! Para uma lista quase completa, é só acessar meu skoob nos lidos do ano passado.

Vamos lá!

💠Memórias de Adriano- Marguerite Yourcenar (março):

Aqui o trabalho excepcional de pesquisa e ambientação histórica e emocional da autora me conquistou quase que imediatamente. Antes, a história de Antinoo brevemente contada por um turista me chamou a atenção do fato de uma pessoa comum, talvez até um servo ou escravo, ter sido elevado à categoria de divindade pelo homem mais poderosos da sua época, tendo seu culto sobrevivido a este imperador. Apesar de ser a peça principal do livro, várias outras características da obra me cativaram. Comentei um pouco a respeito em uma das newsletter de 2024. 

Capa do livro Memórias de Adriano, com uma estátua do imperador

                                            


💠O Som do Rugido da Onça- Micheliny Verunschk (maio/junho):

Esse outro livro que, em poucas páginas, tenta imaginar a jornada e o destino de duas crianças indígenas separadas de seu povo séculos atrás e enviadas como "presente" à nobreza europeia. O fato terrível é apresentado do ponto de vista de uma das crianças e de sua própria cultura. Apesar de tudo, o final coincidiu com meu sentimento ao longo do livro.


A Micheliny ganhou o Jabuti por esse querido aí e ainda o prêmio Oceanos em 2024, pelo Caminhando com os Mortos.

💠Eu que nunca conheci os homens- Jacqueline Harpman (julho):

Eu que não gosto de distopias terminei lendo esta e gostando. É uma ficção científica que propõe alguns exercícios de imaginação sobre um tipo específico de fim do mundo, conduzido pela ótica de um pequeno grupo de mulheres.

Capa do livro: Eu que nunca conheci os homens


💠Admirável Novo Mundo- Bernardo Esteves (agosto/setembro):

Esse eu li simultaneamente ao "Um naturalista no antropoceno" e foi uma decisão feliz. No livro de Bernardo Esteves, conheci mais a respeito da América desde as várias chegadas dos seres humanos, bem antes que qualquer europeu. Os antepassados dos povos indígenas atuais, deixaram marcas e muitas pistas dos desafios que precisaram enfrentar para se adaptarem a esse continente que ficou isolado para humanos por tanto tempo, sendo que já era habitados por inúmeros seres vivos, inclusive a macrofauna famosa dos períodos glaciais. Uma das coisas mais belas que aprendi com essa leitura (e foram muitas), foi que o pequi e nossas palmeiras provavelmente eram semeadas por mamutes, em um processo que você encontra sendo mencionado nos dois livros. 

Capa do livro, editora Companhia das Letras



💠O profeta- Khalil Gibran (fevereiro):

Fiquei feliz de encontrar esse livro do Khalil Gilbran, meio por acaso e bem no início do ano. É o tipo de mensagem poético-profética que cabe bem o espírito dos inícios. Mas também caberia em momentos onde a gente pensa que nada está dando certo. Tenho para mim que é possível visualizar sua abordagem cristã vinda de uma matriz diferente das que estamos acostumadas aqui no Brasil. São tão bonitos paradoxos desafiados, pessoas que não são muito ligadas em religiões organizadas ou mesmo em qualquer uma.

capa de O Profeta, editora mantra


💠Wind And Truth- Brandon Sanderson (novembro/dezembro):

Esse aqui foi meu queridinho altamente esperado. Eu tirei dois anos para me atualizar de todos os livros da Cosmere (ou quase todos, eu nem tenho essa pretensão) para conseguir acompanhar o lançamento do último livro da primeira parte da série de fantasia que mais me entreteve com bastante dignidade. 

O livro é imenso, como 4 anteriores, mas valeu à pena mais uma vez a leitura: construção e expansão de mundo continua sendo a maior marcado autor, as personagens andaram nas jornadas que cabiam  cada uma (fiquemos satisfeitas ou não com isso), momentos engraçados, críticas coloniais disfarçadas, à escravidão e aos abusos de poder, crítica à destruição da natureza, crítica à falta de respeito com povos originários e à relação dos povos com o divino/natureza, crítica aos reis, rainhas e seres divinos quando não assume suas responsabilidades, defesa do amor, da amizade, do sacrifício pelo que é o certo, a preocupação com os traumas sofridos por quem vive de guerra ou em ambiente familiar tóxico, ou a dificuldade de se encaixar em qualquer cultura quando se é um imigrante etc. São muitos temas nessas mais de 1200 páginas (não sei como vai ficar em português).

E se você é fã de O Senhor dos Anéis: vale à pena. Nem que seja aos pouquinhos.

Capa de Wind and Truth, com Dalinar em destaque



💠A série Tudo Pelo Jogo- Nora Sakavic (julho):

Essas duas últimas leituras representam o meu momento: nunca prometi que sempre indicaria literatura certinha e adequada (já passei dessa fase, aliás, lá nos primeiros livros você encontrou uma parte daquela fase que ainda se manifesta...). 😂

Antes de mais nada, vamos aos avisos de gatilho: apesar de ser uma obra +18, e que é avisado lá, é importante saber que em cada um dos 4 livros da série lançados até agora, existem pelo menos 1 ou 2 cenas bastante fortes em termo de violência física, sexual e psicológica, além do uso de drogas lícitas e ilícitas. Afinal de contas, todos os personagens da história vieram de famílias problemáticas e uma boa parte foi abandonado às instituições que deveriam ter cuidado deles, o que não aconteceu. A histórica começa quando eles são recebidos por um técnico de um time, que usa o esporte como forma de recuperação social desses jovens adultos e o foco é o desenvolvimento da relação entre todos, enquanto buscam jogar no pior time de Exy.

É basicamente viciante.

Box com os três primeiros livros

💠Destaque dos quadrinhos: Semantic Error - J. Soori (maio):

Esse aqui eu peguei para ler pela fama: tem anime e uma novelinha curtinha. É romântico, mas não muito (eu ainda tenho um coração) mostra a amizade entre duas pessoas de personalidade completamente opostas: um desses clichês, mas que me divertiu principalmente porque um deles é completamente sem capacidade de trato com as pessoas.

Esse aqui é o livro. O manhwa está em inglês ou em português nas plataformas que você encontra por aí.


Então é isso! Eu poderia fazer mais algumas menções honrosas, mas se você chegou até aqui, bem que você poderia ir lá na página do skoob e conferir os 88 livros que consegui registrar no site. Faltaram alguns, mas poucos, está praticamente tudo lá. Aproveita e me adiciona!

Como meta para 2025 eu só queria ler mais fantasia chinesa. Mas isso vai depender das minhas autoras favoritas liberarem os próximos filhos.👀

Ah! E mais um ano com predominância de mulheres no saldo total. ^^


Feliz 2025, pessoas bonitas! 💗


Ps. Se quiser ajudar o blog ou minha newsletter é só usar os links que aparecem na postagem para adquirir qualquer coisa na amazon, não acrescenta em nada no valor da compra, mas pode vir a me ajudar. 


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

A Marvellous Light - Freya Maske

 




Uma luz maravilhosa


Fiz questão de escrever esse pequeno comentário, porque fui surpreendida positivamente pelo livro "A Marvellous Light", de Freya Maske


Apesar de usar um pano de fundo parecido com Harry Potter (da finada Jennifer Katarina), em parte da construção da magia e no modo com as famílias mágicas se apresentam, a autora supera essa inspiração nos melhores momentos. É tudo o que eu queria de Peças Infernais da Cassandra Clare na ambientação e nas relações dos personagens principais. Robin e Edwin são muito queridos e até os defeitos desse último compõem muito bem a complexidade da personalidade de alguém que foi tratado (e maltratado) como alguém fraco, mesmo sendo um dedicado autodidata. Já Robin, um homem sem magia, que estava perdido na vida, quando arranja esse emprego muito estranho, por conta do qual descobre que a magia existe, reage de um modo que foge um pouquinho ao clichê.


A propriedade, o terreno que aparece como parte central da história e sua relação com os proprietários é para mim o ponto alto da construção de mundo de magia da autora.


O vilão é odioso, mas não tem tanto espaço, o que eu gosto. Ele nem mesmo é o grande vilão, que ainda vai aparecer em outro livro, ao que parece. Foi aí que eu descobri que se trata de uma trilogia.


Robin e Edwin juntos formam uma boa dupla de investigação, a relação entre eles vai se aprofundando a partir disso- é muito orgânico e bonito. E, sim, tem partes apimentadas. Confesso que eu cortaria a metade do hot para incluir mais conversa entre eles, preciso que a autora entenda que esse é o ponto forte dos dois.

No mais posso dizer que recomendo a leitura para quem gosta de fantasia urbana, uma fantasia numa Inglaterra do iniciozinho do século XX. E de acordo com a nova gíria literária dos jovens, é uma romantasia

O maior problema do livro, é que ainda não foi traduzido para o português. Espero que entre no radar das editoras que publicam o gênero aqui no Brasil.





quinta-feira, 23 de junho de 2022

Livros Leves: lista amiga I

Dicas Livros Leves 🌿

 

Hoje começo a mostrar a primeira parte da lista de livros leves que uma das pessoas que eu conheço que mais entende de livros, traduções e Simone de Beauvoir, minha amiga Heci Candiani. Curiosamente nessa lista, não há nenhum livro da Simone, haha! Mas vamos lá. que as dicas são preciosas!💎


um cocker spaniel cor de mel fofo na capa


🐶Flush: Uma biografia, Virginia Woolf 

O livro famoso trata do cãozinho Flush, publicado em 1993. Virginia Woolf deu-lhe vida, dotando o Cocker Spaniel de complexidade acessível aos humanos, ganhando vida, enquanto tenta entender a si mesmo e o mundo. (ver o link da LP&M no título)

Eu dei uma olhada nas resenhas e sites que editoram e vendem o livro e descobri que existem versões para todos os bolsos, de 0,00 reais a muitos reais. . E, além das imagens fofas de cachorro, encontrei esse comentário sobre o livro, que me deixou mais interessada.

"O livro continuou relegado ao porão das curiosidades literárias pelas décadas seguintes até ser redimido, no final dos anos 1990, pelo florescente campo acadêmico dos “Estudos animais”. Mas não sem algum reparo: embora alguns lhe atribuam o mérito de certo pioneirismo ao assumir uma visão menos antropocêntrica do mundo, outros criticam-no por perpetuar a tendência antropomorfizante que caracterizaria a literatura em geral. De qualquer maneira, a renovada importância dada ao livro no contexto da chamada “virada animal” significou uma espécie de vingança da divertida paródia biográfica de Virginia." (resenha tag:livros)

🌹A Princesa de Clèves, Madame de La Fayette

Capa da Edição da Edusp- parece ilustração dos 1500


Graças a essa lista da amiga Heci, pude saber da existência dessa obra, que é um marco para o romance como gênero literário. Escrita em 1678, pela Madame de Lafayette (1634- 1693), o livro, até onde eu entendi, inova no enredo, que, apesar de falar de amor, foca no mundo interior das personagens, em vez de mergulhar no estilo das novelas de cavalaria, com desafios externos em cascatas a serem superados. Encontrei preços entre 17 e 50 reais, o livro tem cerca de 164 páginas, em pelo menos duas editoras aqui no Brasil: a da Folha de São Paulo, uma edição em ebook na Amazon, outro livro físico pela Record, e uma da EDUSP, que vocês encontram aí nas próprias editoras ou nos grandes sites. 


O auto da maga Josefa, Paola Saviero

Até aqui esse foi o que mais me atraiu. O que li dele, já me fez rir e me deixou curiosa para saber o que Toninho, caçador de demônios e sua mula "Véia" vão fazer nas suas empreitadas contra mal, junto com a companheira de caçadas, a maga Josefa, a própria filha do sete-peles. Paola Saviero lançou a curiosa obra no ano passado (2021), pela editora Gutemberg, com uma capa lindíssima e pela editora Dame Blanche, que tem uma capa bonita, mas eu gosto de coisas bem coloridas. Tem essa resenha aqui, no blog Ficções Humanas e, aqui, no blog Dei Um Jeito. A obra tem 250 páginas e cerca de 33 reais. 😎

Capa da Editora Gutemberg: adoro!


💟Uma ideia toda Azul, Marina Colasanti

Uma ideia toda Azul vem conversar com crianças e jovens, mas não só! Se tratando de fábulas e contos de fada, eu mesma me incluo nesse público. Personagens aparentemente solitários, sejam gente, sejam bicho, parece que querem compartilhar um segredo mágico com quem lê. É um livro que ganhou o prêmio da crítica em 1979, ilustrado pela própria escritora (eu acabei de lembrar que tenho um livro dela ali na estante cheio de poemas). Encontrei o livro para vender em ebook, livro físico, só em sebo. Acho que vale muito ter em casa. O conto do rei, que é o primeiro capítulo, tem de graça na Amazon e é cheio de imagens, sensações, poesia. 👑

Essa é a capa de 1979, feita pela autora.



E por enquanto aqui termina a primeira parte da lista que ganhei das amizades. Na próxima postagens, as últimas 5 obras indicadas pela tradutora, pesquisadora & minha amiga pessoal Heci Candiani. 💙

sábado, 30 de janeiro de 2021

N. K. Jemisin: sobre agradecer e continuar

 

N. K. Jemisin de blusa amarela, em uma rua (Crédito da imagem: John D. & Catherine T. MacArthur Foundation)

Terminei hoje a trilogia Terra Partida da grandiosíssima, brilhante e importante N.K. Jemisen. Trata-se de ficção científica de alto nível e ao mesmo tempo é um tratado de tantos temas importantes e delicados para o hoje e para o amanhã. Mas aqui agora eu trago os Agradecimentos do terceiro e último livro "O céu de pedra" e o discurso que a autora fez quando finalmente foi receber o prêmio Hugo (ela ganhou 3, um para cada volume da trilogia, mas só apareceu no terceiro- o que eu compreendo). O Hugo é a principal premiação mundial nos gêneros Fantasia e Ficção Científica e vergonhosamente ela foi a primeira pessoa negra a ganhá-lo (com recordes). Eu chorei litros com o final da história e para completar, chorei mais com esses dois textos curtos que trouxe. Eis as palavras dela:

 

Agradecimentos

 

Ufa. Isso levou um tempo, não levou? O céu de pedra marca mais do que apenas o fim de mais uma trilogia para mim. Por vários motivos, o período durante o qual escrevi este livro acabou sendo o momento de mudanças tremendas na minha vida. Entre outras coisas, saí do meu emprego formal e me tornei escritora em tempo integral em julho de 2016. Bem, eu gostava do meu emprego formal, no qual eu podia ajudar as pessoas a fazerem escolhas saudáveis – ou, pelo menos, sobreviver por tempo suficiente para fazer isso – em um dos pontos de transição mais cruciais da vida adulta. Ainda ajudo as pessoas, eu acho, como escritora, ou pelo menos essa é a impressão que tenho daqueles de vocês que me mandaram cartas ou mensagens online me contando o quanto a minha produção literária os tocou. Mas, no meu emprego diurno, o trabalho era mais direto, assim como suas agonias e recompensas. Sinto muita falta dele. Ah, não me entendam mal: essa era uma transição de vida boa e necessária a fazer. Minha carreira como escritora explodiu da melhor forma e, afinal, eu amo ser escritora também. Mas é da minha natureza refletir em tempos de mudança e reconhecer tanto o que foi perdido como o que foi ganho. Essa mudança foi facilitada por uma campanha de Patreon (financiamento coletivo para artistas) que eu comecei em 2016. E, tocando em uma notícia triste... esse financiamento via Patreon também foi o que me permitiu me concentrar totalmente em minha mãe durante os últimos dias de sua vida, no final de 2016 e início de 2017. Eu não falo com frequência de coisas pessoais em público, mas talvez vocês consigam ver que a trilogia A terra partida é minha tentativa de lidar com a maternidade, entre outras coisas. Os últimos anos de minha mãe foram difíceis. Acho (tantos dos alicerces dos meus romances se tornam claros em retrospecto) que, de algum modo, eu suspeitava que a morte dela estava chegando; talvez eu estivesse tentando me preparar. Ainda assim, não estava pronta quando aconteceu... mas ninguém jamais está. Então sou grata a todos: à minha família, aos meus amigos, à minha agente, aos meus patrocinadores, ao pessoal da Orbit, inclusive a meu novo editor, a meus antigos colegas de trabalho, à equipe da casa de repouso, a todos, que me ajudaram a passar por isso. E foi por isso que trabalhei tanto para que O céu de pedra saísse no prazo, apesar das viagens e das hospitalizações e do estresse e de todas as mil indignidades burocráticas da vida após a morte de um dos pais. Eu definitivamente não estava no meu melhor momento enquanto trabalhava neste livro, mas posso dizer uma coisa: onde há dor no livro, é dor de verdade; onde há raiva, é raiva de verdade; onde há amor, é amor de verdade. Vocês vêm fazendo esta viagem comigo, e sempre terão a melhor parte do que eu tenho. É o que minha mãe ia querer.

 

 

 

 

DISCURSO DE N.K: JEMISIN CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO DO HUGO WORLD DE 2018

 

Eu comecei a cultivar toda uma superstição de que só ganho prêmios quando não apareço [na cerimônia]. [...] Este tem sido um ano difícil, não é? Alguns anos difíceis, um século difícil. Para alguns de nós, as coisas sempre foram difíceis e escrevi a trilogia A terra partida para falar dessa luta e do que é preciso para viver, quem dirá prosperar, em um mundo que parece determinado a quebrar você. Um mundo de pessoas que constantemente questionam sua competência, sua relevância, sua própria existência. Eu recebo muitas perguntas sobre de onde vêm os temas da trilogia A terra partida. Acho que é bem óbvio que tirei inspiração da história humana de opressão estrutural, assim como meus sentimentos sobre este momento na história americana. O que talvez seja menos óbvio é o quanto da história deriva dos meus sentimentos sobre ficção científica e fantasia. Por outro lado, ficção científica e fantasia são microcosmos do mundo mais amplo, de modo algum excluídos da mesquinharia e do preconceito do mundo. Mas outra coisa que eu tento abordar com a trilogia A terra partida é que a vida num mundo difícil não é nunca apenas uma luta. A vida é família, de sangue e encontrada; a vida são aqueles aliados que se provam dignos por ações e não apenas discursos; a vida significa celebrar cada vitória, não importa quão pequena. Então, enquanto estou aqui diante de vocês, sobestas luzes, eu quero que vocês se lembrem que 2018 é também um bom ano. Este é um ano em que recordes foram estabelecidos, um ano em que mesmo os privilegiados mais cegos entre nós foram forçados a reconhecer que o mundo está

quebrado e precisa de conserto, e isso é uma coisa boa, porque reconhecer o problema é o primeiro passo para consertá-lo. Eu olho para a ficção científica e fantasia como o ímpeto de ambições do zeitgeist. Nós, criadores, somos os engenheiros da possibilidade. E à medida que esse gênero finalmente, embora relutantemente, reconhece que os sonhos dos marginalizados importam e que todos nós temos um futuro, o mundo também fará isso. Em breve, espero. Muito em breve. E sim, haverá contraposiçõs. Eu sei que estou aqui neste palco aceitando este prêmio por basicamente o mesmo motivo que todos os vencedores de melhor romance anteriores: porque eu trabalhei para caramba. Eu verti minha dor no papel quando não podia pagar por terapia, eu estudei uma ampla gama de obras de literatura e me aprofundei nelas para aprender o que podia e refinar minha voz; escrevi um milhão de palavras de merda e provavelmente um milhão de palavras de meh. E, além disso, eu sorri e acenei enquanto editores de revistas bem-intencionados me aconselharam a moderar minhas alegorias e minha raiva. Não fiz isso. Eu cerrei os dentes enquanto um escritor profissional estabelecido me fez uma diatribe de 10 minutos, basicamente como uma representante de todas as pessoas negras, por mencionar a falta de representatividade nas ciências. Eu continuei escrevendo embora meu primeiro romance, The Killing Moon, tenha sido inicialmente rejeitado sob a suposição de que apenas pessoas negras iriam querer ler o trabalho de uma escritora negra. Eu ergui minha voz para rebater outros convidados em mesas que tentaram falar acima de mim sobre minha própria vida. Eu lutei contra mim mesma e a vozinha dentro de mim que constantemente, e ainda, sussurra que eu devia manter a cabeça abaixada e calar a boca e deixar os escritores de verdade falarem. Mas este é o ano em que eu posso sorrir para todos os contraditares; cada um deles, medíocres, inseguros, aspirantes, que abriram a boca para sugerir que eu não pertenço a este palco, que pessoas como eu não podem merecer tal honra, e que quando eles ganham é meritocracia, mas quando nós ganhamos é por política de minorias. Eu posso sorrir para essas pessoas e erguer um dedo enorme, brilhante, em forma de foguete na direção deles[1].Então, quantos de vocês viram Pantera Negra? Provavelmente, minha parte preferida é a canção tema de Kendrick Lamar, “All the Stars”. O refrão diz: “Esta pode será noite em que meus sonhos vão me dizer que as estrelas estão mais próximas”. Que 2018 seja o ano em que as estrelas ficaram mais próximas para todos nós. As estrelas são nossas. Obrigada. N.K. JEMISIN

 

 

[1] O troféu do prêmio Hugo tem o formato de um foguete

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Um trecho de diário da filha não nascida de Darwin


Hoje acordei lembrando de quando eu vivia nas profundezas dos oceanos. minhas escamas prateadas refletiam o ondular das águas sob o sol. o dom da memória me fez agradecer ao peixe que fui.

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