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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Bons encontros acontecem quando a gente sai da toca

Semana passada fiz uma das melhores coisas desses meses de crise depressiva: participei da "Oficina de Narrativas Breves", do escritor, promovedor cultural (agitado cultural, segundo ele), criador da Balada Literária: Marcelino Freire.

Numa sala com algumas participantes pela manhã e muitas pela tarde (sim, a maioria mulheres), durante uma terça e uma quarta, Marcelino contou suas histórias com Millôr Fernandes, Manoel de Barros, Raduan Nassar, deixando esta aqui que vos escreve en-can-ta-da. Depois nos propôs uma série de exercícios criativos, individuais e em dupla, para que soltássemos a imaginação e a escrita. Num dos jogos, inclusive, terminei ganhando um livro com o selo que Marcelino promove: Edith (adouro). É uma obra de contos, chamada: "Sem vista para o mar", de Carol Rodrigues, nascida no ano de 1985, por acaso, meu ano de nascimento. Sentir nisso uma deliciosa coincidência.

Durante a oficina, o pernambucaníssimo Marcelino, mesmo tendo saído da sua terra aos 3 anos de idade para viver em São Paulo, falou bastante de sua Sertânia. Defende que o escritor e a escritora precisam falar do seu próprio lugar, não importa sobre o que fosse falar. O lugar dele é a Sertânia que grudou no corpo dele, ainda criança e nos muitos retornos ao lar.

Disso e de outras coisas que ele disse, eu estendo que a escrita precisa ter alma e não só ser um amontoado de palavras gramaticalmente bem organizadas e rimadas. E alma musicada, heim! A música, eu acho que ela vem do nosso caminhar nas ruas, do sol da nossa cidade; tá na comida, nos cheiros da comida, das pessoas, dos lugares. A alma musicada parte da gente em relação com o mundo, que é única, o poeta, o escritor, é resultado de se querer apresentar essa relação única. Mesmo que se vá falar de outros lugares nunca pisados, de fantasias aparentemente distantes do nosso cotidiano, a alma musicada está sempre engajada com as vivências. É isso que contamina a palavra. 

"Contamina" é uma palavra que eu aprecio. Marcelino começou seus dois dias de provocação lúdica, fazendo uso de uma expressão bem melhor: o poeta inaugura o olhar. Eu gostei disso: o poeta inaugura o olhar.

Uma pessoa que tem Manoel de Barros como inspiração, só pode construir esse tipo de coisa bonita, né?

Obrigada pela troca, Marcelino! Qualquer dia apareço na sua Balada Literária.  ;)


Aqui o Marcelino proseando com a turma, no SESC-PI. (A Lara no primeiro plano)

E aqui o sarau na livraria Anchieta, pelo lançamento da Revestrés número 26. Marcelino Freire era um dos homenageados. Aproveitei e comprei o livro dele "Contos Negreiros", que foi prontamente autografado- já devidamente lido e, agora, recomendado.


Ps. Depois posto alguma coisa que comecei a produzir na oficina. =]

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