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quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Os labirintos [estudo]: duas versões para o mesmo poema

Poema sobre o mito do Minotauro

o labirinto em que me encontro
não tem soluções felizes
ao acaso
e todos os dias que me restam 
pergunto: qual será o dia da minha liberdade?

se dependo de teseu e não
de ariadne,
sei que metade de mim é
herói em apuros e a outra metade,
príncipe amaldiçoado.

se dependo de ariadne e não de teseu
morreria esperando por um fio que fosse da sua roca.


sexta-feira, 25 de junho de 2021

De Pã e de Cristo

Noites Gregas- Podcast
Print do episódio: O último oráculo do podcast Noites Gregas























 professor,

é importante abandonar a faca cartesiana

longe desta mesa

esse pão se reparte com a mão

sua massa veio de uma receita

retirada de um naufrágio

restos perdidos em um mar que não existe mais,

 

no limiar do meu afogamento,

marinheiro pele escura

de melanina e de sol

chifres, pés de cabra,

e um imenso falo,

meu último sorriso no rosto

mancha de sangue aquele trecho de mar

vermelhos véus...

atravessam minha última vertigem

 

uma cruz, meu irmão

gêmeo, ou eu mesmo,

que sangra,

está em terra

quente, seca

aperta as pálpebras antes do fim

vendo mais longe

ele me garante a mim mesmo

ou mesma

que seremos um

e ele aprenderá minhas lições

e a terra de novo se tornará fértil

 

e assim, molhado e salgado, retorno à sua ceia

o trigo já em pão convertido

o meu sangue e o do meu irmão

a fertilidade do verbo e do chão.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Nota sobre estrutura e destino

O nosso desafio à estrutura é nosso eterno desafio ao destino, como em uma tragédia grega reconfigurada, onde é dever saber afrontar os deuses. 

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Mítico rancor

Quando eu te neguei
formei-te minha mestra.


Aqui cheguei desafiando as autoridades
a cada encruzilhada que me deparei.
Invejei tua destreza no que também
almejo.
Dei voltas e voltas tal qual felina contrariada
antes de atacar
ou de receber de volta o último bote.
Porque me é difícil admitir
que somos espelho,
quiçá a mesma pessoa.

Mestre minha raiva te tornou
E só o rancor cresceu
Enquanto vasculhei os pergaminhos do meu corpo- alforje
com a resposta para o enigma que
tua existência me obrigou.

Adivinho, esfinge, e te supero.
Não olho para trás e nem te agradeço,
relutantemente sei que agora somos una
e para mim isso soa como mácula
sobre a minha vitória,
algo que ainda não me dispus.

Sigo em frente com minha infâmia
Aceito meu destino com um rosnado, repetindo teus, agora meus gestos:
abro as temidas asas,
afio a lâmina do canino,
que me elabora caminhos rasgando
a carne da esperança
de quem quer que atravesse minha oblíqua e obstinada face.

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