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quinta-feira, 20 de junho de 2019

Entrevista: Mauricio Gaia

Retomando as postagens de entrevistas com amigos que trabalham com arte em geral, hoje eu trouxe um convidado especial lá de São Paulo. O produtor cultural Maurício Gaia, que não gosta de ser chamado de Gaia (rs) e que para as amizades é mais conhecido como Mau. 
Jornalista e especialista em mídias digitais, Maurício Gaia, segundo sua descrição no blog Combate Rock, diz crer que "o rock morreu na década de 60 e que hoje é um cadáver insepulto e fétido e que gosta de baião-de-dois". Por esse último apreço, desconfio que o paulista sempre será bem-vindo ao nordeste:
1.       Então, Gaia, queria começar perguntando o que a música significa para você?
Pra começar, Gaia era meu pai. Eu sou Maurício para a geral, Mau para os amigos e Gaia para a moça que imprime meus boletos - aposto que é tuiteira, porque começou a me chamar assim da noite para o dia.

Música é um lugar que nos coloca em lugares que já pudermos ser confortáveis e, ao mesmo tempo, nos levar para outros lugares.  Quando eu escuto, sei lá, o primeiro álbum do Led Zeppelin, eu lembro da primeira que ouvi, em um verão muito, muito quente. Da mesma forma, quando escuto "future Days", do Can, eu me sinto m um lugar onde nunca estive, mas me parece confortável.

Mas a verdade que eu consigo passar alguns dias sem ouvir música, a não ser a trabalho. Música transcende, mas temos que saber o que acontece no mundo :) 

2.       Aproveitando que está acontecendo agora o In-Edit Brasil 2019, conta para a gente como é organizar um evento desse porte?

Não é fácil. Mesmo sem contar com a diretriz do governo atual, que trata o setor de cultura como inimigo, nos últimos anos enfrentamos MUITA dificuldade para conseguir patrocínio - nem dá para dizer que o In-Edit seja um grande (no sentido de estrutura, tamanho, etc) festival de cinema, nao conseguimos fazer que ele seja possível sem leis de incentivo - e a cada ano, vem diminuindo o dinheiro que conseguimos captar.

O fato é que, nos últimos anos fizemos com poucos recursos financeiros e com muita ajuda de amigos parceiros. Se chegamos a 2019, foi por conta disso. Nos próximos anos, não sei como será.

3. Como é ter um programa que fala sobre música transversalmente, mas tendo o rock como ponto de partida (ou de chegada)?

O produto música, de forma geral, perdeu muito do seu valor, e nem digo que isso se deva por conta da internet e sim por outros fatores. Todo mundo amava MTV, mas mesmo lá eles não tinham audiência o suficiente para bancar toda a operação. Como diz o jornalista Ricardo Alexandre, quer perder audiência, só colocar música, ou seja, de cara já saímos perdendo. Quando colocamos rock, que é um gênero que vem perdendo, não só no Brasil, mas como no mundo, nós nos colocamos na terceira divisão do rolê.

Mas, aí falo por mim, e não pelo Marcelo Moreira, meu sócio, meu foco não é só rock, ou pelo menos no que o roqueirão tradicional considera "rock". Dentro do Combate cabe rock e suas derivações, cabe soul, cabe samba, cabe rap, cabe tudo aquilo que é música boa e que tenha um contato com o universo contemporâneo. Já colocamos tanto Dorsal Atlântica como Luiz Melodia e Beth Carvalho. E Fela Kuti. E Ozzy Osbourne cantando com Kim Bassinger. E, se bobearem, coloco Banda de Pífanos de Caruaru. Porque o universo é muito vasto e a música também é.

Viajei.

4.       Conta aqui: quais seus planos para os próximos cinco anos?

Planos? Quais planos? Qualquer plano meu depende de grana e eu nem sei como isso vai ser nos próximos três meses, quiçá cinco anos.


5.       E, finalizando essa entrevista, sugere aí 3 músicas ou bandas para as leitoras e leitores do blog e aproveita e diz quando você vem no Piauí (rs).
três links, sem me preocupar com o tempo
https://open.spotify.com/track/7Dprt8s1FohodJYtCNcM4a?si=Y9hNHqNzS-6ExSmlu4b6nA (pode ser que eu tenha chorado na plataforma de embarque de metrô ouvindo isso)
https://open.spotify.com/track/1Y6Dv0tWYUP3Za2Es9FUL2?si=v7eyh_KvQrmWvYS8Il7gtw - amo hendrix, não é minha música favorita dele, mas mostra o que mais eu gosto nele - as baladas. 

Por mim, iria para o Piaui e pelo Nordeste inteiro, que é o que salva o país, o mais rápido possível, espero que em breve possa ir ao PIAUÍ.

Ps. Como bônus, Maurício Gaia falou um pouco sobre a construção do Combate Rock:

Ele surgiu em 2010, no grupo O Estado. E existiam outras pessoas: além do Marcelo Moreira, que hojé é um dos sócios da holding, tinha o Décio Trujillo, que era editor-chefe do Jornal da Tarde, Daniel Morango, Marcos Burghi, todos eles, juntos com Moreira, vulgo Coxa, colegas de trabalho. 
Eu tinha um podcast, chamado "Noites de Insomnia" - nem o nome foi dado por mim, sim por Carla Coutinho (de quem eu perdi contato, aliás), e o Coxa me pediu ajuda para fazer, gravar podcasts. Foi assim que eu acabei entrando na equipe do Combate - eu gravava, editava e produzia os programas de rádio, que começaram como podcast e depois viraram programas no Território Eldorado. 
Com o fim do "Jornal da Tarde", o grupo Estado disso que gostaria do conteudo, mas sem pagar nada. Aí, levei o projeto ao UOL. Naquele momento, ficamos Marcelo Moreira e eu, e os demais partipantes decidiram ceder a mim e a Moreira o nome Combate Rock - muitos deles participarem de programas já na fase UOL, por absoluta conta e risco deles ) 
Bom, em 2013, levei o projeto para o UOL e, desde então, somos Marcelo Moreira e eu, com o apoio e simpatia de todos os demais que já passaram pelo Combatão das Massas.

E é isso aí! Até a próxima entrevista! <3

Mauricío Gaia, puro estilo em sua blusa de galáxias da Tampa de Crush (Natássia)


terça-feira, 11 de julho de 2017

Seis anos atrás, num outro dia de insônia...

...eu escrevi esse textinho, compartilhando minhas angústia de tentar encontrar caminhos ainda dentro do direito. A conversa com as amigas sobre Warat certamente têm a ver com essa lembrança. De certo modo, esse movimento pendular de me perder nas exigências da academia e depois de me encontrar na alegria subversiva do erótico, do cômico, parece que se tornou um processo necessário. Talvez. Caso alguém que sofra com a falta de saídas de libertação de si por meio do direito, pode encontrar uma igual aí embaixo e quem, sabe, ultrapassá-la, encontrando seu próprio caminho.

Em meio a uma insônia, a triste constatação da dificuldade de (se) carnavalizar...


Estou aqui, em plena madrugada, com uma insônia já conhecida minha. Ao meu lado repousa Rubem Alves e seu “Variações sobre o Prazer”, marcado na última página do capítulo que acabei de ler. Minha insônia tem nome e sobrenome. A causa desta insônia e de outros mal-estares dos últimos dias me tem feito refletir seriamente, sofridamente, sobre minha postura em relação... ao direito. Interessante que a situação aparentemente não teria nada a ver com o direito. Tem a ver com o desejo. Mais especificamente com desejo reprimido.
Digo: não teria nada a ver com o direito, se eu não fosse uma leitora de Warat. Uma leitora que concorda com grande parte das idéias deste poeta do direito que nos deixou recentemente. Warat falava sobre a libertação dos desejos na vida. O desejo pela vida e na vida. E como o direito também é manifestação desta vida, ele também falava da libertação dos desejos no direito.
Enquanto eu estava imersa naquele mundo cinzento do jurídico, o direito sempre me pareceu sufocante e hostil. Contudo, depois de um tempo, com os encontros e desencontros certos da vida ( com pessoas, sempre, ainda por meio de seus escritos), eu passei a vislumbrar a saída. Passei a defender este caminho, a apontá-lo, a festejá-lo. Sim, era possível o ensino jurídico e a libertação dos desejos. Era possível a prática jurídica e a libertação dos desejos. Tudo isso era possível, porque...ora, porque somos humanos! É disso que somos feito: razão, consciência, mas também vontade e desejos. E o mais surpreendente desta lógica tem sido, até agora, o fato dela não ser aparente para nós, a não ser que se passe por estes encontros e desencontros, porque a “estrutura monolítica” do direito está tão bem montada, que chegamos a quase acreditar que não há vontade ou desejos no direito.
Era nisso que vim acreditando e praticando nos últimos dois anos, ou um pouco mais, na minha vida. Esta grande (re)descoberta do direito e de suas possibilidades. A carnavalização, a erotização focadas por Warat, meios e fins para o novo e a libertação, desde cedo, foram percebidas como suficientemente poderosos. Poderosos o suficiente para não conseguirmos nem de forma aproximada prever metade de suas consequências. As transformações, as revoluções, as mutações que provoca em cada um que se permite dentro destas propostas.
Quantos de nós estamos realmente preparados para aceitar as consequências de se viver este tipo de libertação? Agora me veio à mente dois exemplos deste dilema: Raskolnikov e Neo. Em “Crime e Castigo”, a personagem principal, Raskolnikov, grande admirador das “façanhas” napoleônicas, elabora uma teoria sobre o ordinário e o extraordinário, onde os seres humanos estariam divididos nestas duas categorias. Para ele, Napoleão, ousado e não submetido a quaisquer regras legais ou morais, a não ser as da sua própria vontade e desejos, era o grande nome do grupo dos extraordinários; os que não tinham força de vontade e desejo o suficiente, que viviam submetidos às regras religiosas, sociais, legais, morais e de toda ordem, estes eram os ordinários. Tentando testar sua teoria, o jovem decide matar uma velha usurária a quem devia. Ao conseguir realizar tal intento, livrando-se das suspeitas e continuando a viver sua vida de acordo com sua própria vontade, sem se abalar pelo ato que cometera, estaria provado que ele fazia parte do grupo dos extraordinários. Porém, as coisas não saem como ele esperava. Quando o dia do assassinato chega, uma série de fatos não previstos ( a vida!) ocorrem e ele, além de tirar a vida da usurária, também “precisa” matar a irmã dela, que chega sem que tenha sido esperado. Não me alongando muito mais neste spoiler do livro ( e peço desculpas), o restante das páginas mostra todo o sofrimento, angústia e medo que Raskolnikov passa, em decorrência do ato cometido. A vida se apresentou com toda a sua força e não previsibilidade e toda a racionalidade fria e bem assentada do jovem não foram suficientes para lhe livrar de todo o desespero provocado por seu crime e as consequências dele. Raskolnikov não conhecia sua própria humanidade. Seu tipo de humanidade.
O outro exemplo que me vem à mente é Neo, personagem principal do filme Matrix. Neo, até então um hacker, esbarra na “verdade” de seu mundo: nada existe do jeito que ele conhece, tudo é fruto da criação de máquinas que escravizam os seres humanos em um mundo de fantasia. Depois de tomar conhecimento disto, a ele é oferecido uma opção: esquecer tudo e continuar sua vida no mundo de fantasia criado pelas máquinas ou, encarar o novo, a recém-descoberta de um mundo totalmente diferente e, na história, o seu mundo real e lutar para mudar este mundo. Neo escolhe a pílula do conhecimento ( lembra uma velha história sobre um certo jardim) e aceita todas as consequências desta escolha, as boas e as ruins.
Estes dois exemplos me vieram à mente, porque talvez hoje eu me sinta um pouco como Raskolnikov e Neo no momento de suas escolhas. Com as devidas ressalvas quanto ao tipo de escolha de cada um, me sinto exatamente como eles: diante de um caminho que parecia retilíneo e de repente, se bifurca. Qual deles seguir? Eu encontrei o caminho da libertação dos desejos, da carnavalização, da erotização dentro do direito e, portanto, dentro da vida, mas esta mesma vida, hoje, bate à minha porta, tão maravilhosa e assustadora, tão bela e terrível, como só ela pode ser e me vi escolhendo o caminho sóbrio da pura racionalidade, negando o que venho apregoando a plenos pulmões, que pode ser resumido nisto que acabei de repetir: a libertação dos desejos, a carnavalização e a erotização.
Não sei se Raskolnikov e Neo, antes de fazerem suas escolhas, tinham dimensão das consequências que teriam que lidar. Da alegria que viveriam e das tristezas que padeceriam. Mas eles seguiram adiante quando se confrontaram com a face bela e terrível da vida e viveram suas consequências, as boas e as ruins. Não deram um passo atrás.
O que quero dizer com isto é que quando a vida bate à porta, ela não pede licença e nem quer saber se estamos preparados ou não ( e agora isto está parecendo com um livro de auto-ajuda). Ela simplesmente vem. E escolher defender idéias semelhantes ao que Warat propunha é ter que vivenciá-las e esta vivência vai mexer com o mundo de quem optou por elas e de quem convive com estas pessoas. As estruturas são abaladas. Todas elas, as internas, daquele que escolhe e as que têm manifestação no mundo. Estamos preparados para esta força? Eu pensei que estava. E realmente me surpreendi, tristemente, com a minha própria escolha e em perceber o quanto ainda preciso me libertar das minhas próprias amarras que me impedem de viver este tipo de crítica tão contundente.
Eu errei quando eu disse que a vida bate à porta. Ela não faz isso. Ou ela a arromba ou ela salta a janela sem que estejamos esperando. E viver a libertação, a carnavalização e a erotização dentro do direito e na vida ( que insisto, também tem no direito sua manifestação) é ter a coragem de suportar todas as consequências desta escolha. Não se voltando para o refúgio seguro da pura razão, da sobriedade, do mais do mesmo, do lugar-comum. Isto não pode servir a quem deseja viver esta crítica.
E estes escritos são um desabafo de uma pessoa com insônia, não têm um objetivo maior. Mas obrigada pela gentil atenção

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Escalando as paredes

Olá,

Vim compartilhar aqui no meu passarim azul uma tradução que fiz para um blog que ando colaborando. O texto fala de uma das obras mais conhecidas da Gilman: O papel de parede amarelo, texto baseado na vida da própria autora, fundamental para ilustrar situações vividas por pessoas que sofrem com depressão, depressão pós-parto ou são submetidas a algum tipo de silenciamento, por conta do seu gênero, racialização, etnia ou classe. Boa leitura!

https://32dentes.tumblr.com/post/160992251977/escalando-as-paredes

Clique aqui
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sábado, 18 de março de 2017

Dicas de blogs: poesias I

Outro dia fiz uma postagem lembrando alguns sites que gostava de frequentar e compartilhei por aqui. Hoje retomo a ideia, agora com temáticas mais específicas.

Nessa postagem, eu apresento dois blogs de duas poetas da minha terra, Piauí, que são tão sensíveis quanto competentes em compor imagens e sensações: Laís Romero e Lara Cardoso. São duas mulheres jovens, amantes da boa literatura, que é sempre bem mais do que as antologias e as listas oficiais são capazes de dar conta.

O blog da Lara é o "Caixa de Abelhas", que inclusive eu já mencionei em uma outra postagem. Ela também contribui com seus textos e análises na Revista Pólen , além de colaborar com o "Coletivo Leituras".

Aqui está o blog onde a moça esconde alguns dos seus versos, que já começaram a ganhar as páginas de papel no mundo: http://caixadeabelhas.blogspot.com.br/2014/02/suspiro.html .

O outro site de uma poeta amiga que eu tenho grande prazer em ler os versos, é a Laís Romero. Laís é mestra em Letras e grande entusiasta da produção cultural por onde passa, criando, ou participando de coletivos, como foi com a Academia Onírica, o Coletivo Leituras e ainda criando grupos de leituras com suas estudantes no Instituto Federal onde atualmente leciona.

O blog da Laís é o "Alecrim e o Sufoco Atmosférico", que vocês podem conferir aqui:
http://humanahumana.blogspot.com.br/2017/03/fragmentada.html .

Aproveitem aí, que as dicas que eu passo são preciosas.

Até a próxima!

sexta-feira, 25 de março de 2016

Blogs dos meus vinte e poucos anos

 
Lá pelos idos dos meus 20 e poucos anos eu passei um tempo me refugiando em alguns blogs e fóruns. Alguns bem revolucionários, como o blog da Assessoria Jurídica Popular, outros mais aleatórios que revelam meu gosto por anime como o Armazém Clamp, ou de coisinhas de "menina" que a criança e a adolescente de mim jamais admitiria gostar, como o lindinho blog Jane Austen em Português, e o blog/site com mostruário de artesanato em geral da Elo7. E o mais grave, blogs de moda bem elaborados, como o da Rita Prado. 

Na verdade eu recomendo todos. Por isso a postagem. Inclusive já dá para achar boa parte dessas indicações no facebook, instagram e tals.
Na próxima trago mais algumas das minhas páginas queridas, mais do presente ou do passado recente.

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