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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

palestina 2023

eu vi uma imagem de uma estrada. e é claro que eu não vi a estrada, porque eu não estava lá. eu não poderia fazer nada, nem mesmo se estivesse lá, porque não haveria ninguém mais para que eu dissesse que "ela era tão bonita quanto a lua."

só haviam os restos mortais de almas imortais que julgariam agora silenciosamente seus algozes e aqueles que nada fizeram, para que suas dores diminuíssem. gosto de pensar que lançariam maldições assim, mas eles provavelmente são melhores do que eu, tendo vivido sua terra em muito mais do que eu só vi agora de forma fragmentada, entendendo por análises, depoimentos e teorias.

em algum lugar existem pessoas que podem fazer alguma coisa. a maioria não vai fazer nada mesmo assim, é verdade, mas existem muitas outras que fazem e farão.


bandeira da palestina 


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

sinal da cruz

Sua frase cínica afiada jogada assim sem ter cuidado com quem passava, cortou meu sentimento bom do dia. Foi preciso vir aqui deixar registrado para, quem sabe, salvar o dia de alguém. Sem cortes superficiais, desses que saem pouco sangue e ardem muito. Eu estava disposta à felicidade, mas tive que refazer teus planos: eu permaneci disposta. Ainda que não exista felicidade sozinha que dure, aprendi a cantar alto como o passarinho no fio do poste, em frente ao enquadro da janela do quarto. (1) Aviso dos predadores a quem estiver atento e que (2) às vezes até faz-se de convite para mais pétalas esvoaçantes, a celebrar a flor azul, no bico da silhueta da revoada

 no arrebol.



terça-feira, 1 de outubro de 2019

Marielle e o Canto das Três Raças

Acordei com o “Canto das Três Raças” na voz de Clara Nunes na minha cabeça.

Essa música, que por si só parece ecoar algo ancestral naquela que ouve, em mim ganhou o significado particular de lembrar o dia da morte de Marielle- um dia triste, no qual perdemos duas entidades poderosas (Stephen Hawking também havia partido). Conhecia a Marielle por acompanhar a divulgação de seu trabalho e de outras políticas voltadas para as periferias e as negritudes que ganhavam voz Brasil afora. 

Quando tudo aconteceu, eu estava na ilha de Florianópolis e, agora com mais de dois anos depois do ocorrido, venho aqui revisitar um pouco o modo como senti aquela perda. Vaja o paradoxo dos afetos: perdi alguém que parecia próxima e, assim, era preciso algo, um rito, para expressar aquela dor que, ao mesmo tempo, parecia tão alienígena, tomando conta de mim, do luto pela morte de alguém distante. 

Mas como se elabora um ritual para uma perda dessa importância? Que funde a distância física e a  proximidade de sonhos? Foi então que nos dirigimos para o lugar que acolheu nossas esperanças frustradas e nossas dores da política recente, desde o impeachment: o centro antigo da cidade. As pessoas foram se reunindo ao lado do mercado, com fotos dela e com velas. Uma manifestação artística acabara de acabar. Os tambores chegaram, o sol se punha: era hora. Seguimos em cortejo e alguém, no meio da multidão, puxou o "Canto das três raças", os tambores seguiram, a multidão acompanhou a letra. Sim, nós éramos muitas. 

Surpreendentemente (aquele meu eu ingênuo pensando...), a morte de uma mulher distante, negra, vinda da favela, abalara o coração da antiga ilha de Nossa Senhora do Desterro (e, antes, Meiembipe). E foi uma surpresa tão triste e tão linda... Uma irmandade fugaz que condensou em si todas as manifestações que participei no ano anterior (e antes), nas quais, nós brasileiras lutamos por nossos direitos, inclusive o de uma democracia aprofundada, uma democracia além. O "Canto das três raças" acontecia. Numa terra que trata seus indígenas como mendigos e seus mendigos como menos-gente. Aquelas vozes era uma só voz. Aquelas lágrimas, os abraços ao pé da escadaria e as lágrimas, era o que deveria restar depois de tantos reveses, povos que se sensibilizam e se unem pelas causas mais justas. Como Marielle.

Do lamento que é o "Canto das três raças", da terra queimada do fogo e da bala, a morte é transmutada: de Marielle já tínhamos seu exemplo de vida e seus projetos; ela deixou muita coisa apontada. Tirei fotos daquele dia de lamento coletivo. Não lembro se antes havia dito tanta coisa sobre aquele dia. As fotos  foram parar numa exposição acadêmica no final do mesmo ano, mas na cidade de Teresina. 

Marielle não está sendo esquecida. Está sendo multiplicada.


Pequeno altar com fotos impressa de Marielle sempre sorridente (parede verde escuro, velas e flores brancas)

No mesmo altar improvisado, uma mulher acende sua vela.



O traçado de um corpo humano no chão, rodeado de velas, indicando um assassinato. Mulheres ao redor acendem suas velas. Flores ao centro do desenho.

domingo, 4 de agosto de 2019

Baile de máscaras

Meu bem, você me beijou três vezes naquele baile de máscaras 
beijou a criança que me acompanhava, também, 
saiu dançando como palhaço colorido-
tendendo para o azul brilhante-
abandonando o clown do nosso passado.

Minha irmã não entendeu 
mas achou graça 
e seguiu com a vida 
como se segue depois de uma boa festa.

Estávamos felizes e a esperança nos guiava o ritmo!
Estávamos felizes e a esperança nos guiava o ritmo!





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