Semana passada eu tive o privilégio
de, andando por São Paulo, poder visitar algumas exposições. Histórias
Afro-Atlânticas e Mulheres Radicais: Arte Latino-Americana (1960-1985), a
primeira no MASP e no Museu Tomie Ohtake e a segunda na Pinacoteca. Das muitas
comoções, surpresas, risos e abalos que sofri me detendo nas obras expostas,
uma feliz e forte coincidência: em meio a uma variedade incrível de obras e
artistas, em dois projetos independentes, o poema-dança de Victória Santa Cruz, de 1978,
apareceu com destaque em ambas as exposições. Eu já trouxe uma vez aqui essa potência que nos foi legada em forma de vídeo.
Permita-se, contemplar-participar, novamente, do texto, do balançar dos corpos e da
firmeza das expressões dos artistas ali, que trazem a dor da rejeição pelo
outro e do acolhimento de si por si, e de si no grupo antes rejeitado.
Volume 1 do catálogo das Histórias Afro-Atlânticas na página que menciona Victoria Santa Cruz (1922-2014). Três fotos da apresentação.
Outro dia, seguindo o rastro da dica de uma amiga no YouTube, terminei achando uma outra coisa, tão preciosa quanto a indicação dela: a artista peruana, Victoria Santa Cruz, declamando e cantando sua negritude.
Esse maravilhoso poema, que a própria artista interpreta, está no vídeo abaixo. É de arrepiar! Arrepio vindo da força dessas palavras e desses corpos no vídeo em preto & branco. Arrepio porque esse conteúdo ecoa em parte esquecida da minha primeira infância. Ecoa aqui e agora, também.