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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

SIMONE DE BEAUVOIR, A CAPRICORNIANA

Ontem foi aniversário da grande Simone de Beauvoir e tivemos um ótimo fio criado no twitter, pela nossa amiga Heci Regina Candiani, especialista e apaixonada pela autora. Segue o rico material, com imagens e links, logo depois de cada flor de sakura:

🌸"Em 9 de janeiro, comemora-se o nascimento de Simone de Beauvoir (1908-1986). Como vocês sabem, estudo o pensamento e a trajetória intelectual dela e tenho alguns textos com resultados dessas pesquisas. Segue o fio de links e fotos. Esta, de Jacques Pavlovsky, é de 1976. (1/n)" 

simone com um penteado elegante e cabelos brancos, diante de uma biblioteca


🌸"Como contexto é tudo, começo com este no site da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas direcionado a estudantes do ensino médio. Formação, ideias e obras principais, a relação de Beauvoir com a filosofia e a literatura."

https://www.filosofas.org/post/simone-de-beauvoir-por-heci-regina-candiani

 

uma simone mais jovem, sentada em uma escada caracol diante de uma escultura de mãos abertas

Foto: Jack Nisberg, 1957 (2/n)


🌸Mais sobre a formação de Simone de Beauvoir e a relação com filosofia e literatura neste texto para @HorizontesaoSul, sobre os diários que ela escreveu quando estudante de filosofia.

 https://www.horizontesaosul.com/single-post/2020/07/09/avida-por-coisas-e-seres-simone-de-beauvoir

simone e sartre jovens, onde simone mira com uma espingarda, mas com os dois olhos fechados
Esta foto, de 1929, é da própria Beauvoir, explico no texto (3/n)

🌸Mulheres são tema da obra de Beauvoir desde bem antes de O segundo sexo. Neste texto falo da única peça dela, Les bouches inutiles (Estudos Universitários – UFPE). file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Les_bouches_inutiles_e_o_pensamento_beau.pdf 

Beauvoir e Nathalie Nerval após encenação da peça, 1967, foto: Giovanni Coruzzi (4/n)

🌸Em 1960, Beauvoir esteve no Brasil. Em "Quando o existencialismo descobriu a saudade", na @_palimpsestus, falo sobre como ela descreve a viagem em A força das coisas: https://www.oficinapalimpsestus.com.br/quando-o-existencialismo-descobriu-a-saudade/

beauvoir ao microfone
Na foto, Beauvoir em conferência na FNF, no Rio, em 1960. Foto: arquivo JB (5/n)

🌸Neste outro texto, falei brevemente sobre a recepção de O segundo sexo aqui no Brasil: Quelques notes sur la réception du Deuxième Sexe au Brésil lirecrire.hypotheses.org/611 
 
 
Foto: Beauvoir autografando livros no Brasil, 1960, capa do vol.2 de A força das coisas em francês (6/n)

🌸Em 2020, saiu no Brasil "Beauvoir, uma vida", da @philosofemme, que incorpora os estudos  filosóficos mais recentes sobre Beauvoir e fontes até então inexploradas em biografias. Entrevistei a autora para a Ideação: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/5447
 
Foto de Gisèle Freund, c.1960) (7/8)

 🌸
Por fim, este artigo da Cadernos Pagu, que explora de forma mais específica o contexto intelectual em que se produziram muitas das críticas sobre O segundo sexo. doi.org/10.1590/180944 
 
 
Beauvoir e Sylvie Le Bon em manifestação do MLF, 1973, foto de Janine Nièpce (8/8)

 

🐰 E é isso. Espero que tenham gostado. Da minha parte, agradeço a Heci pela gentileza de ter cedido o texto e as indicações, de modo que agora tenho um arquivo importante sobre Beauvoir aqui no blog. Feliz 2022!


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

No consultório com Frankenstein

Hoje eu estive pensando sobre ser uma boa pessoa.
E isso você retirou de algum livro de filosofia?
Não, tirei de um livro de terror.
Faz sentido. Vai me contar o título?
Sim, Frankenstein.
E o que você concluiu?
Há um trecho lá que diz expressamente que só é possível avaliar se se é uma boa pessoa alguém que  encarou a vida fora das expectativas alheias.
Não lembro desse trecho...
É porque está nas entrelinhas, você está com o mau costume dos livros acadêmicos.
Desculpe...Devo estar mesmo. Mas então não decorre que aquela que encara a vida seja boa, mas apenas que pode começar a ser inquirida a respeito da bondade ou não de seus atos.
É isso. Você fala tão bonito... Contudo, não pensei boa coisa a respeito dos que sequer ultrapassam aquele limite.
Se não podem ser avaliados, seriam amorais?
Não, ainda estou falando de Shelley. Seriam o monstro antes de ter buscado educar-se e arrisco dizer que seriam, também, a noiva de Victor, não lembro o nome dela...
Nem eu... E quanto a mim? Você acha que sou uma boa pessoa?
Não parei para pensar no seu caso, mas em geral todos achamos que somos boas pessoas, não?

Foto alterada de duas páginas do livro mencionado- A anatomia de um torso e o título  da obra, com o nome da autora.



quinta-feira, 13 de junho de 2019

Filosofia como conversa

Fruto de dois anos de blog coletivo Br-ó-bró." Filosofia e um monte de outras coisas..." tem lançamento dia 19.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Contrato para o livro e previsão de lançamento

Andei adoentada nos últimos meses e só consegui começar a organizar a burocracia para o lançamento do livro essa semana. A previsão é fevereiro de 2020. Mais perto, divulgo onde estará disponível e datas de lançamentos físicos. A editora escolhida foi a Appris, especialmente pelo foco acadêmico dela. 

editora appris (clicar)


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Último dia de vakinha: resultado e agradecimentos

Olá, pessoal!

Durante um ano eu deixei exposta a minha vakinha para a publicação do meu primeiro livro de filosofia, fruto das pesquisas que fiz no mestrado. Hoje é o último dia de arrecadação e fico muito feliz em informar que, desde a semana passada, não só alcancei como ultrapassei o valor estimado para conseguir publicar com uma editora. 

Essa postagem é para lembrar que sim, você ainda pode doar hoje, porque existe a porcentagem que vai para o site e também os valores para organizar os lançamentos ao longo desse ano e do próximo. Mas é principalmente para dizer meu muito obrigada a quem acreditou nesse sonho que me parecia uma realidade distante, até uns dias atrás, eu que ainda sou de uma geração criada sob a impressão de que os livros de papel tem uma autoridade quase inalcançável por pessoas comuns. O que nem de longe me parece algo positivo.

Ainda entendo que a publicação de livros em formato de papel, mesmo com o aumento do número de editoras e selos independentes na última década, é algo não muito acessível para a maior parte das pessoas (é só desdobrar os nossos problemas de educação para esse assunto) e aí entram os ebooks como um dos caminhos para tornar mais próximo esse mundo dos livros e impactar menos o meio ambiente- mas distante da realidade da maior parte das pessoas. Logo, ainda não é tempo de abandonarmos os livros de papel, muito menos quando escolheu se inserir numa realidade de publicações científicas (sem ter um background financeiro) e é mulher que ocupa lugares periféricos em muitos níveis. 

Justamente por não ignorar a relevância de mulheres negras e mestiças da periferia do nordeste serem hoje produtoras de conhecimento, inclusive do autorizado- e até esse em grande parte ignorado, mas aí é tema para outro texto- persisti nessa realização (com muitos altos e baixos), dando esse passo tão ousado e, melhor, de um jeito coletivo. Confesso que estava cansada de ir apenas para os lançamentos das produções acadêmicas dos colegas homens da minha geração e da minha região- ou só das mulheres de classe mais alta. E, sim, isso é um desabafo- inclusive muitos de vocês entenderam a importância disso e fizeram sua parte aqui (como fazem em outros lugares), pelo que sou grata e orgulhosa desse tipo de relação que não nos impõe um medo de que reconheçamos nossos lugares de privilégio ou de ausência desses. Parece pouco, mas esse pouco é o que faz a diferença no mundo e na nossa finita vida aqui nesse planeta.

Vamos adiante, amigas e amigos!

Nos próximos dias, tem um email exclusivo aos que me deram essa força material.

Beijo grande!

Nayara

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/publicacao-de-livro-nayara-barros-de-sousa
Clica na imagem! <3





segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Preciso da sua ajuda para publicar meu livro de filosofia

Faltam 7 dias para minha vakinha acabar e ainda estou em 67,08% dela. É para a publicação do meu livro de filosofia, baseado na minha dissertação. No dia internacional da mulher na ciência, ajude uma em sua primeira publicação. A divulgação de nossas pesquisas nos mais diversos meios possíveis é importantes para a educação e a retribuição à sociedade do que foi investido em nosso trabalho. O link para a sua contribuição está logo abaixo da foto da autora, confiante de que conseguirá sua publicação, com a ajuda de vocês.




https://www.vakinha.com.br/vaquinha/publicacao-de-livro-nayara-barros-de-sousa?utm_campaign=new_contribution&utm_content=260056&utm_medium=email&utm_source=VkTransacional

sábado, 7 de janeiro de 2017

Um caminho para o crescimento: a família do capitão fantástico

[contém spoilers]

E se levássemos a sério os jovens, ao ponto de os criarmos, em uma educação sem séries, sem restrição de leituras, nem de desafios esportivos, partilhando com elas e eles livremente os saberes do mundo?

Não, a postagem não é sobre o movimento da desescolarização, mas bem que poderia ser. Ontem fui ao cinema ter um encontro com um filme que me tocou bastante, uma comédia dramática, recomendação de um amigo: "Capitão fantástico".

"Walden" (Thoreau)  e "A república" (Platão), parece que era algo nesse sentido que estava na cabeça de Ben e sua esposa, Leslie, quando decidem criar seus filhos em meio ao ambiente selvagem das florestas do norte dos EUA. O poético filme de Matt Ross (2016), apresenta-nos lindamente essa possibilidade. Ben e Leslie esforçam-se em educar sua prole, como fortes e sábios, por meio de uma disciplina que requer exercícios físicos diários no meio da mata e nas alturas das montanhas, incluindo luta, meditação, respiração pranayana e caça, além de estudos avançados sobre literatura, filosofia, línguas, política, direito, física, anatomia e o que mais o intelecto estimulado dos jovens pedisse- e que a biblioteca particular dos pais tivesse, que parecia ser constantemente realimentada por pedidos pelos correios.

Guiando os filhos por meio do que acreditavam ser um modo de vida que desafiava a sociedade capitalista da qual provinham, a família discutia todas as leituras que realizavam, como Marx e demais socialistas, além de Chomsky, em sua faceta libertária (no sentido positivo do termo), Dostoievski, Nabokov, alcançando mesmo a declaração de direitos dos EUA. O pequeno clã também se entretinha com música e praticava rituais sincréticos de alegria (como o aniversário de Chomsky, que era algo como o natal), ritual de iniciação e ritual de luto, quando necessários.

O grande desafio da família no mundo "real" começa ao decidirem comparecer ao velório e enterro de sua mãe, mesmo sob a proibição do avô, que nunca havia concordado com o estilo de vida excêntrico de sua filha. Leslie, que desenvolveu transtorno bipolar após uma depressão pós-parto, havia partido para a cidade, tentando tratar-se. Não conseguindo uma melhora suficiente, termina por cometer suicídio.

Apesar da morte trágica da mãe, o filme não se torna um filme mórbido. A verdade é dita às crianças, que foram criadas acostumadas ao diálogo sincero e aberto, o que não impede o sofrimento. Por outro lado,  parece abrir espaço para um tipo luto expansivo, que é manifestado de modos diferentes por cada membro e depois por todos juntos. A despedida final acontece bem depois do enterro, num ritual sugerido pela própria defunta, que tinha muito bom humor- apesar da depressão.

O desenrolar da trama até esse desfecho, incluem pequenos eventos como o desafio de conseguir comida na cidade, aprender a paquerar, o que fazer diante aprovação do mais velho em todas as universidades mais prestigiadas do país, ou com a rebeldia do filho do meio, além do contato com os demais membros da família. Esse contato, inclusive, oferece-nos um fabuloso quadro comparativo entre os dois modus vivendi, o nosso e o deles, eu diria, que promove momentos divertidíssimos para quem assiste. A família de Ben nos lembra o quanto que alguns dos nossos hábitos já não passam de meras convenções e outros não chegam a contribuir em nada com o nosso bem-estar físico ou mental, pelo contrário.

Mesmo diferentes, as crianças em nenhum momento se sentem constrangidas e na verdade surgem altivas diante da família "civilizada" do avô e da tia.

O luto, as brigas e os acidentes que ocorrem até pouco depois do enterro da mãe terminam por funcionar como uma espécie de arena de aperfeiçoamento para os pequenos filósofos-reis, um novo desafio a cada uma e a cada um dos membros, que compreendem melhor a força da escolha dos pais, começando a ter noção de suas próprias. Passarão a enfrentar o mundo humano como seres diferentes (por sua excessiva autonomia e crítica), num caminho que parece ser guiado pela vontade de liberdade e autenticidade, que deveriam, na minha humilde opinião, serem dois dos mais importantes pilares de uma boa educação.

 
Capitão Fantástico- trailer

Ps. O filme é com meu querido Viggo Mortensen (Ben), o Aragorn de "O Senhor dos Anéis".


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