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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O cometa da mamãe

Mapa Político do Maranhão

Eu fiquei tão feliz em ter descoberto o nome do cometa que a família tinha visto muitas décadas atrás no interior do Maranhão!

Vou contar a história.

Mamãe sempre falava que acordavam ela de noite para ver, depois notaram que pela manhã continuava a passar. Diziam que era o Cometa Halley, o que, depois que cresci, sempre me deixava confusa, porque esse era um cometa com data certa pra passar e não batia com os anos da década de 1960 quando teria provavelmente ocorrido o evento que mamãe descrevia- pela idade dela. 

O Cometa Halley havia passado em 1910, pode ser que alguém que estava vivo na época tenha achado que era o mesmo ou alguém que conviveu com quem havia visto o cometa mais famoso. É preciso lembrar que nem mesmo as capitais do país tinham um registro muito elaborado desses fenômenos na década de 1960. A coisa vinha de memoria, vivência e oralidade.

Da parte da minha família, esse momento ficou conhecido como os dias que vimos "o cometa Halley". Tentando entender a confusão de nome, sem desmerecer a memória transmitida, eu fiz a contagem de anos e umas pesquisas simples no google e achei o melhor candidato à substituir o nome do falso Cometa Halley. 

Um cometa muito brilhante que passou no ano de 1965 e foi visto no Brasil. Encontrei os arquivos de jornal da ilha de Florianópolis. Porque lembrando mais uma vez: era 1965, num Brasil que vivia seu primeiro ano de uma ditadura militar, então se antes as informações eram escassas por questões tecnológicas, some-se a isso a escassez provocada por questão de censura ou, no mínimo, de falta de incentivo à ciência- não ufanista. Pra nossa sorte, existe a memória popular a respeito desse fenômeno. Então, de certa forma, eu me senti redescobrindo esse cometa pra história da minha família, o que pra mim foi muito bom. 

Fiz o relato da minha "descoberta" para a pessoa que me relatou o fenômeno em primeira mão, minha mãe, explicando um pouco mais do que havia descoberto e porque aquele era um cometa Halley genérico. Compartilhei com ela o provável nome daquele visitante celeste, Ikeya-Seki e ela pareceu gostar de relembrar daqueles dias de alvoroço da sua infância e de saber que provavelmente aquele cometa tenha sido o mais luminoso do século XX!

o cometa caindo da direita superior para a esquerda inferior, em tom esverdeado



E não deixa de ser curioso o fato do material que eu encontrei a respeito desse cometa familiar, fosse ser seu justamente em relatos da cidade de Florianópolis, que foi uma outra cidade que morei- quando precisei continuar meus estudos. 

E você? Tem alguma memória de família que ajuda na memória coletiva? Talvez todas forneçam isso em algum grau, dependendo do que se procura. É mais um exercício de compreensão de si e do entorno, ao longo do tempo.


Informações extras: 

- O cometa Ikeya- Seki ou Cometa Jap-65 (21 de outubro de 1965); 
- Foi avistado primeiro no Japão, por isso o nome;
- Pode ser visto até o dia 10 de novembro do mesmo ano;
- Era do tipo que se dirige ao sol. Nome formal: C/1965 S1, 1965 VIII, e 1965f;
Era visível na luz do dia;

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Revista, laranja, caqui e... batatas

Fui caminhar na expectativa de que o abatimento diminuísse, depois desta semana tenebrosa para o país, e acho que funcionou de alguma forma. Vi um casal de Akitas, vi um pobre vira latas que se assustou com eles, também. A casa do joão-de -barro continua lá no campanário da igrejinha. A feirinha de 2 reais, o quilo, recebia seus clientes (que murmuravam quanto ao "vá trabalhar" do interino, "como se não trabalhássemos, minha filha", o que me deu certo alívio). Aliás, ter acesso a um lugar onde se cobra 2 reais o quilo para qualquer verdura e fruta em plena crise econômica tem sido um luxo aqui. Depois de fazer exercício físico na academia pública que tem na pracinha, passei no mercadinho do meu locador. Ele recebe parte das minhas correspondências e encomendas, quando não estou em casa. Perguntei se tinha carta para mim, mas não tinha nenhuma. Havia, contudo, a Revestrés nº 23, essa linda com a capa feminista aí embaixo. Tenho essa edição em Teresina, mas fiquei tão alegre por justamente essa ter sido a primeira que eu recebo desde que estou morando no sul do país... Me faz lembrar muita coisa. Me faz lembrar do que não posso esquecer, da necessidade de acreditar nos sonhos, da necessidade de acreditar que as coisas podem ser diferentes, de acreditar nos projetos que venho me propondo ao longo da vida e que compartilho com muita gente massa, com quem é possível dialogar e construir. Parece tudo tão clichê, mas muitas vezes eu esqueço disso aí, então o clichê precisa ser retirado do baú das palavras desbotadas e pegar um solzinho, como eu hoje mais cedo- ainda que seja um solzinho frio. 
E sobre a composição da foto: laranja, pela imensa saudade do meu sobrinho Elias, de 8 meses, que adora se lambuzar com uma; caqui, fruta de mordida suave como um beijo, segundo Rubem Alves me presenteou em seu "Variações sobre o prazer" que já me inspirou tantas e tantas vezes e... batatas, porque adoro quando cozidas e porque Machado foi e ainda é genial em momentos como esse nosso.


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Um sentimento geral (em música)

Hoje acordei lembrando da herança afetivo-musical que recebi de papai. Para lembrar que é preciso continuar acreditando, apesar desse momento tenebroso da democracia brasileira.


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