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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

palestina 2023

eu vi uma imagem de uma estrada. e é claro que eu não vi a estrada, porque eu não estava lá. eu não poderia fazer nada, nem mesmo se estivesse lá, porque não haveria ninguém mais para que eu dissesse que "ela era tão bonita quanto a lua."

só haviam os restos mortais de almas imortais que julgariam agora silenciosamente seus algozes e aqueles que nada fizeram, para que suas dores diminuíssem. gosto de pensar que lançariam maldições assim, mas eles provavelmente são melhores do que eu, tendo vivido sua terra em muito mais do que eu só vi agora de forma fragmentada, entendendo por análises, depoimentos e teorias.

em algum lugar existem pessoas que podem fazer alguma coisa. a maioria não vai fazer nada mesmo assim, é verdade, mas existem muitas outras que fazem e farão.


bandeira da palestina 


quinta-feira, 27 de outubro de 2022

por que fazer arte em um diário? (com easter egg)

journaling/escrevinhando*



Por que escrevinhar um diário? Aqui appresento alguns dos meus motivos!

1. A gente estabelece uma nova relação com aquele caderno onde anotamos fatos e datas memoráveis;

donotmicrowavecraft- lindsey- perfil journal


2. É mais atraente para o seu eu do futuro se interessar em rever as próprias anotações. Eu era a pessoa que queria fugir das próprias ideias e memórias escritas, nunca mais folheando o que escrevia por lá. Tornar meu diário mais artístico, mudou completamente isso;


luv.asxce- perlita- perfil journaling



3.Aprender novas habilidades. Como a internet já tem uma memória considerável de artistas de diários ensinando muitas técnicas diferentes para enfeitar a caderneta cotidiana. Eu passei  a me interessar mais por colagem, graças a esses vídeos. Nem todas as técnicas que vejo me interessam ao fim, mas essa é uma das graça do processo de aprendizado;

nette.journals- anett- perfil journaling



4.Treinar caligrafias diferentes. Testá-las nos títulos, nos termos e frases mais marcantes, em alguma citação solta. Existem muitos modos de treiná-las e um modo de aprendê-las pode ser usando sites que oferecem fontes gratuitas como o DAFONT, ou em páginas de caligrafia imprimíveis no PINTEREST- tem outros modos, mas aqui estou tentando lembrar do que está mais à mão.

Foto de página do meu diário com lettering do slonga da campanha do PT 13 LULA
Lula Lá! Brilha Nossa Estrela!Lulá Lá! Fontes: Lemon Milk e Celebrate


5.Relaxar. O diário nem sempre é um exercício relaxante. Às vezes você está realmente descrevendo um evento ou um sentimento mais difícil e, ainda que uma maior clareza venha disso, o relaxamento só vem depois. Então colocar no mesmo caderno e até na mesma página seus exercício de criatividade pode ajudar a dar uma amenizada no que você lê. O restante do relaxamento vem com a busca pelo layout mais interessante, se com um padrão de cores ou se totalmente caótico (é o meu favorito, porque não tenho paciência)  com o que foi dito nos itens anteriores;

workde.art- modelo journal


6. Aprender a desenhar. Em vez de colar imagens, você pode rascunhar algumas. Pegue alguns modelos no instagram, no próprio pinterest ou em objetos e pessoas ao seu redor. Se você tem vergonha de praticar essa habilidade, é só lembrar que NINGUÉM, isso mesmo NINGUÉM vai ver o que você fizer, a não ser que você mostre, porque essa é a lei do diário. Então, lápis e pincel à obra!

Temi Manning- @livingletterplans 


7. Saúde mental. Pense no diário como uma espécie de terapia ocupacional. Todo mundo precisa de momentos só para si para se revitalizar as ideias, as emoções e toda essa arte ajuda exatamente nisso. Palavra de quem pratica!


flying_psyche e psyches_journal


9. Adesivos! O diário é o local ideal para colocar todos aqueles adesivos que você guardou da graduação, escola, de filhes e sobrinhes ou que você compra até hoje, sem saber muito pra quê.  Fica lindo!

stickerrific- modelo journal adesivos




10. É simplesmente uma sensação incrível rever, tempos depois, as páginas que você se deu ao trabalho de cuidar. Algumas vão parecer meio feinhas, outras vão te surpreender tanto que você nem vai crer que é uma arte sua, no final das contas, todas serão queridas e marcantes, porque vão estar mergulhadas nos seus registros preciosos, de coisas banais e de coisas fundamentais.




página  do meu diário
página do diário - meu



* Pedi ajuda para uma tradutora ao pensar um termo que pudesse ser usado no subtítulo junto com "journaling" e Heci sugeriu algumas palavras, dentre as quais decidi por "escrevinhando". Fica aí a dica.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Adeus 2021! Que Venha 2022! 🐯

Se um traidor tem mais poder que um povo, que este povo não esqueça facilmente


Fim de ano! Mais um ano nessa pandemia, sob esse governo fascista, mas é isso aí, Brasil: nós que sobrevivemos temos essa missão de continuar em nosso nome e de quem já partiu. 🐯

Esses dias estive cantarolando essa música tão importante para o cancioneiro latino-americano e achei que, além do fato de termos Mercedes Sosa e Beth Carvalho cantando juntas, a letra é uma espécie de oração que não surpreendentemente cabe bem para o nosso momento, que não é inédito aqui ao sul do Equador, apesar de suas particularidades. Uma oração como Susan Sontag pediu (numa citação do André Vallias no twitter), substituindo as tradicionais resoluções de fim de ano. Me engajei nisso, então. Talvez vocês se reconheçam nas estrofes:

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria
Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria
Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucado brutalmente
Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda pobre inocência desta gente
É um monstro grande e pisa forte
Toda pobre inocência desta gente
Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente
Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganado
Pra viver uma cultura diferente
Solo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente
Muito obrigado Beth
Por haberme convidado para cantar para su público
En esta noche en Rio de Janeiro, obrigada a você
Um beijo Mercedes
Vídeo "Eu só peço a Deus"


quinta-feira, 8 de março de 2018

Oito de março

E hoje é oito de março, dia para refletirmos sobre nossa condição de mulher em sociedades tão desiguais em muitos níveis, no mundo inteiro e que tem o termo mulher como marcador que aponta uma série dessas desigualdades prévias. Pelo simples fato de sermos mulheres, recebemos menos notoriedade nas diversas áreas, recebemos uma remuneração menor pelo nosso trabalho e corremos o risco de morrermos dentro das nossas relações afetivas com assustadora facilidade. São muitas as pautas a serem sempre reavaliadas e continuamente lembradas, porque como disse Simone de Beauvoir, em tempos atípicos, os direitos das mulheres estão sempre no meio daqueles que serão cassados e impedidos de serem exercidos, seja por um abalo político, seja por um ataque amplo de uma suposta moralidade superior. 

Ao longo do dia, farei postagens que o costume sobre a data de hoje, contando que pelo menos uma delas interesse você. Termino essa com uma mulher que inspira com suas músicas e comove com sua história de força: Nina Simone. Um salve para o feminismo negro explícito em sua arte!





quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Um dia triste

Então, hoje tornou-se oficial. A presidenta Dilma foi destituída da presidência, em um processo conduzido por pessoas no mínimo questionáveis, em um contexto de crise econômica, com a mídia hegemônica deliberadamente fazendo o recorte que melhor lhe convinha das investigações a respeito dos casos de corrupção, da própria crise e das manifestações. Claro que o Partido dos Trabalhadores diluiu a maior parte dos seus alicerces populares, arduamente construídos ao longo dos anos com os movimentos sociais, em conchavos esdrúxulos com partidos problemáticos como o PMDB e a chamada bancada BBB (boi, bala e bíblia). Diziam eles que era em nome da governabilidade que se aliavam a grupos com intenções ideológicas abissalmente diferentes daquela do partido com maior lastro nos movimentos sociais da história do ocidente democrático (ou pelo menos já havia sido mais diferente).

No final, aconteceu o que de pior poderíamos esperar. Como a ala conservadora, que flerta com o neoliberalismo (sim, ele existe) conseguiu aproveitar o jogo e a sorte de ter um ambicioso astuto como Eduardo Cunha com motivos suficientes para dar o ponta pé inicial do processo que terminou hoje (outros presidentes tiveram pedidos de impeachment, sem que nenhum deles tenha sido recebido e não é difícil entender que as causas não foram jurídico-processuais).

Um farsa pobre. A coisa é tão absurda, que o resultado de hoje foi fruto de mais um conchavo alinhavado às pressas: destituição do cargo de presidência, sem que os direitos políticos fossem cassados. Certamente já pensando neles mesmos, diante da devassa da Lava Jato e similares, possibilitada pelo aparelhamento estatal garantido principalmente pelo... Partido dos Trabalhadores, vejam só.

Agora eu pergunto: como se luta dentro das regras do jogo democrático diante de um cenário desses? Pedir reforma política ao Congresso mais conservador desde a última ditadura? 

Vai ser preciso lutar e é justo que se lute, tendo em vista que mudaram o projeto de país no meio do caminho e o presidente que assumiu também compunha a chapa desse projeto que agora nega. Nega e substitui por sua assustadora ponte para um futuro distópico. Onde está a consideração pelo projeto que os 54 milhões de brasileiras e brasileiros esperavam? Será que isso não deveria ser levado em consideração?

(O texto não está bacana, porque o dia não foi fácil, eu só não queria que passasse em branco.)

Não vamos cancelar nenhum sonho, Banksy. =]


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