domingo, 24 de janeiro de 2016

Fragmentos I: Ana C.





"Veste galochas nos teus cílios tontos e habitados!"
"Eu estava dando gargalhadinhas e agora estou sofrendo nosso próximo falecimento..."
"... mulher farpada e apaixonada."
"Não suporto perfumes."
"Continuo melada por dentro."
"Seriam culpas suaves. Binder diz que o diário é um artifício, que não sou sincera porque desejo secretamente que o leiam."
"Binder me afaga sempre no lugar errado."
"Eu era menina e já fazia memórias, envelhecida. O tempo se fazia ao contrário".
"Depois que desliguei o telefone me arrependi de ter ligado, porque a emoção esfriou com a voz real. Ao pedir a ligação meu coração queimava..."
"Depois, desgosto: dele, do pau dele, da política dele, do violão dele."
"Ralhei com tesão que me deu um dor puxada."
"Inventar o livro antes do texto. Inventar o texto para caber no livro. O livro é anterior. O prazer é anterior, boboca."
"Não estou conseguindo explicar minha ternura, minha ternura, entende?"
"Coisa ínfima, quero ficar perto de ti."
"O meu embaraço te deseja, quem não vê?"
"Beware: esta compaixão é
é paixão."

"Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça,(...)
abraçar com as retinas(...)
o invislumbrável"

"Estou partindo com suspiros de alívio. A paixão, Reinaldo, é uma fera que hiberna precariamente.
Esquece a paixão, meu bem; nesses campos ingleses, nesse lago
com patos, atrás das altas vidraças de onde leio os metafísicos, meu bem.
Não queira nada que perturbe este lago agora, meu bem.
Não pega mais o meu corpo; não pega mais o seu corpo.
Não pega."                   

Um comentário:

  1. Eu sei o que vocês fizeram no inverno retrasado. Violência contra a mulher e tortura no mínimo psicológica (quiçá de outras modalidades) intensivíssima. Os efeitos e a continuação desses atos perduram e se eternizam nas ações daqueles que lhes incutiram tal propósito farsesco. Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos, denúncia à vista.

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