Retomando as postagens de entrevistas com amigos que trabalham com arte em geral, hoje eu trouxe um convidado especial lá de São Paulo. O produtor cultural Maurício Gaia, que não gosta de ser chamado de Gaia (rs) e que para as amizades é mais conhecido como Mau.
Jornalista e
especialista em mídias digitais, Maurício Gaia, segundo sua descrição no blog Combate Rock, diz crer que "o rock morreu na
década de 60 e que hoje é um cadáver insepulto e fétido e que gosta de
baião-de-dois". Por esse último apreço, desconfio que o paulista sempre será bem-vindo
ao nordeste:
1. Então, Gaia, queria começar perguntando o que a música significa para você?
Pra
começar, Gaia era meu pai. Eu sou Maurício para a geral, Mau para os
amigos e Gaia para a moça que imprime meus boletos - aposto que é
tuiteira, porque começou a me chamar assim da noite para o dia.
Música
é um lugar que nos coloca em lugares que já pudermos ser confortáveis
e, ao mesmo tempo, nos levar para outros lugares. Quando eu escuto, sei
lá, o primeiro álbum do Led Zeppelin, eu lembro da primeira que ouvi,
em um verão muito, muito quente. Da mesma forma, quando escuto "future
Days", do Can, eu me sinto m um lugar onde nunca estive, mas me parece
confortável.
Mas
a verdade que eu consigo passar alguns dias sem ouvir música, a não ser
a trabalho. Música transcende, mas temos que saber o que acontece no
mundo :)
2. Aproveitando que está acontecendo agora o In-Edit Brasil 2019, conta para a gente como é organizar um evento desse porte?
Não
é fácil. Mesmo sem contar com a diretriz do governo atual, que trata o
setor de cultura como inimigo, nos últimos anos enfrentamos MUITA
dificuldade para conseguir patrocínio - nem dá para dizer que o In-Edit
seja um grande (no sentido de estrutura, tamanho, etc) festival de
cinema, nao conseguimos fazer que ele seja possível sem leis de
incentivo - e a cada ano, vem diminuindo o dinheiro que conseguimos
captar.
O
fato é que, nos últimos anos fizemos com poucos recursos financeiros e
com muita ajuda de amigos parceiros. Se chegamos a 2019, foi por conta
disso. Nos próximos anos, não sei como será.
3. Como é ter um programa que fala sobre música transversalmente, mas tendo o rock como ponto de partida (ou de chegada)?
O produto música, de forma geral, perdeu muito do seu valor, e nem
digo que isso se deva por conta da internet e sim por outros fatores.
Todo mundo amava MTV, mas mesmo lá eles não tinham audiência o
suficiente para bancar toda a operação. Como diz o jornalista Ricardo
Alexandre, quer perder audiência, só colocar música, ou seja, de cara já
saímos perdendo. Quando colocamos rock, que é um gênero que vem
perdendo, não só no Brasil, mas como no mundo, nós nos colocamos na
terceira divisão do rolê.
Mas, aí falo por
mim, e não pelo Marcelo Moreira, meu sócio, meu foco não é só rock, ou
pelo menos no que o roqueirão tradicional considera "rock". Dentro do
Combate cabe rock e suas derivações, cabe soul, cabe samba, cabe rap,
cabe tudo aquilo que é música boa e que tenha um contato com o universo
contemporâneo. Já colocamos tanto Dorsal Atlântica como Luiz Melodia e
Beth Carvalho. E Fela Kuti. E Ozzy Osbourne cantando com Kim Bassinger.
E, se bobearem, coloco Banda de Pífanos de Caruaru. Porque o universo é
muito vasto e a música também é.
Viajei.
4. Conta aqui: quais seus planos para os próximos cinco anos?
Planos?
Quais planos? Qualquer plano meu depende de grana e eu nem sei como
isso vai ser nos próximos três meses, quiçá cinco anos.
5. E,
finalizando essa entrevista, sugere aí 3 músicas ou bandas
para as leitoras e leitores do blog e aproveita e diz quando você vem no
Piauí (rs).
três links, sem me preocupar com o tempo
https://open.spotify.com/ track/7Dprt8s1FohodJYtCNcM4a? si=Y9hNHqNzS-6ExSmlu4b6nA (pode ser que eu tenha chorado na plataforma de embarque de metrô ouvindo isso)
https://open.spotify.com/ track/1Y6Dv0tWYUP3Za2Es9FUL2? si=v7eyh_KvQrmWvYS8Il7gtw - amo hendrix, não é minha música favorita dele, mas mostra o que mais eu gosto nele - as baladas.
Por
mim, iria para o Piaui e pelo Nordeste inteiro, que é o que salva o
país, o mais rápido possível, espero que em breve possa ir ao PIAUÍ.
Ps. Como bônus, Maurício Gaia falou um pouco sobre a construção do Combate Rock:
Ele surgiu em 2010, no grupo O Estado. E
existiam outras pessoas: além do Marcelo Moreira, que hojé é um dos
sócios da holding, tinha o Décio Trujillo, que era editor-chefe do
Jornal da Tarde, Daniel Morango, Marcos Burghi, todos eles, juntos com
Moreira, vulgo Coxa, colegas de trabalho.
Eu
tinha um podcast, chamado "Noites de Insomnia" - nem o nome foi dado
por mim, sim por Carla Coutinho (de quem eu perdi contato, aliás), e o
Coxa me pediu ajuda para fazer, gravar podcasts. Foi assim que eu acabei
entrando na equipe do Combate - eu gravava, editava e produzia os
programas de rádio, que começaram como podcast e depois viraram
programas no Território Eldorado.
Com
o fim do "Jornal da Tarde", o grupo Estado disso que gostaria do
conteudo, mas sem pagar nada. Aí, levei o projeto ao UOL. Naquele
momento, ficamos Marcelo Moreira e eu, e os demais partipantes decidiram
ceder a mim e a Moreira o nome Combate Rock - muitos deles participarem
de programas já na fase UOL, por absoluta conta e risco deles )
Bom,
em 2013, levei o projeto para o UOL e, desde então, somos Marcelo
Moreira e eu, com o apoio e simpatia de todos os demais que já passaram
pelo Combatão das Massas.
E é isso aí! Até a próxima entrevista! <3
Mauricío Gaia, puro estilo em sua blusa de galáxias da Tampa de Crush (Natássia) |
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