Mostrando postagens com marcador Schopenhauer. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Schopenhauer. Mostrar todas as postagens

domingo, 4 de setembro de 2016

Da vivência e do caráter (parte 1)

Sou grande fã do mitólogo Joseph Campbell. Leio como uma amante e curiosa, não como uma especialista. Há uma coleção sobre mitologia que ele escreveu chamada "As máscaras de Deus", que estou por completar. São 4 volumes: mitologia primitiva, mitologia oriental, mitologia ocidental e mitologia criativa. Tenho o segundo e o quarto. Esse quarto, o mitologia criativa, tem tido um lugar especial no meu coração. Ele fala sobre o cristianismo primitivo e de como ele se relacionava com várias religiões tidas como pagãs; sobre o Amor romântico; faz uma análise maravilhosa do Guernica, do Picasso; do Ulisses, do Joyce, dentre outras coisas lindas. Ainda não terminei, porque é daquelas leituras que exigem entrega e eu ando me entregando a ela a prestações (às vezes por vontade, outras, por circunstâncias externas).

Hoje eu queria compartilhar um trecho em que o Campbell cita o Schopenhauer, provavelmente o filósofo mais mencionado por ele. O trecho fala sobre a vivência e a noção de caráter:

"O caráter inato, ou, como Schopenhauer o denomina, o caráter inteligível, é desenvolvido apenas gradual e imperfeitamente pelas circunstâncias; e que surge disso, ele chama de caráter empírico (experienciado ou observado). Nossos próximos, pela observação desse caráter empírico, muitas vezes se tornam mais conscientes do que nós mesmos da personalidade inata inteligível que secretamente conforma as nossas vidas. Temos que descobrir pela experiência o que somos, queremos e podemos fazer e 'antes disso', afirma Schopenhauer, 'não temos caráter, somos ignorantes de nós mesmos e temos, frequentemente, que ser devolvidos para o nosso caminho a duros golpes exteriores. Entretanto, quando finalmente aprendemos, adquirimos o que o mundo chama de 'caráter'- quer dizer, caráter adquirido. E esse, em resumo, não é nem mais nem menos do que o mais completo conhecimento possível da nossa individualidade." (2010,p. 45)

O que eu quis dizer com esse excerto? É simples: para o autoconhecimento, aproveite o dia (carpe diem). Só assim vai descobrir quem é essa pessoa que você é. Trabalhar a potência pela vivência. Acontece que muitos de nós assumimos um "caráter" sugerido e não um caráter vivido. A diferença está em se assumir ou não no mundo.

Numa postagem posterior volto a esse assunto com a ajuda da Branca de Neve.

;)

 





AS MAIS LIDAS