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terça-feira, 8 de maio de 2018

Dia de esperança


Acordei mais jovem
sonhei que o amor me disse:
sim!

Caíram todos os tiranos que
Cultivei interiormente.
O povo festeja os tão sonhados
dias de fartura.

Nada abala a utopia realizada
do amor retribuído
a menos que não se conte com a vida.
Mas muitos foram os dias de
injusta lida
para que eu não comemore
esse raiar de esperanças!
Que o suor que se derrame não seja outro que o do prazer
e que não haja correntes
só voluntários anéis
substituíveis por flores colhidas
exclusivamente para aquela gargalhada
larga e sincera,
do meu bem.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Telefonema


sinto-me carente
por isso, te ligo à noite
tantas vezes
com uma conversa tão prosaica...
prosaico é meu coração.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A poesia da mulher que não sabe amar

Gosto da poesia
porque ela acolhe a mulher que não sabe amar
que sou
intensa demais
igualmente apática
nunca na medida certa
do desejo do outro.

Visto-me do meu próprio desejo desde tenra infância
minhas negativas e meus aceites não seguem nenhuma lei
que não a da pura vontade do presente

-e o passado se ri, irônico.

no relógio que nunca foi meu
dizem que demora a se manifestar
quando de fato só
coze
esses ingredientes inusitados
da poção imprevisível que sempre ocupou o lugar do meu sangue-
até derramar.

isso não quer dizer
contudo
que eu não dance a música que surge
só não me peça para abandonar essa pele
que nenhuma trena mede
nenhum tarô advinha
nenhum céu estrelado ilumina
a não ser que eu diga
que se faça.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Flores e soul music

Cy Twombly- Tulipas





























Essas flores eu peguei para ti,
nos jardins de alguma vizinha rancorosa,
anos 80- do século que terminou.
Tudo não passou de um sonho, claro.
Naquele tempo, eu tinha acabado de vir ao mundo,
mas meu espírito já batia retratos
em polaroides avançadas.
Contava com o agredir da areia
que passaria
de um côncavo vítreo a outro - convexo-
sobre o papel mal preparado
para registrar a nossa
permanência
na vaporosa eternidade
dos versos de um soul.





segunda-feira, 12 de junho de 2017

Asas do coração

Se tu não me rendes homenagens,
nem me ofertas amor eterno
e é por outra que o teu coração se apressa
em desenhos e canções
não tenho porque sofrida
permanecer em mim
condenando-me à solidão.

Sublimo todos os meus ais e
comungando do sentimento que me cerca
prefiro sorrir ao afeto que destinas à ela.
Suspiro!
Grata por um tanto de amor no mundo ainda iridescer.
Mesmo assim, despeço-me.
Sigo em frente, um amanhecer mais leve agora me conduz:
partindo do amor que sinto,
irmão daquele que compartilham,
a um indecifrável horizonte,
espaço indefinido, adequado,
para o tamanho das asas do meu coração.



domingo, 7 de maio de 2017

Até ontem fui assim

Não pretendo mais um amor que me complete,
Até ontem fui assim.
Hoje entendi que
Ando em estado de abundância
e o que eu tenho, baby,
dá e sobra para nós,
 para ti e para mim.


terça-feira, 2 de maio de 2017

Versos encontrados ao anoitecer






A chave esquecida
No chão do quarto
As paredes mal rebocadas
Móveis carcomidos por cupim
Herança do nosso esconderijo abandonado, perdido
Em alguma encruzilhada
Das escolhas da minha vida.



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Tantaliza-me em
Teu beijo de plástico
Lábios de
Carmim
Cabeça ausente
Da vitrine,
Manequim.

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Zeitgeist também pode ser traduzido por
profeta que
lê mãos que atravessam nuvens e
estrelas
decifrando os signos
que se escondem no não dito.

Mora na curva de alguma calle,
onde uma adolescente,
distraída,
anda a percorrer os muros
com as mãos.

Nos chapiscos, no reboco esfarelado,
nos sulcos,
caminhos verticalmente desencontrados:
delírio,
& desejo.


[Ele sabe dos dias vindouros
para além do boletim metereológico
que determina a velocidade
dos nossos passos
que vaticina a aceleração
dos nossos corpos
intuindo a distância
dos dedos entrelaçados
para sempre
entrevistos do caldeirão.]

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Um portão envelhecido, enferrujado,
Não por abandono,
Mas por uso intenso
Da chuva
Do vento
Das crianças matreiras
Do casal apaixonado
Do cachorro do vizinho,
Era um portão velho e feliz.


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Lua transmutada em trindade
Consola a princesinha
Abandonada
Carta amassada
Caída, molhada,
Dos olhos, dos dedos trêmulos
Da tua mão.


 
 
 

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