A chave
esquecida
No chão do quarto
As paredes mal rebocadas
Móveis carcomidos por cupim
Herança do nosso esconderijo abandonado, perdido
Em alguma encruzilhada
Das escolhas da minha vida.
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Tantaliza-me em
Teu beijo de plástico
Lábios de
Carmim
Cabeça ausente
Da vitrine,
Manequim.
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Zeitgeist também pode ser traduzido por
profeta que
lê mãos que atravessam nuvens e
estrelas
decifrando os signos
que se escondem no não dito.
Mora na curva de alguma calle,
onde uma adolescente,
distraída,
anda a percorrer os muros
com as mãos.
Nos chapiscos, no reboco esfarelado,
nos sulcos,
caminhos verticalmente desencontrados:
delírio,
& desejo.
[Ele sabe dos dias vindouros
para além do boletim metereológico
que determina a velocidade
dos nossos passos
que vaticina a aceleração
dos nossos corpos
intuindo a distância
dos dedos entrelaçados
para sempre
entrevistos do caldeirão.]
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Um portão
envelhecido, enferrujado,
Não por abandono,
Mas por uso intenso
Da chuva
Do vento
Das crianças matreiras
Do casal apaixonado
Do cachorro do vizinho,
Era um portão velho e feliz.
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Lua
transmutada em trindade
Consola a princesinha
Abandonada
Carta amassada
Caída, molhada,
Dos olhos, dos dedos trêmulos
Da tua mão.