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domingo, 17 de novembro de 2024

Conversa de mulherzinha: Barbie, minha infância e bell hooks

 

Margot Robbie como Barbie em sua casa rosa da Barbie

Originalmente publicado na newsletter Clube de Profecias, nov./2024*


Após alguns meses, consegui assistir um filme completo! O felizardo da vez foi Barbie (2023), um filme que tem o mérito de dar uma ótima provocada no meio do entretenimento, usando algumas críticas feministas como fundo do mundo cor de rosa da boneca mais popular do mundo.

Coincidentemente, estou em leitura avançada de um livro da bell hooks, Comunhão, em um trecho que remete ao apoio de um círculo de mulheres, em momentos de encararem a verdade sobre si mesmas, inclusive a respeito das promessas situadas e dos limites do feminismo do seu tempo.

Não chega a ser realmente leve a abordagem, porque eu tenho certeza que se você já entrou em crise, do ponto de vista da sua condição de mulher em uma sociedade capitalista, você deve ter verbalizado ou pensado algumas das questões que a “Barbie Estereotipada com mau-funcionamento” faz quando entra em crise.

O humor dos “Ken” é muito bom. Um tanto de constrangimento, um tanto de pout-pourri satirizando símbolos masculinos da cultura pop e um exercício da diretora e roteiristas de pensar qual o papel de um ser que vive em função de outro, quando esse outro não quer estar mais lá.

A amiga grávida da Barbie, pareceu muito uma fofoca maldosa e real de qualquer periferia mundo afora. Como também aquele peso que essa geração de Barbies representou de que ter filhos é uma vergonha na vida de uma mulher (seres que têm úteros “funcionais” em partes da vida ou não), que coisas biologicamente vinculadas a esse tipo de corpo, desde a menstruação (ter ou não), engravidar (se tem ou não filhos), se aborta ou não aborta, tudo tem uma grande facilidade da espetacularização, se a finalidade for alcançada, que é controlar e reduzir essas sujeitas a um objeto dócil e maleável ao modo de produção econômica (como uma boneca). Sobre esse assunto, os órgãos reprodutores da Barbie e do Ken (ou a ausência deles) têm pelo menos dois grandes momentos na tela.

Aqui em casa a Barbie foi meu brinquedo do ano duas vezes. Mesmo em uma casa pobre, sem carro, sem forro, com um quarto para três crianças, a boneca, em sua versão mais simples, mas original (isso era importante) , estava presente e era muito querida por mim. Desde antes da onda atual de bonecas pluralizadas, minha mãe também me comprava bonecas negras, mas quis me fazer essa vontade. Aliás, dona Joseny nunca foi de negar aos filhos o que poderia oferecer, desde brinquedos até uma boa escola, com sacrifício. Ela não ligava se seria julgada ou não, nem nisso, nem em relação a quase nada na vida, para falar a verdade- até porque geralmente o julgamento vinha sobre coisas que envolvia a liberdade dela, por exemplo. E é óbvio que ela merecia ter tido mais ajuda do meu pai nessa parte, mas nada disso havia começado ali e eu teria que voltar algumas décadas para oferecer mais contexto, o que não é meu objetivo aqui ainda.

Então as Barbies, Skipper e Ken, conviviam com minha “chuquinhas", meus bebês articulados e meus móveis feitos de caixa de fósforo, caixa de pasta de dente e caixa de sapato. Claro que eu poderia entrar aqui no tema da projeção física em uma boneca com feições irreais, uma mulher branca padrão. Mas o que me lembro agora é que a consciência da Nayara criança tornava todas as suas Barbies campeãs olímpicas, cientistas e vencedoras do prêmio Nobel (tem uma referência dessas no filme). Elas também eram mães das chuquinhas de todas as cores e também tinham poderes de fada e passavam as férias numa fazenda no pé de uma montanha encantada (um pé de goiaba).

O livro da bell hooks, por sua vez, envolve vários temas que eu nunca tive muito interesse em pesquisar, mesmo estudando um recorte do feminismo durante tantos anos e eu consigo perceber que esse desinteresse começou bem lá trás, talvez as primeiras antipatias residindo até antes mesmo da Barbie fazer parte do meu elenco de brinquedos. Tudo o que fosse tão explicitamente “de mulherzinha” eu detestava. Era meu paradoxo infantil: amar bonecas e detestar ser medida sob a régua “de mulherzinha”, porque me diminuía, nunca parecia uma coisa boa. E o livro da bell hooks finca o pé em todas essas coisas que, segundo ela, o feminismo negligenciou, mas que era muito importante para o mundo das mulheres, como o amor (coisa de mulherzinha?), e aí você precisa entender o amor como algo bem mais maduro que o que a cultura pop diz que é e também que algumas religiões hegemônicas dizem que é. Estou terminando a leitura, mas acho que ele é muito bom para mulheres da geração da minha mãe especialmente, há algo ali que começa geracional e que depois vaza para o restante de nós.

Mas essa coisa de ter aversão a um certo padrão esperado pelas mulheres pode revelar coisas importantes e cruéis a respeito de uma dos aspectos da nossa falta de amor: o amor próprio. Melhor que eu, você encontra esse assunto no pequeno livro de bell hooks, sem a conhecida maquiagem neoliberal desse tipo de livro, ela vai desenvolvendo seus pontos de vista de modo pessoal e histórico (EUA) de um modo que todos os gêneros podem tirar bons insights dessa espécie de convocação que ela faz.

E também recomendo o filme da Barbie 💗


sexta-feira, 5 de abril de 2024

Marguerite Yourcenar- Memórias de Adriano*


*Texto publicado originalmente na newsletter "Clube de Profecias" do mês de março.


Recentemente li um livro que uma grande amiga recomendou há muitos anos atrás. Escrito em 1951, por Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano realizou o feito de entrar no rol dos melhores livros que li na vida. E escrevendo esse breve comentário aqui, penso que não sei se eu teria aproveitado bem a leitura, se tivesse lido mais de 10 anos atrás, quando Laís me indicou. Há um tipo de maturidade que precisei acessar especialmente para ler esse tipo de monumento histórico-imaginado, em que eu passava a ser o Imperador, com todas as imensas contradições que a figura histórica deixou de resquício- que as páginas do livro aproveitam com ardor.

Não me envergonho de dizer que me senti o próprio personagem principal em suas memórias, mesmo quando elas me mostravam uma situação que meu eu do presente iria facilmente por outro caminho.

Eu digo não me envergonho, porque a própria autora confessa ter feito esse tipo de exercício mental ao longo dos vários anos em que pensou aquela pessoa: visitou várias vezes a Villa de Adriano, as esculturas, os lugares que ele construiu ou reconstruiu. Não só visitava, mas meditava, tentando ver pelos olhos dele, como ele encarava cada um daqueles espaços e quem estaria com ele naquele momento.

Não sendo acadêmica, Yourcenar criou muitos métodos para construir as cenas, os cenários, as pessoas que realmente existiram e que estão ali falando, andando, amando, morrendo. Ela era muito exigente consigo mesma, como todas as boas escritoras.

Marguerite Yourcenar sua companheira Grace Frick, no jardim,1955

Apesar da amiga querida ter me indicado o livro, o que me fez ir finalmente atrás de suprir essa falta no presente, foi um comentário de uma pessoa que compartilhava nas redes sociais uma visita a uma estátua de Antinoo (ou Antinous). Fui atrás da história dessas estátuas e descobri a história do amor entre Antinoo e do Imperador, o que me deixou perplexa, porque de fato existem ainda hoje inúmeras estátuas que Adriano mandou ser esculpidas, após a perda do jovem companheiro- inclusive no Vaticano. Quer dizer: por que um imperador se importaria tanto com uma pessoa? Talvez eu esteja julgando seres humanos do passado precipitadamente? É óbvio que o erro é certo em algum nível.

Enquanto lia sobre, me chamou atenção umas questões bastante mundanas, como: que tipo de patriarcado era esse? Não havia cristianismo como a grande religião, havia uma mistura de cultura entre Grécia, completamente dominada por Roma e esta última que estava praticamente com sua extensão máxima desde o imperador anterior, cheia de outros povos incorporados. Não havia família como era concebida hoje, os papéis dos gêneros eram especialmente diversos nas camadas mais poderosas. Não havia culpa cristã, havia ainda o “instituto” da pederastia (sim era um instituto moral e é importante entender no caso da obra). Eu me permiti um exercício de entrega, confiando que a escritora sabia o que estava fazendo, ao ressuscitar um mundo tão diferente.

O resultado foi um primor. Pouquíssimas vezes eu saí da história por algum comentário que remetesse mais ao século XX, que ao século II, especialmente na questão ética e moral. Até a questão política me acrescentou novos espaços de reflexão, ao contextualizar a dinâmica entre o poder central e os poderes periféricos.

Acho que mesmo para aqueles e aquelas que não gostam de romance romântico- muitas vezes eu sou uma dessas pessoas- em livro, vai gostar porque várias facetas de Adriano aparecem: o jovem meio deixado de lado, o guerreiro, o juiz, o amante, o cônsul, o imperador, o construtor, o espiritualizado, o impiedoso, o espanhol e o grego. E a linguagem adotada é simplesmente: linda, belíssima.


busto de Antinoo


estátua de Antinoo, como Dionísio, encontrada no Vaticano

                          

Obs: O primeiro link está em português. O segundo foi posto mesmo em inglês, porque traz mais informações sobre a autora. Curiosamente a versão em português suprime até dados daquele quadro de informações básicas, como o nome da companheira da escritora. 🤔

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

A Marvellous Light - Freya Maske

 




Uma luz maravilhosa


Fiz questão de escrever esse pequeno comentário, porque fui surpreendida positivamente pelo livro "A Marvellous Light", de Freya Maske


Apesar de usar um pano de fundo parecido com Harry Potter (da finada Jennifer Katarina), em parte da construção da magia e no modo com as famílias mágicas se apresentam, a autora supera essa inspiração nos melhores momentos. É tudo o que eu queria de Peças Infernais da Cassandra Clare na ambientação e nas relações dos personagens principais. Robin e Edwin são muito queridos e até os defeitos desse último compõem muito bem a complexidade da personalidade de alguém que foi tratado (e maltratado) como alguém fraco, mesmo sendo um dedicado autodidata. Já Robin, um homem sem magia, que estava perdido na vida, quando arranja esse emprego muito estranho, por conta do qual descobre que a magia existe, reage de um modo que foge um pouquinho ao clichê.


A propriedade, o terreno que aparece como parte central da história e sua relação com os proprietários é para mim o ponto alto da construção de mundo de magia da autora.


O vilão é odioso, mas não tem tanto espaço, o que eu gosto. Ele nem mesmo é o grande vilão, que ainda vai aparecer em outro livro, ao que parece. Foi aí que eu descobri que se trata de uma trilogia.


Robin e Edwin juntos formam uma boa dupla de investigação, a relação entre eles vai se aprofundando a partir disso- é muito orgânico e bonito. E, sim, tem partes apimentadas. Confesso que eu cortaria a metade do hot para incluir mais conversa entre eles, preciso que a autora entenda que esse é o ponto forte dos dois.

No mais posso dizer que recomendo a leitura para quem gosta de fantasia urbana, uma fantasia numa Inglaterra do iniciozinho do século XX. E de acordo com a nova gíria literária dos jovens, é uma romantasia

O maior problema do livro, é que ainda não foi traduzido para o português. Espero que entre no radar das editoras que publicam o gênero aqui no Brasil.





quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

A estepe - Anton Tchekhov

e tem apenas 144 páginas ☝



Esse livrinho marcou meu reencontro com um dos autores mais queridos dos meus vinte e tantos anos. Mais de uma década depois, por conta de uma Maratona de Leitura, decidi dar uma conferida, retornando a um terreno já conhecido. Ou quase.

A estepe é um dos primeiros trabalhos de Tchekhov, que antes escrevia basicamente textos não ficcionais. O Tchekhov teatrólogo, por exemplo, ainda não existia. Mas aos 28 anos, já trazia na escrita uma alma marcada pelo cenário exigente e melancólico de alguém que conhece a natureza da própria pátria, a Rússia, sendo já capaz de fundir personagens e paisagem, daquela  maneira que não é estranha à leitora que já teve curiosidade de folhear a literatura do país produzida durante o século XIX. Uma aproximação com os contos do Guimarães Rosa, que viria anos depois, por exemplo, seria muito justa. A estepe russa no verão e o cerrado brasileiro parecem oferecer esse tipo de vivência que no meu coração podem até ter uma estrada direta ligando (do calor ao frio e vice-versa), como se  fosse uma Pangeia.

Mas divagando um pouco menos, é uma leitura que se afasta do nosso hábito atual da velocidade, comandado pelas redes sociais, algo que pede calma, sossego, contemplação. A paisagem no convida a apreciar a lentidão das carroças e a viagem de um menino de 8 anos, em busca de ensino formal, de acordo com a vontade da mãe. A cena da tempestade é uma das minhas favoritas, unindo imaginação e natureza. Junto de um tio e outros viajantes, ele vai compartilhando o destino dos conhecidos e dos passageiros encontros, enquanto sua existência é esticada ao longo do caminho.

essa é ela, a famosa estepe russa


A interação do segundo grupo de companheiros de viagem do rapazinho indica com um potência que poderia ter sido explorado, deixando pinceladas que me lembravam um pouco do Dostoiévski. Não só isso, mas foi o que mais gostei.

Como se trata de uma história curta, mesmo as meditações explícitas das personagens são escassas, mas o sentimento, que vem forte, se dilui em um céu colorido, um campo amarelo, uma lagoa enevoada. No nascer e no por do sol.

Por fim, o texto retorna para a despedida da criança, de sua casa materna, para enfrentar o mundo que descobriu ser um pouco maior que casa dos pais, estendendo sua comunidade e seu olhar, suas sensações, um pouco mais além.

🌾

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Kaladin e as emoções 💙

 

Kaladin com seu casaco azul e a esprena azul Syl (por willy bissonnette)

AVISO: Usei termos gerais para não dar tantos spoilers, não especificando muitos nomes, apenas os que achei necessário. Se você pretende ler a série, fica o alerta.

 *Originalmente publicada na minha newsletter "Clube de Profecias"


Estive mergulhada em Roshar (o nome do planeta) desde o ano passado, quando comecei lendo O Caminho dos Reis (Trama), quando ganhou sua primeira tradução no Brasil. O ano começou e criei coragem de ler os outros três calhamaços já lançados na série, ainda não concluída por Brandon Sanderson, já que serão 10 romances. Como se trata de um mundo de fantasia muito rico com, pelos meus cálculos, mais de 6000 páginas até agora, nem me atrevo a tentar explicar. Eu só quero destacar uma pessoa dela, para fazer algumas reflexões: Kaladin Stormblessed/Filho da Tempestade.


Kaladin é o principal protagonista da história, o heroi mais festejado, mas é um rapaz sem sorte. Como alguém que sente demais tudo, sua cabecinha foca especialmente nos erros e nas perdas. Sua trajetória passa de cirurgião à soldado e depois a pessoa escravizada (isso é dito bem no começo do primeiro livro), perde pessoas que ama e ainda por cima e provavelmente por tudo isso, Kaladin tem depressão.


Na história, a depressão leva o nome de melancolia, que é uma das muitas denominações que a doença (ou algo parecido) teve desde Hipócrates. Kaladin vive em um mundo de guerreiros, onde as doenças mentais são escondidas e até vergonhosas.  


Contudo, não é atoa que ele é chamado de Stormblessed, Filho da Tempestade. Em certa altura dos livros, mesmo arrasado por não conseguir mais salvar as pessoas como costumava fazer, observa ao redor e percebe que seu problema era uma causa coletiva. Muitos dos seus colegas tem problemas com alcolismo e outros transtornos relacionados à guerra, alguns foram até mesmo enclausurados com os fervorosos (que é uma espécie de cientista e religioso desse mundo).


Um dos pontos positivos desses livros, é que Sanderson não permite que seus protagonistas passem imunes ao sofrimento emocional, em um sentido não de glamourização da doença e sim como um acréscimo de um aspecto da vida que pode ser facilmente esquecido em meio aos cenários fantásticos, superpoderes, espadas, armaduras e lutinhas. Eu gostei muito e me emocionei sempre que isso aparecia na história.


Então, Kaladin já com a autoridade de herói de licença e cirurgião, defende a ideia de que é preciso que se fale sobre esse problema e que seus companheiros e demais pessoas que se encontram sem tratamento adequado, sejam incentivados a saírem da clausura. Basicamente uma reforma manicomial no meio da guerra.


Sim, ele está criando o método psicanalítico de Roshar. O método se desenvolve em várias frentes: ir aos estábulos interagir com os cavalos, sentar-se ao sol, cuidar dos jardins incipientes de uma terra de rocha sem solo etc. No caso do nosso Kal, ele vai melhorando por poder, de um jeito diferente do que fazia enquanto soldado, salvar as pessoas, porque é para isso que nosso herói existe e é o juramento que ele faz:


Vida antes da morte,
Força antes da fraqueza,
Jornada antes do destino.
Protegerei aqueles que não conseguem proteger-se.*
 

Existem outras situações que incentivam a empatia, o sacrifício, a honra, a tolerância, a amizade. Esse modelo de juramento é adaptado por outros personagens, dependendo de cada problema que enfrentam, no meio das grandes disputas das guerras das Tempestades. Não só por isso a minha identificação do herói de pele marrom e cabelos ondulados, mas a própria aventura dele, lidando com sua doença, mas ao mesmo tempo ganhando seus poderes enquanto salva o mundo é muito emocionante, para quem curte essa literatura, que recomendo demais! 😉


Você pode adquirir o primeiro livro em português aqui 
 

*cada juramento vem depois de um grande desafio interior sendo superado, quase como uma revelação de si para si. 

Kaladin como carregador de pontes com sua lança. - onlycosmere (tumblr)


sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Tag dos calhamaços

Estava rolando no booktuber essa tag, recentemente nos canais da Estante Cósmica, Resenhando Sonhos, dentre outros, que eu decidi participar, até como desculpa para conhecer melhor os livros que eu tenho na estante, relembrar algumas leituras, tirar a poeira de outras, se surpreender com a quantidade de páginas de uma ou outra obra, enfim. Achei divertido. Nos próximos dias postarei outras duas. E você também pode fazer! 💜

Tag dos Calhamaços de Ficção (livro físico e e-book) 📚

+ de 400 folhas

 

 1) Maior livro da estante que já leu.

O Senhor dos Anéis (Tolkien). 

O Senhor dos Anéis naquela edicação com os argonath na capa- Martins Fontes



2) Maior livro da estante que ainda não leu.

Jogo dos Tronos- versão ilustrada. GRR Martin.



3) Calhamaço que tem medo de ler.
Raduan Nassar – Obra Completa.


minha mão segura a capa vermelha de tecido. livro contra um fundo azul claro.



4) Calhamaço que tem fissura de ler.
Kindred- Octavia Butler.

Minha mãe segurando o livro com a capa vermelha que tem duas mãos negras
.


5) Livro grande, capa bonita.

O livro do Travesseiro. Eu gosto muito desse estilo de pintura do leste asiático.





6) Livro grande, capa feia.
Irmãos Karamazov- Dostoiévski. 

Sim, aquela edição da Martin Claret que eu mantenho por conta das anotações e por questão afetiva 



7) Calhamaço que tem vergonha de ter abandonado na estante.
Os tambores de São Luis- Josué Montello (versão de bolso).




8) Calhamaço que leu e não lembra quase nada, ou quer reler.

Bernard Cornwell- O Arqueiro, que é o primeiro dessa trilogia aí embaixo. Na época eu gostei, mas já faz muito tempo e eu realmente lembro de poucas cenas dele e dos demais da série. Não acho que releria, mas talvez assistisse alguma adaptação.

O arqueiro, O andarilho e O herege- Bernard Cornwell.



9) Último calhamaço que leu.

Rhythm of War- The Stormlight Archive 4- Brandon Sanderson.

Todos os livros dessa série tem 1200 páginas ou mais



10) Último calhamaço que abandonou.
Babel- R.F. Kuang. Cheguei a ler 15%, mas simplesmente não tive coragem de avançar por conta do tema, que é sobre as consequências da colonização inglesa, em um mundo com uma camada de fantasia. Fantasia histórica (existe?).






11) Livro grande que leu muito rápido.

Tian Guan Ci Fu- Mo Xiang Tong Xiu. Apenas meu top 1 (tem outro livro nele). Abaixo, o primeiro volume da publicação russa, que é uma das mais bonitas.

essa foto não é minha, peguei na internet, se alguém souber a autora, só me enviar nas respostas que eu altero ^^

12) Livro grande que leu devagar.
Eu tive livros que demorei um pouco mais que "A leste do Éden", mas como não quero repetir, fica aí esse livro tão profundo e incrível, com personagens tão duros. Não é um livro feliz, mas Steinbeck escreve de um jeito muito apaixonante. E tem a vilã número um dos livros da minha estante (sim, pior que o Sauron).

de todos os livros para os quais esse cacto "posou", esse ai é o que mais combina


13) Calhamaço que deixou uma saudade imensa.
Copper Coins/Tong Qian Kan Shi – autor Mu Su Li. Eu tenho um fraco para histórias com dragões. A escrita é muito poética e muito bem humorada. Essa aí é a edição original chinesa.




14) Calhamaço que te fez chorar.

Quase todos. Grande Sertão: Veredas (estante). Tian Guan Ci Fu- ebook.

essa edição é de bolso e bem tranquila de ler, apesar das páginas brancas. aquele com anotações que não vai sair da estante.



15) Próximos calhamaços.

Eu ando na fase dos calhamaços, que por isso mesmo, pode acabar a qualquer momento, mas eis alguns: Segunda Era de Mistborn (Sanderson); In the lives of puppets (TJ Klune); Lua de sangue (NK Jeminsen); Algum danmei (Liu Yao- dica da amiga Malu-, Tianbao Fuyao Lu provavelmente- esse último, que estava pausado).


mistborn segunda era

Liu Yao
Tianbao Fu Yao




Até a próxima!!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Lendários: resenha e comentários

 

Capado livro Legendários, de Tracy Deonn

Vim aqui falar BEM de um livro jovem que terminei essa semana. Esse aí da capa, que infelizmente não encontrei em um formato maior, por que merecia, heim? 🔍

Na capa, como vocês devem imaginar, temos a personagem principal: sim, Bree, uma garota negra. Não sei se foram os elogios dos booktubers, instagramers da vida, ou se foi essa capa linda que sugere magia e algo mais que me atraiu. Um pouco de tudo, além de ficar sabendo que o nome desse volume faz referência a Lenda do Rei Arthur. SIIIM!!! Eu fiquei louca quando descobri isso "como assim uma menina negra e a távola redonda?? amei!!". 😍

Um dos temas mais sagrados de muita gente otária no mundo dos romances épicos de cavalaria e seus filhotes contemporâneos da fantasia, romance histórico (?) e afins, que por acaso também me agrada. Mas quero pensar que não estou no grupo dos otários. Pelo menos com certeza não dos otários brancos. 😎

Piadas à parte, Tracy Deonn convida a lenda europeia a conversar com nossas tradições americanas, formadas desde os 1500 e todas as contradições e dores que subjugaram inúmeros povos tanto originários, como aqueles trazidos contra sua própria vontade para essa terra. Sua riqueza cultural e sabedoria vieram junto, a despeito do que os colonizadores pensavam. 💪

Apesar de todo esse peso, Deonn consegue escrever seu livro de quase 600 páginas de uma forma muito dinâmica e com muita leveza, adequada para seu público alvo inicial (pessoas de 14/17 anos). Ela é tão bem sucedida nisso, que cá estou, com muito mais de 14 anos, tecendo loas a sua bela obra. 📚

Quem foi da geração Harry Potter, antes que a autora mostrasse suas garras transfóbicas, e sente falta daquela dinâmica dos primeiros livros, as descobertas, tudo muito sério, mas não tão sério quanto iria ficar, vai simplesmente AMAR. Bree começa suas aulas do programa de iniciação na Universidade da Carolina do Sul (onde a Deonn também estudou) e a partir de lá, carregando o luto recente pela morte de sua mãe começa sua jornada com a amiga de infância Alice. Enquanto Alice se dedica de modo bem caxias às regras do curso, desde o início Bree é levada, digamos assim, a ver coisas que outras pessoas não viam. Inclusive ver outras pessoas estranhas fazendo coisas que ninguém acreditaria se contasse. 👹

Bree decide tentar entender o que está acontecendo, especialmente quando começa a descobrir, com seu novo amigo, lindo, alto forte, loiro e paquera Nick, que a morte de sua mãe estava cercada de elementos estranhos. Nick é extremamente gentil e protetor e parece ter fugido da influencia familiar, depois do desaparecimento da própria mãe. Mas não é só dessa influencia que ele tenta fugir, sua antiga "sociedade anônima" parece sentir sua falta. Bree acredita que algo naqueles edifícios antigos nos quais essa sociedade estranha se localiza, existe algo que ajude a explicar o que aconteceu no dia da morte de sua mãe. Sua incursão ao prédio, obrigando seu amigo a retornar a um lugar que tentava esquecer. 🏢

Ao longo da obra, vamos compreendendo que o temor de Nick e as suspeitas de Bree convergem. Entre eles um ser bastante poderoso vai se revelar um aliado complicado, que ambos não sabem se amam ou odeiam: Sel, o Mago-Real aparentemente criado com Nick. Bree terá que aprender muitas coisas ainda sobre seus novos amigos e especialmente sobre si mesma. 💡

Para não alongar mais ainda a resenha, alguns pontos que chamar a atenção e que o livro contém (ao meu gosto, claro): 💁


- amizade é uma relação tão importante quanto o amor romântico; 👫👬👭

- relações de ancestralidade da Bree; 🌳

-poderes mágicos vindos também da tradição africana;🌿✨

-mulheres fodas; 💪

-jovem que se comportam como jovens quando se frustram; 💥

- Rei Arthur, Lancelot, Merlin ; 👑

-diversidade lbgtqia+; 🏳️‍🌈

-crítica social à colonização e seus desdobramentos no campus; 🎓


É isso. Já estou com o volume 2 para ler, que ainda não foi traduzido para a português, mas esperamos que venha pra cá em breve! 🤩


Ps. Acho que nunca fiz uma postagem sobre isso, mas sou apaixonada pelas histórias arthurianas, consumindo desde livros, filmes, séries e até CDs de música que falam do tema. E foi uma grande alegria conseguir me perceber nesse livro da Tracy, que ainda era possível sim uma identificação aos muito mais sofisticada da obra com a nossa vivência aqui nessa terra complicada. Pra mim ela melhorou o cânone. 📜



Bree vestindo blusa azul e calça jeans clara e tênis branco


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Livros Leves: lista amiga II

 Essa é a mostrar a segunda parte da lista de livros leves sugeridos por minha amiga Heci Candiani. A primeira parte você pode encontrar aqui. Vamos lá, que aqui tem mais preciosidades!

1. Breve história de um pequeno amor: 💕

capa do livro de marina colasanti- desenho de uma mulher  só em lineart e uns ramos de plantinhas e passarinho
A capa mais bonita é da versão em espanhol

    E este livro da Marina Colasanti ficou para esta segunda parte da lista. A beleza da capa da edição colombiana, fica por conta da  ilustração de Elizabeth Builes. Dentro, a arte combina muito bem com a intenção do livro, retratando com suavidade suas duas personagens principais: a autora e uma pomba. Fiquei sabendo que é um livro sobre o amor.💓

    Mas há também a edição em português sendo vendida em sites especializados. Em um deles, achei e recortei um trecho da resenha:

    "Nessa obra, a autora narra sua relação com um frágil pombo recém-nascido e o desafio de experimentar o ciúme, a aflição, o medo, a saudade, a alegria, a preocupação e tantos outros sentimentos que só tocam aqueles que ousam amar o outro. E o leitor, por meio da prosa poética e sensível de Marina, também descobre-se enamorado do pequeno pombo, torcendo - como ela - para que ele cresça o bastante para tornar-se independente, mas que esteja sempre por perto - ainda que na apenas na lembrança de uma linda história que, certo dia, pediu para ser contada."
 
2. Fala, Amendoeira: 🌳

capa do livro fala, amendoeira de carlos drummond de anrade


    Em Fala, Amendoeira, temos algumas crônicas de Carlos Drummond de Andrade, que é sempre uma boa pedida: seja porque escreve bem e bonito, seja pela perspicácia do olhar (muito conteúdo, além da forma, envelheceu bem, segundo dizem os jovens hoje).
    Sobre a obra, um comentário vindo da Estante Virtual, risos, com a finalidade de mostrar também que essa joia pode ser adquirida por um ótimo preço, (até esse momento, R$ 4,64):

"Fala, amendoeira é uma reunião de 44 crônicas originalmente publicadas no jornal Correio da Manhã, em que o poeta mantinha uma coluna desde 1954. Em texto introdutório, Drummond escreve na abertura uma espécie de tratado do gênero: “Este ofício de rabiscar sobre as coisas do tempo exige que prestemos alguma atenção à natureza — essa natureza que não presta atenção em nós. Abrindo a janela matinal, o cronista reparou no firmamento, que seria de uma safira impecável se não houvesse a longa barra de névoa a toldar a linha entre o céu e o chão — nevoa baixa e seca, hostil aos aviões. [...]”. Porque a crônica vive em grande parte desses contrastes, daquilo que poderia ter sido (antigamente, num tempo ameno, na infância do autor, numa era de ouro) e aquilo que de fato é (a vida em cidades que crescem e se transformam desordenadamente, o próprio envelhecimento do autor, as atordoantes mudanças de costumes a cada passagem de geração)."



3. Por parte de pai:✏👴

fotos antigas e amarelada de um álbum de família
Publicado em 1995, com 76 páginas.

 Por parte de Pai é o livro de memórias, de Bartolomeu Campos de Queirós, mas poderia também ser um romance de formação. Não é um livro grande, 76 páginas e achei muito interessantes as diferentes opiniões sobre o texto nos comentários do site Skoob, é só clicar no link. 

Mas se você quiser uma resenha menos informal, aqui uma encontrada no site da amazon, onde o livro pode ser adquirido: 

"Resenha especializada A Taba:

Este é um livro de memórias da infância de Bartolomeu Campos Queirós (1944-212). Com a linguagem poética e sensível que caracteriza o estilo do autor, um menino conta o tempo em que viveu com os avós, na rua da Paciência, numa cidade do interior. É o olhar do avô Joaquim, pai de seu pai, que o menino tenta reavivar, mas é também o seu olhar que é buscado com tudo o que ele não compreendia ou com seu entendimento concreto das metáforas, dos provérbios e das falas que os adultos deixavam subentendidas. O avô era um homem especial que escrevia as histórias de família, de casa e da vizinhança, seus pensamentos e aforismos nas paredes de sua residência. Enquanto o avô escrevia, o neto imaginava e se perguntava a partir dos seus escritos. Este é um relato comovente, íntimo, cheio de pequenos silêncios e graças sobre a cumplicidade e a solidão que perpassam as gerações."


4.O menino no espelho:🔍👦
Capa sem ilustração, o sobrenome do autor bem grande, se destaca

O livro traz capítulos quase contos que levam leitores juntinhos de volta à infância. Não só as grandes livrarias, mas muitos blogs voltados para os mais jovens, trazem o livro em suas páginas de sugestões. O blog A Taba, aposta na obra e é de lá que veio a resenha escolhida: 

"O menino no espelho, de Fernando Sabino, narra as aventuras e fantasias da infância do escritor em Belo Horizonte. Ilustrado por Carlos Scliar, o romance é recheado de cenas prodigiosas, a começar pelo primeiro capítulo, quando o narrador relata como conseguiu livrar a galinha de estimação de se tornar o almoço de domingo. Dono de uma imaginação criativa, o garoto é estimulado pelos acontecimentos ao redor e levado às mais atrevidas brincadeiras. Certa vez, após assistir ao filme no cinema, ele deseja realizar vários milagres a exemplo do ator da história. Assim, é capaz de se tornar invisível e assustar os adultos da casa. Também é por um milagre que consegue interagir com os heróis preferidos, como Tarzan e as personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Mas nem todas as travessuras são bem sucedidas e algumas confusões acabam acontecendo, como a investigação da qual participa: a invasão da casa abandonada pela sociedade secreta Olho de Gato. Ora com humor, ora com poesia, a obra transporta o leitor aos momentos mais deliciosos da infância."


5. Durante aquele estranho chá:🍵


Durante Aquele Estranho Chá, Lygia Fagundes Telles

    Nestes fragmentos de memórias, Lygia Fagundes Telles passa a limpo momentos decisivos de sua formação literária e humana. Encontros com personalidades se entremeiam com reflexões sobre o ofício do escritor e a condição da mulher no mundo contemporâneo. Posfácio de Alberto da Costa e Silva.

    Aqui, Lygia Fagundes Telles compartilha conosco um tanto da sua biografia, devidamente refletida, especialmente no que diz respeito ao ato de escrever, o ser mulher e mesmo os encontros marcantes que aconteceram. O posfácio da edição que aparece na imagem, ficou por conta de Alberto da Costa e Silva (por acaso filho de um dos poetas piauienses que me formou, rs).

    A respeito dos encontros importantes, o resenha da editora (a Companhia das Letras), destaca nomes de pouco vulto (ironia). Já pode colocar aí no seu carrinho de compra:

“Das conversas com Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre às visitas a Jorge Amado e Zélia Gattai, da amizade com Hilda Hilst a um estranho diálogo com Jorge Luis Borges, passando por uma entrevista concedida à amiga Clarice Lispector, a autora passa em revista momentos que enriqueceram sua sensibilidade artística e sua visão de mundo.”

    Os preços variam de R$ 52,90, R$ 33,90, R$ 8,00 (!!!), mas esse tem uma capa diferente, heim!




6. Senhor Augustin:👞🎅🌂

Como último livro da linda lista que Heci nos presenteou, vem o Senhor Augustin, de Ingo Schulze, publicado pela bela e extinta Cosac Naif. Um livro para os pequenos, mas que pode sim encher o coração de qualquer uma e qualquer um. Fiquei feliz em saber que o autor nos leva a prestar atenção no processo de envelhecimento, a partir do jeitinho peculiar do Senhor Augustin. O livro pode ser encontrado em livrarias e em sebos, inclusive on-line. Segue a resenha que encontrei em um volume na Estante Virtual.

"Ingo Schulze é mais um exemplo de autor consagrado que também escreve obras primorosas para os pequenos leitores. Neste livro, ele utiliza toda sua habilidade literária para abordar o tema da velhice, contando a história de um personagem bem inusitado: o senhor Augustin, que com o seu inseparável chapéu às vezes confunde o guarda-chuva com o cabo da vassoura, usa um sapato diferente em cada pé e acaba sendo motivo de chacota das crianças. Com texto sutil e irônico, Schulze demonstra como pode ser muito solitário envelhecer, se não houver solidariedade e consideração dos mais jovens. As alegres ilustrações de Julia Penndorf, combinam cores vibrantes com colagens de diferentes tipos de papéis. A edição brasileira traz dois textos escritos especialmente para o volume: uma carta inédita do autor que revela como surgiu a ideia para o livro e a quarta capa Thiago de Mello, que se emocionou com a história de Schulz."


Ps. Apesar dos links que coloco, eu não ganho nada com a divulgação. Se fosse o caso, eu avisaria antes.





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