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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Comentário*: Só Garotos - Patti Smith

 




Eu sei que nosso tempo está vivendo seu próprio temor nuclear e mais um fim do mundo orquestrado pelos poderosos do mundo capitalista, mas dia desses eu fui contemplada com a leitura de um livro de escrita tão leve e gentil com as pessoas neles descritas, mesmo quando o tempo também não era gentil e leve com elas. Estou falando do famoso Only Kids/Só garotos, da Patti Smith.


Quem se sempre se sentiu estranho na vida ou se sentiu assim pelo menos em alguma fase dela, vai se identificar com a descrição que Patti faz de si e do seu grande companheiro Robert Mapplethorp. Mapplethorp, por sua vez, levou isso às últimas consequências, criando uma arte ousada, às vezes chocante, às vezes delicada e, na minha humilde opinião, maravilhosa. Patti criou o tecido de relações importantes e contribuiu criativamente com suas apresentações poéticas, desenhos e canções, em uma rede de artistas incríveis que perambulavam mais ou menos pelas mesmas ruas da Nova Iorque daquela época. O livro que ela escreveu, mais do que uma biografia de si é uma biografia da relação dos dois (processo, transmutações etc).


Ter aquela comunidade arrasada pela epidemia de AIDS da década de 1980 foi uma grande perda para a cultura dos EUA e do mundo e talvez até hoje estejamos pagando o preço por eles não terem cuidado dos seus filhos, como gostam de dizer. Algo parecido com a enorme perda cultural que a nossa ditadura fez com seu conservadorismo hipócrita, que foi parcialmente herdada pela jovem democracia. Mas essas são correlações que faço de forma passional (quem disse que a passionalidade não pode ser inteligente- além dos gregos?), ao sabor dessa leitura e da madrugada cheia de notícias. Mas quem quiser usar como tema de pesquisa, pode ficar à vontade, as entidades do mundo sabem como é preciso saber onde estão nos metendo de novo.




* Originalmente publicado na newsletter "Clube de Profecias".

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