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domingo, 13 de março de 2022

Conversa em vermelho com o artista desconhecido do Instagram

Pardal de perfil empoleirado no canto direito e atrás um fundo todo vermelho

Tudo o que você me mostra, em vermelho, eu gosto. Vermelho parece uma das cores do infinito. E nem é pela guerra. É pelo sangue que corre apesar dela. Há uma beleza estranha no pardal contra o muro monocromático. O pardal deixa de ser pardo. O marrom parece mais interessante. É por isso que eu passei a usar muito mais batom vermelho. Se você me visse, sem máscara, eu estaria usando um batom vermelho mate- mate quer dizer fosco, na linguagem dos cosméticos. Sem brilho, porque o brilho já é a própria cor, sem nenhum verniz. Então eu poderia ser uma das suas melhores modelos, junto com os muros que você encontra. Os muros vermelhos são realmente modelos insuperáveis. São os que eu mais gosto. Os amarelos queimados, amarelos velhos ou algum novo sinônimo inventado pela pantene, também ficou especialmente interessante no seu conjunto. Com verde escuro. Quem diria. Nunca pensei que as cores da bandeira do meu país pudessem oferecer harmonia e beleza juntas. Mas isso foi o seu olhar, que desconhece esse fato e o meu olhar, que ignora os seus motivos- então  aqui sou eu supondo que você precisou de algum. Eu só queria falar um pouco da cor vermelha. A minha medida dela é exatamente essa “só um pouco”, pra dar alguma chance para as demais. Eu estou sentindo falta de deixar o vermelho dar a última palavra. A vida que pede a última palavra e as primeiras, e algumas no entremeio, se tiver chance. E é isso, meu amigo desconhecido. Tanto andei desde as tuas fotos que deixaram o vermelho reinar. 

sexta-feira, 25 de junho de 2021

De Pã e de Cristo

Noites Gregas- Podcast
Print do episódio: O último oráculo do podcast Noites Gregas























 professor,

é importante abandonar a faca cartesiana

longe desta mesa

esse pão se reparte com a mão

sua massa veio de uma receita

retirada de um naufrágio

restos perdidos em um mar que não existe mais,

 

no limiar do meu afogamento,

marinheiro pele escura

de melanina e de sol

chifres, pés de cabra,

e um imenso falo,

meu último sorriso no rosto

mancha de sangue aquele trecho de mar

vermelhos véus...

atravessam minha última vertigem

 

uma cruz, meu irmão

gêmeo, ou eu mesmo,

que sangra,

está em terra

quente, seca

aperta as pálpebras antes do fim

vendo mais longe

ele me garante a mim mesmo

ou mesma

que seremos um

e ele aprenderá minhas lições

e a terra de novo se tornará fértil

 

e assim, molhado e salgado, retorno à sua ceia

o trigo já em pão convertido

o meu sangue e o do meu irmão

a fertilidade do verbo e do chão.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Conversa com Blake

Toda noite e toda manhã
Algo de miserável nasce bom
Cada manhã e cada noite
Algo de bom nasce da doce pernoite
Algo de bom que nasce da eterna noite*



*Tradução adaptada e alterada de propósito, como é de praxe aqui.

sábado, 1 de junho de 2019

araramor





Subo no que desejo
Como se um morro vermelho escalasse
E a cada avanço incorporasse
Pedaços inteiros de alguma totalidade.

O barro do paredão—luxúria
Mastigado e engolido
Avidez de se tornar una,
Por um instante de delírio.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Vermelho, caldeirão da manhã

posso ainda preservar um gosto pela botânica

O que Cy Twombly chama de flores eu posso chamar de sangue ou de vestido vermelho carmim

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