domingo, 11 de dezembro de 2016

Livros e a falta de tempo

Uma das coisas que tive que aprendi a negociar comigo mesma por uma questão de tempo e de prazer, é a alternar as leituras acadêmicas com as leituras literárias. Alternar ou simultanear. rs. Isso porque, se permitirmos, as exigências do trabalho podem consumir todo nosso tempo disponível de leitura para elas. Para mim, isso sempre foi algo ao qual não estive disposta.

Os livros, por meio da literatura, sempre estiveram na minha vida, antes até de aprender a ler, com meus livros-discos de vinil. Sempre foram refúgio e caminho de ampliação do universo, dos meus sentimentos, de aprofundamento de relações e da compreensão de mim e também do outro. Claro que, quando criança, eu só intuia isso, lia por mero prazer sem saber ainda no que aquele prazer era capaz de se desdobrar. Agradeço à minha mãe, que teve a sensibilidade de me apresentar aos livros desde cedo, mesmo quando era raro o momento em tínhamos condições de adquirí-los.

Então, hoje, já adulta, meu tempo é ocupado com uma série de exigências normais da vida de qualquer adulta, exceto pelo fato de que nós professoras lidamos com livros como nossa principal ferramenta de trabalho.

Apesar de ter muita sorte de estudar o que gosto, nem sempre as leituras são fáceis, ou estimulantes. E o prazer eventual da leitura de um livro acadêmico é algo que acontece de um modo mais lento, por caminhos diferentes dos que os livros de conteúdo mais literário (nesse sentido mais genérico, mesmo) tem e que eu gosto e preciso.

Tudo isso é para falar que nem as exigências do mestrado ou do doutorado fizeram com que eu me afastasse dos meus amigos. Eu tive que fazer algumas opções, contudo, e era isso que eu gostaria de compartilhar com vocês, algumas das escolhas que precisei fazer, algumas conscientemente e outras que só me dei conta quando notei que um padrão havia se instalado com o tempo. Aí estão:

1. Passei a preferir livros de tamanho médio (até 120 páginas, mais ou menos) aos calhamaços;
2. Passei a dar mais atenção à poesia, que eu já amava. Apesar de exigir um espaço emocional considerável dentro de você, em geral, as obras de poesia são menores, pelas próprias características que o gênero foi adquirindo com o tempo;
3. Passei a escolher livros de autores com uma linguagem mais fluída, mais gostosa, como o Valter Hugo Mãe, do que os desafios da literatura russa e similares;
4. Passei também a me focar mais nos contos, também;
5. Passei a olhar com mais carinho a produção de quadrinhos.

O bom é que temos obras primas de todos os tamanhos ao nosso dispor. Então, talvez tão cedo eu não tenha tempo de ler "Guerra e Paz" (Tolstoi) ou "Em busca do tempo perdido" (Proust), mas consigo, por exemplo, ler "Bartleby, o escrevente" (Melville), "Joquei" (Matilde Campilho), "Coisas de amor largadas na noite" (André Gonçalves), ou os quadrinhos em capa dura da GRAPHICMSP, sem sentir remorso por precisar abandonar a leitura e sabe-se lá quando voltar, porque é mais fácil terminá-los rapidinho, até dentro do ônibus  enquanto você vai para o trabalho ou universidade.

E o prazer continua. <3

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