Boas novas na poesia piauiense: livro de versos da Laís Romero para o início de 2019.
Por ora, cinco poemas novinhos que estarão lá nesse livro bastante aguardado por quem acompanha o trabalho da Laís. Particularmente esse primeiro me disse tanto. Suspirei.
Contemplemos.
1.
Não procuremos a verdade
nós soterrados nas
palavras
Ensolarados encaremos,
nus,
os resultados da nossa
apatia
Vastos pálidos campos
rasos
de sentido e de sabor
Títulos nos assombrem
fugidios
em ricos tipos e
tipologias da fé
O ventre parideiro
persiste
enterrando sua hóspede
inanimada
é chegada, enfim, a hora
marcada
para o dado fato exato
juízo animal
2.
Minha poesia tacanha se
arrisca:
vai sozinha às ruas
metafísica de garagem
feito irresponsável de mulher.
Uma poesia tímida e vadia
que se arrisca.
Há fogo e valsa nestas
linhas.
3.
Temos as mãos ainda entrelaçadas
no meio do apagão atrasado
uma linha de pessoas nuas
treme as estruturas antes
perenes
um punhado de palavras
domina o inerme:
- Venha, que o medo cede e
não nos segue.
4.
medonho bloco pesado grafite
sustentado por árvores e
prédios
um outrora chamado
firmamento
carregado por toda sorte
de criaturas
habitado pelo princípio,
construído pelo fim
grande angular coroada de
passado
medonho bloco pesado
5.
[Poemas são fraquezas em tempos de leituras feitas com os olhos vendados]
[Poemas são fraquezas em tempos de leituras feitas com os olhos vendados]
Com os olhos embotados
não é possível desenhar o
céu
fica como estava, borrão
calado,
de uma tentativa/fracasso
Com as mãos amarradas
não se acena no salão vazio
a cabeça continua baixa
e o suor amarga meu perfil
[coro]
Benditos os paladinos da
esperança
vestidos por discursos
verdejantes
coroados nas intempéries
absolutas
de uma aurora desmontada
pelo vento.
Laís Romero, nascida em
Teresina no ano de 1986. Mulher, mãe, escritora e outras atribuições sociais
menos importantes que isso.
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