🐳 Cachalotes - a foto sobre o belo poema |
Por muito tempo, eu desejei ter um livro de uma das escritoras que me inspirou a ser poeta. Apesar de aparecer em publicações diversas, Laís Romero decidiu trabalhar com muito cuidado e durante muitos anos, o seu primeiro livro de poesias, pouco tempo depois do lançamento do seu primeiro conto. O que escrevo aqui são as impressões que eu tive ao ler o livro pela primeira vez e também as que tive ao conviver com Laís ao longo dos anos- ela pode me culpar de qualquer leitura controversa dos fatos e da vida, hehe! 🌻
Acredito que apesar da grande agência que uma mulher como minha amiga pode ter, o atraso, com algumas aspas, daquilo ao que tanto dedicou a alma, diz muito de uma estrutura capenga e rota, que é tão difícil atravessar e, sempre que acontece, saímos sempre muito adoecidas e pior, sem esperança. Mas como disseram Victoria Santa Cruz e Maya Angelou, não retrocedemos e nos levantamos sempre que conseguimos acessar nossa rede de cuidados. 💪
Então, eu acredito que esse livro, como um livro escrito daqui do Piauí, por uma mulher negra, parda, de origem indígena- resultado de violência e apagamento das nossas ancestralidades, sobram-nos os fenótipos e o resto de memória oral, mas a terra conta sua história e ela existia antes de nós, com os nossos-, eu acredito que esse livro e os demais que vem saindo dessa mente sensível e criativa, fazem um grande movimento geral, dentro de mais um grau de liberação das mulheres, tão heterogêneas. 👩👩👧
Mas se eu fosse escolher um poema para ilustrar Laís, seria justamente Mátria, onde acompanhamos abrigo e percurso, onde nele ela insiste na coragem. Mesmo maquiando olheiras. Além dele, escolhi alguns dos meus favoritos, contudo, a verdade é que cada um deles mereceria uma postagem própria. Por enquanto, são esses: 📚
Alguns dos meus poemas favoritos de Mátria:
Percurso do silêncio
O nervo nu lambido
nervo nu tocado
vibrato
corda do acaso
o nervo nu imposto
nervo da margem
nervo açoite
nervo automático
mais dia
menos dia
o nervo nu combate
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Credo
Eu acredito na poesia
Coisas incontornáveis e inúteis
Creio na palavra
Nos tambores versos guiados
Espelhos da realidade
Flecha
do gesto ancestral
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Antes de ser mulher,
meu amor,
nada era meu
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Debaixo dos meus pés
as mortas falam
amenidades e comentam
tantos prejuízos
Confundem meus segredos
com as belezas do passado
trançam iniciais da família
nas raízes das árvores
Uma madrugada suada
me abordam nos sonhos
acariciam meus cabelos
e me acordam mais um dia.
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Esta poesia tacanha se arrisca:
vai sozinha às ruas
metafísica de garagem
feito irresponsável de mulher
Uma poesia tímida e vadia
que se arrisca
Há fogo e valsa nestas linhas
- Convido a todes, todas e todos a ler essa belezura! 😊
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Nós já trouxemos antes a Laís Romero aqui: 📑
https://diariocriativopassarim.blogspot.com/2018/01/lais-romero.html
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Onde encontrar a produção efervescente da Laís Romero? ❤️🔥
🔴 MÁTRIA: https://www.lojadaclara.com.br/produto/matria-lais-romero.html
▪️ Amora https://www.amoralivros.com.br/post/novas-autoras-contos-ineditos
▪️ O instagram da diva: https://www.instagram.com/l4isromero/
▪️ Blog http://humanahumana.blogspot.com/
▪️ Poemas https://www.yumpu.com/pt/document/view/13051477/6-poemas-de-lais-romero-desenredos
▪️ Mais poemas https://revistaacrobata.com.br/demetrios/poesia/2-poemas-de-lais-romero/
▪️ Memória: https://poesiatarjapreta.blogspot.com/search/label/La%C3%ADs%20Romero