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domingo, 9 de junho de 2019

Brené Brown: Vulnerabilidade e Coragem

Escutando o meu podcast favorito Talvez seja isso, que abordou pausadamente a mágica contida nas páginas do livro Mulheres que correm com os lobos, uma das sugestões extras das locutoras/criadoras Bárbara Nickel e Mariana Bandarra que se repetiu e chamou minha atenção foi a menção a Brené Brown (pelo modo afetivo que a Bárbara falava dela). Descobri o Ted da Brené Brown e vi que era um carinho e um puxão de orelha nas nossas almas aquilo ali.

Brown fala sobre vulnerabilidade, seu objeto de pesquisa há mais de 20 anos na academia. E ao contrário do que poderíamos pensar, ela não é uma mulher fofinha que defende a vulnerabilidade como uma coisa fofinha. Há uma mente bastante pragmática e eu diria até excessivamente disciplinada que se esforça em passar uma mensagem (sem usar a linguagem acadêmica, expondo-se) a quem se propõe a ouvir: não há criatividade, não há relações que valham, não há solidariedade sem exposição, sem vulnerabilidade. Não à toa Brown se tornou dessas autoras que persistem na lista dos 10 livros mais vendidos do The New York Times, além da sua palestra do Ted Talks ser das mais acessadas do mundo.(10 milhões de acessos até aqui).

Por isso, ter encontrado seu rosto nas novidades do Netflix esse ano foi uma surpresa muito encantadora e essa é minha sugestão dessa postagem: "O chamado à coragem". Eu ri e chorei e pus a mão na consciência e, acredito que se nos propormos a crescer como seres humanos, na vida pessoal, na vida profissional, como sociedade, tem muita coisa ali que merece um ouvido atento. Bora se dar uma chance? 



Uma das Ted Talks da Brené Brown


Ps. Essa é uma das postagens com mais tags que já fiz e é tudo de propósito ;)

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O medo, a estrada e o muro

O medo não é só o alerta quanto a uma situação de perigo. O medo é um indicador da nossa potência. Um sinal de que ela tá acumulando muita energia que não está sendo aproveitada. E como o medo é direcionado, ele aponta o caminho de liberar a potência e transmutar. Quando ele vem, é porque aquele momento, ou pensamento, ou emoção tocou em algo que nos faria dar um salto no desconhecido da potência.

E é por meio desses saltos que a vida se apresenta de maneira única. Ultrapassando barreiras de tempo e espaço numa afirmação de si.

Nosso comportamento natural é permitir que os medos se transformem em muros que nos mantêm seguros, em limites de estradas já bem mapeadas. Muros seguros que nos impede de ver além do muro que também somos nós. Limites que treinam nosso olhar para o adiante supostamente já conhecido (por isso, seguro, ainda que nos maltrate), quando existem trilhas e veredas em profusão a serem percorridas e mesmo construídas a partir dos nossos passos.

O medo também é a intensa percepção do além muro e de que os limites da estrada conhecida não são obstáculos intransponíveis. A estrada, que um dia foi uma trilha que deu certo para a primeira de nós, (seja lá o que tenha sido esse "dar certo") e que, por segurança, por adestramento, por comodidade, por preguiça ou por fé sincera, a maioria de nós continuou a seguir.

E tanta infelicidade, tanta insatisfação, tanto medo surgem por resultado desse apenas continuar, já que aquela estrada não era sua e nem aquele muro era tão seu como você imaginava. Quem encontra sua trilha e tem coragem e possibilidade de segui-la, pode até vê-la transformada em estrada, mas ainda assim será sua estrada; também pode-se construir algum muro (eles podem ser úteis, por um tempo), um muro baixo, com vista para o outro lado. Mas daí ambos seriam potência transmutada em vida, compondo o cenário maior da paisagem, com muitos territórios a serem provocados em explosões de suas potências coloridas.

Já depois de terminar o texto, eu lembrei de um poema do Mario Quintana que eu relia muito, em uma determinada época da minha vida. Por algum motivo que eu desconheço, parei de relê-lo e segui por outros versos. Fala de um caminho velhinho, um caminho esquecido. O caminho dele me parece uma das minhas trilhas. Porque as trilhas podem ser caminhos já tentados e abandonados, caminhos já descobertos em outros tempos e esquecidos ou caminhos que nós mesmos começamos a trilhar e, que, pelos mais diversos motivos, largamos. Quintana me fez lembrar que essas trilhas adormecem, algumas podem até ficar em "estado de morte" se não tem mais seu caminhante. Mas sempre pode acontecer de uma trilha já abandonada por alguém que decidiu que era mais sereno seguir a "estrada de todos", sirva de incentivo para outros caminhantes percorrerem aquele caminho e criarem novas retas e voltas. Quem sabe a gente não esbarra com uma dessas depois que arriscarmos pôr o pé fora daquela estrada.

Tem uns 7 anos que essa foto aí foi tirada por uma amiga minha, numa das praias de São Luis. É meu eu de 7 anos atrás numa trilha, depois de tomar uma importante decisão.

Caminho (Mario Quintana)

Era um caminho que de tão velho, minha filha,
já nem mais sabia aonde ia...
Era um caminho
velhinho,
perdido...
Não havia traços
de passos no dia
em que por acaso o descobri:
pedras e urzes iam cobrindo tudo.
O caminho agonizava, morria
sozinho...
Eu vi...
Porque são os passos que fazem os caminhos!

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