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sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Aquarela

Minhas brincadeiras com aquarelas, papéis, recortes, caderninhos e poemas tem me mantida sã, especialmente esse ano. E você? Anda permitindo que seu lado lúdico te salve?  Dá uma chance, ele tá aí só esperando...


Esse desenho com essa menina de cabelos rosas e grandes numa trança, foi pedido pela Bárbara e é inspirado nas ilustrações da Danielle Donaldson.


E essa sereia linda eu fiz porque queria algo mais colorido e etéreo- e também é inspirado na Danielle Donalson

domingo, 9 de junho de 2019

Brené Brown: Vulnerabilidade e Coragem

Escutando o meu podcast favorito Talvez seja isso, que abordou pausadamente a mágica contida nas páginas do livro Mulheres que correm com os lobos, uma das sugestões extras das locutoras/criadoras Bárbara Nickel e Mariana Bandarra que se repetiu e chamou minha atenção foi a menção a Brené Brown (pelo modo afetivo que a Bárbara falava dela). Descobri o Ted da Brené Brown e vi que era um carinho e um puxão de orelha nas nossas almas aquilo ali.

Brown fala sobre vulnerabilidade, seu objeto de pesquisa há mais de 20 anos na academia. E ao contrário do que poderíamos pensar, ela não é uma mulher fofinha que defende a vulnerabilidade como uma coisa fofinha. Há uma mente bastante pragmática e eu diria até excessivamente disciplinada que se esforça em passar uma mensagem (sem usar a linguagem acadêmica, expondo-se) a quem se propõe a ouvir: não há criatividade, não há relações que valham, não há solidariedade sem exposição, sem vulnerabilidade. Não à toa Brown se tornou dessas autoras que persistem na lista dos 10 livros mais vendidos do The New York Times, além da sua palestra do Ted Talks ser das mais acessadas do mundo.(10 milhões de acessos até aqui).

Por isso, ter encontrado seu rosto nas novidades do Netflix esse ano foi uma surpresa muito encantadora e essa é minha sugestão dessa postagem: "O chamado à coragem". Eu ri e chorei e pus a mão na consciência e, acredito que se nos propormos a crescer como seres humanos, na vida pessoal, na vida profissional, como sociedade, tem muita coisa ali que merece um ouvido atento. Bora se dar uma chance? 



Uma das Ted Talks da Brené Brown


Ps. Essa é uma das postagens com mais tags que já fiz e é tudo de propósito ;)

sexta-feira, 25 de março de 2016

Uma quinta feira na praia


Eu demorei 31 anos para entender que eu poderia aproveitar momentos como esse com leveza, sem remorsos, sem medos, com serenidade. Algo que parece tão simples e que para mim é fruto de uma elaboração com passos de formiguinha.

Tava muito bonito o dia de ontem.

Ps. O livro é Amrik, da Ana Miranda. O fundo musical é Nina Simone.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Poesia como libertação

Ontem li um texto que se chamava "Como a poesia pode libertar a mente de um prisioneiro", no qual está registrada experiência de Cristina Domenech com os presidiários argentinos que frequentaram seu curso de escrita poética. Logo de início ela nos lembra que para se ser poeta, é preciso ter ido ao inferno pelo menos uma vez. Assim, lá estava Cristina diante de sujeitos que haviam ido não só uma, mas várias vezes ao inferno. 

Tendo entendido que eles possuíam dentro de si uma quantidade imensa de matéria prima para a poesia, decidiu por em prática sua proposta: estimulá-los a usar as palavras para expressar tudo aquilo que se encontrava represado, reprimido, negado. Futuro, esperança, liberdade, palavras antes proibidas pela própria experiência de seu aprisionamento, tornaram-se palavras chave no desencadear desse processo.

Fiquei pensando cá comigo que talvez essa técnica pudesse ser aplicada a presidiários e presidiárias de outra natureza...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Um pouco de Esperança

Esperança Garcia, por Valentina Fraiz

A mulher acima, retratada delicadamente pela ilustradora Valentina Fraiz, é nada mais, nada menos que a aquela que redigiu uma das mais antigas petições feitas por mão escrava no Brasil. Calhou de ser uma mulher, calhou de ter nascido no Piauí. Esperança Garcia, que no dia 06 de setembro do ano de 1770, conseguiu, com um mínimo que capturava da cultura geral que lhe era negada, denunciar os maus tratos que vinha recebendo do feitor da fazenda na qual trabalhava. Tendo provavelmente aprendido a escrever quando ainda vivia nas fazendas administradas pelos jesuítas, os responsáveis pelo letramento na colônia na época, e, certamente, por "descuido" do sistema vigente, Esperança Garcia deixou seu nome da história, mais de 100 anos antes da abolição da escravatura. 

A primeira vez que li essa carta foi, anos atrás, numa das muitas vezes que vaguei pelo Centro de Artesanato da cidade de Teresina, observando as esculturas expostas ali. Uma delas é a de Esperança, sentada num banquinho, com a carta na mão. Lembro que naquele dia fiquei espantadíssima e orgulhosíssima com a informação. Por sorte, a internet hoje proporciona de um modo muito mais simples nosso acesso a esse tipo de documento histórico e então eu posso mais facilmente apresentar o conteúdo da carta a vocês (aí embaixo). A data da carta foi inclusive convertida no Dia da Consciência Negra do estado do Piauí. Daí, acreditando que cabe a nós não deixarmos que esse tipo de história se perca e nem que se transforme em mera formalidade num calendário, resolvi escrever essa postagem. Mas não tive essa ideia sozinha. Minha amiga Andreia, que também é professora, decidiu construir uma especialização em direitos humanos (como poucas, vale a pena procurar) numa das instituições que trabalha e ela, que é dada a inspirações como esta que vos escreve, encontrou em Esperança Garcia o grande símbolo do projeto: uma mulher, negra, escrava e que lutou pelos seus direitos quando estes nem sequer existiam formalmente na colônia, utilizando caneta e papel, coragem, uma consciência de si e do mundo, elementos que ainda hoje fundam nosso ponto de partida para pensarmos e realizarmos o que aprendemos a chamar de direitos humanos. Então, iluminada pelos seus próprios sonhos e pela história daquela mulher forte, encomendou a arte a Valentina Fraiz, que nos trouxe uma mistura de delicadeza e força, nos traços da nossa Esperança Garcia ali em cima.

Mas vamos à carta, que apresenta o português da época, com os desvios de ortografia que só reforçam a relevância do documento, além da excelente estratégia de apontar os maus tratos junto à negligência religiosa do feitor para com os escravos, num país que tinha o catolicismo como religião oficial:

"Eu sou hua escrava de V. Sa. administração de Capam. Antº Vieira de Couto, cazada. Desde que o Capam. lá foi adeministrar, q. me tirou da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua caza, onde nella passo mto mal. A primeira hé q. ha grandes trovoadas de pancadas em hum filho nem sendo uhã criança q. lhe fez estrair sangue pella boca, em mim não poço esplicar q. sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy huã vez do sobrado abaccho peiada, por mezericordia de Ds. esCapei. A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confeçar a tres annos. E huã criança minha e duas mais por batizar. Pello q. Peço a V.S. pello amor de Ds. e do seu Valimto. ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar a Procurador que mande p. a fazda. aonde elle me tirou pa eu viver com meu marido e batizar minha filha q. De V.Sa. sua escrava Esperança Garcia”

Você pode ler alguma coisa a mais sobre Esperança Garcia nos links a seguir, apesar de nada mais aprofundado que as próprias informações fornecidas pelo descobridor da carta, o historiador Luiz Mott: http://www.meionorte.com/blogs/josefortes/a-coragem-da-escrava-esperanca-garcia-10428

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Ingrid Jonker

 The face of love

Your face is the face of all the others
before you and after you and
your eyes calm as a blue
dawn breaking time on time
herdsman of the clouds
sentinel of white iridescent beauty
the landscape of your contesses mouth
that I have explored
keeps the secret of a smile
like small white villages beyond the
mountains
and your heartbeats the measure of
their ecstasy
There is no question of beginning
there is no question of possession
there is no question of death
face of my beloved
the face of love

(Ingrid Jonker- 1933/1965) 

Jonker é mais conhecida pelo poema abaixo, que não por acaso foi declamado por Nelson Mandela em 1994, quando se tornou presidente da África do Sul:

A criança que foi morta a tiros por soldados em Nyanga

Tradução livre de Maria Helena D´Eugênio

A criança não está morta!
Ela levanta os punhos junto à sua mãe.
Quem grita África ! brada o anseio da liberdade e da estepe,
dos corações entre cordões de isolamento.
A criança levanta os punhos junto ao seu pai.
Na marcha das gerações.
Quem grita África! brada o anseio da justiça e do sangue,
nas ruas, com o orgulho em prontidão para luta.
A criança não está morta!
Não em Langa, nem em Nyanga
Não em Orlando, nem em Sharpeville
Nem na delegacia de polícia em Filipos,
Onde jaz com uma bala no cérebro.
A criança é a sombra escura dos soldados
em prontidão com fuzis sarracenos e cassetetes
A criança está presente em todas as assembleias e tribunais
Surge aos pares, nas janelas das casas e nos corações das mães
Aquela criança, que só queria brincar sob o sol de Nyanga, está em toda parte!
Tornou-se um homem que marcha por toda a África
O filho crescido, um gigante que atravessa o mundo
Sem dar um só passo.
 
 
E ainda temos o lindo filme que fala da curta e intensa vida da Ingrid Jonker. Cá está o trailer:

[editado em 2021- o link anterior havia sumido]
 

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