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domingo, 17 de novembro de 2024

Conversa de mulherzinha: Barbie, minha infância e bell hooks

 

Margot Robbie como Barbie em sua casa rosa da Barbie

Originalmente publicado na newsletter Clube de Profecias, nov./2024*


Após alguns meses, consegui assistir um filme completo! O felizardo da vez foi Barbie (2023), um filme que tem o mérito de dar uma ótima provocada no meio do entretenimento, usando algumas críticas feministas como fundo do mundo cor de rosa da boneca mais popular do mundo.

Coincidentemente, estou em leitura avançada de um livro da bell hooks, Comunhão, em um trecho que remete ao apoio de um círculo de mulheres, em momentos de encararem a verdade sobre si mesmas, inclusive a respeito das promessas situadas e dos limites do feminismo do seu tempo.

Não chega a ser realmente leve a abordagem, porque eu tenho certeza que se você já entrou em crise, do ponto de vista da sua condição de mulher em uma sociedade capitalista, você deve ter verbalizado ou pensado algumas das questões que a “Barbie Estereotipada com mau-funcionamento” faz quando entra em crise.

O humor dos “Ken” é muito bom. Um tanto de constrangimento, um tanto de pout-pourri satirizando símbolos masculinos da cultura pop e um exercício da diretora e roteiristas de pensar qual o papel de um ser que vive em função de outro, quando esse outro não quer estar mais lá.

A amiga grávida da Barbie, pareceu muito uma fofoca maldosa e real de qualquer periferia mundo afora. Como também aquele peso que essa geração de Barbies representou de que ter filhos é uma vergonha na vida de uma mulher (seres que têm úteros “funcionais” em partes da vida ou não), que coisas biologicamente vinculadas a esse tipo de corpo, desde a menstruação (ter ou não), engravidar (se tem ou não filhos), se aborta ou não aborta, tudo tem uma grande facilidade da espetacularização, se a finalidade for alcançada, que é controlar e reduzir essas sujeitas a um objeto dócil e maleável ao modo de produção econômica (como uma boneca). Sobre esse assunto, os órgãos reprodutores da Barbie e do Ken (ou a ausência deles) têm pelo menos dois grandes momentos na tela.

Aqui em casa a Barbie foi meu brinquedo do ano duas vezes. Mesmo em uma casa pobre, sem carro, sem forro, com um quarto para três crianças, a boneca, em sua versão mais simples, mas original (isso era importante) , estava presente e era muito querida por mim. Desde antes da onda atual de bonecas pluralizadas, minha mãe também me comprava bonecas negras, mas quis me fazer essa vontade. Aliás, dona Joseny nunca foi de negar aos filhos o que poderia oferecer, desde brinquedos até uma boa escola, com sacrifício. Ela não ligava se seria julgada ou não, nem nisso, nem em relação a quase nada na vida, para falar a verdade- até porque geralmente o julgamento vinha sobre coisas que envolvia a liberdade dela, por exemplo. E é óbvio que ela merecia ter tido mais ajuda do meu pai nessa parte, mas nada disso havia começado ali e eu teria que voltar algumas décadas para oferecer mais contexto, o que não é meu objetivo aqui ainda.

Então as Barbies, Skipper e Ken, conviviam com minha “chuquinhas", meus bebês articulados e meus móveis feitos de caixa de fósforo, caixa de pasta de dente e caixa de sapato. Claro que eu poderia entrar aqui no tema da projeção física em uma boneca com feições irreais, uma mulher branca padrão. Mas o que me lembro agora é que a consciência da Nayara criança tornava todas as suas Barbies campeãs olímpicas, cientistas e vencedoras do prêmio Nobel (tem uma referência dessas no filme). Elas também eram mães das chuquinhas de todas as cores e também tinham poderes de fada e passavam as férias numa fazenda no pé de uma montanha encantada (um pé de goiaba).

O livro da bell hooks, por sua vez, envolve vários temas que eu nunca tive muito interesse em pesquisar, mesmo estudando um recorte do feminismo durante tantos anos e eu consigo perceber que esse desinteresse começou bem lá trás, talvez as primeiras antipatias residindo até antes mesmo da Barbie fazer parte do meu elenco de brinquedos. Tudo o que fosse tão explicitamente “de mulherzinha” eu detestava. Era meu paradoxo infantil: amar bonecas e detestar ser medida sob a régua “de mulherzinha”, porque me diminuía, nunca parecia uma coisa boa. E o livro da bell hooks finca o pé em todas essas coisas que, segundo ela, o feminismo negligenciou, mas que era muito importante para o mundo das mulheres, como o amor (coisa de mulherzinha?), e aí você precisa entender o amor como algo bem mais maduro que o que a cultura pop diz que é e também que algumas religiões hegemônicas dizem que é. Estou terminando a leitura, mas acho que ele é muito bom para mulheres da geração da minha mãe especialmente, há algo ali que começa geracional e que depois vaza para o restante de nós.

Mas essa coisa de ter aversão a um certo padrão esperado pelas mulheres pode revelar coisas importantes e cruéis a respeito de uma dos aspectos da nossa falta de amor: o amor próprio. Melhor que eu, você encontra esse assunto no pequeno livro de bell hooks, sem a conhecida maquiagem neoliberal desse tipo de livro, ela vai desenvolvendo seus pontos de vista de modo pessoal e histórico (EUA) de um modo que todos os gêneros podem tirar bons insights dessa espécie de convocação que ela faz.

E também recomendo o filme da Barbie 💗


domingo, 1 de setembro de 2024

Soft, but not available for mistreament (um conto)

as coisas estão ficando super estranhas- é o meu momento*

 

A mulher cética

 

O mundo se torna uma grande repetição de romances românticos entre personagens melosos e possessivos. Os sentimentos são reduzidos àqueles que se encontram nas páginas desses livros e das fanfics feitas sobre esses livros. O número de suicídios e assassinatos por motivo passional se eleva. Suicídios quase sempre duplos, ou triplos, diga-se. 

Como resolver esse caso, que só poderia ser um primo distante e pobre de um enredo de Saramago?

A mulher cética está ali para ajudar. 

Apenas a mulher filha do verdadeiro feminismo do século XX pode resolver o problema e salvar as civilizações humanas de um colapso. 

Se ela chegar a se convencer que isso é algo ruim…

Porque no meio do caminho, ela descobriu que nem todos os grupos humanos haviam sido afetados pela contaminação. E eles não eram céticos.

Isso deixou a mulher cética bastante curiosa - porque ela era cética e não cínica.

Ela compreendeu que as chamadas das redes sociais e os jornais provavelmente tenham sido sensacionalistas quanto ao alcance do problema. O que faz muito sentido, pois o drama faz parte do enredo daquelas histórias.

Preferiu essa explicação a qualquer outra que a fizesse pensar demais nessa questão, o seu ceticismo é bom para poupar ATP.

 

Ou talvez ela tenha depressão.

 

Depois de muitos dias, não se sabe quantos, ela decidiu visitar esses outros humanos que desviavam do padrão.

Spoiler: ela concluiu que o padrão era algo muito relativo.

As ruas não eram das melhores para quem anda à pé, as margens dos rios estavam distantes dos leitos.Havia pouco cimento. A mulher ficou contente de ter vindo com uma bota velha.

Esses foram os melhores lugares que ela foi. Não há registro a respeito dessa experiência na internet.

 

Ela afirma que seus novos conhecidos foram os responsáveis pelos seus passos seguintes.

Foi uma experiência horrorosa. Ela decidiu não descrever o que viu - de propósito.

Nela, ela descobriu que não era assim mais tão cética e que todas essas vivências haviam mudado-lhe. 

Ela havia ido parar em ****. Ali as emoções humanas também estavam em alto volume, como nas civilizações, mas ela nunca havia sentido nenhuma delas antes. Não é que ela não tenha ouvido falar delas, mas ela aprendeu, por repetição, que as ditas cujas haviam sido extintas. 

 

Um lado da mulher feminista sorriu malevolamente. Ela sabia que a mulher cética estava mentindo. 

 

A mulher cética não demorou muito em ****. Ela nem mesmo sabe como conseguiu sair de lá.

Voltou correndo. Mas o ouvido ficou treinado para a histeria das novas emoções. Ela conseguiu lembrar delas, mas preferiria: não.

 

A praga amorosa não retrocedeu. A esperança de parte das pessoas sobre a missão da cética não durou um punhado de dias e na verdade ela logo foi esquecida. Mas o esquecimento deles não fez desaparecer nossa heroína.

 

Ela é que vagava, esquecida de si. Estava quase maltrapilha, o que era algo bom, porque ser ignorada era melhor do que ser notada naquele lugar.

 

A mudança da estrada asfaltada para a estrada de terra, causou o efeito de um despertador distante. A mulher cética percebeu que estava em um território com um cheiro diferente. Melhor. Os melhores lugares estavam de volta.

 

A mulher cética se tornou a mulher cuidada.A mulher cética tornou-se muitas outras mulheres, além da cética, da feminista e da cuidada. Elas viviam juntas. Elas nunca desapareciam. Elas estavam nas outras pessoas e no mundo. E era engraçado, de um jeito triste, olhar pela janela do seu antigo mundo, lugar de pragas estranhas e esquecimentos trágicos. Ainda era o seu mundo, mas agora ele era bem maior do que aquele que haviam lhe postos nas mãos num momento de desespero deles. E o que tinha ela a ver com aquilo? 


Fim da parte 1


suave. mas não disponível a maus-tratos.



 *adaptei do jeito que eu quis

sábado, 9 de setembro de 2023

poema do dia

Esperança - Microcentrum rhombifolium


a nuvem


não adianta insistir com sua nebulosa história

não me preocupo com os desejos dos Gafanhotos

satisfeita, entrego minha dádiva preferida a

uma Esperança que salvei dos (seus) perdigotos

e se o verde resistir

tenho para mim a maior vitória.

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Lítio




meus cabelos caídos

como coágulos de menstruação,

enchem os cantos do quarto,

receptáculo dos restos do meu corpo,

ainda vivo,


não sei até quando...

depois que barganhei minha vida

com o farmacêutico da esquina,

cuja piedade reside

fora dos preços dos meus remédios,

parece que sempre fico por um fio

de não conseguir a próxima cartela.


e me sinto inserida na geopolítica internacional

assistindo ao noticiário que me avisa:

mais uma mina de lítio

descoberta na Bolívia.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

diante da dor dos outros*

Poesia: diante da dor dos outros


colagem de jornal com um torso que parece masculino onde da cabeça saem frases de jornal, algumas em destaque, sobre a guerra e outros problemas. fundo azul claro
autoria: R.L.❤



eu tento ficar bem, mas as notícias mais horríveis me atingem

e eu não consigo não sofrer

eu não vou aqui repetir quais notícias ou quais horrores foram descritos

grandes porções do universo longe daqui devem paralisar diante disso

tenho certeza

em algumas dessas porções do cosmo, esses problemas já estão resolvidos

por aqui, em alguns minutos, alguém que não os resolveu 

vai questionar a Moral, a Justiça, a Vida, a Morte, o Céu, o Inferno e o Purgatório

dar um descanso para seus próprios demônios- que não gostam de esperar

essa alternância, como um pé no chão e depois o outro, sustentam-se até o próximo ponto de ônibus

tão sofrido alcançá-lo quanto ter esperança de que logo virá

espero que já dentro dele, eu me distraia de mim.



* o título, sempre provisório, é o mesmo que o livro da susan sontag, o qual recomendo, quando você estiver mentalmente saudável. 

terça-feira, 30 de março de 2021

LIVROS! LIVROS! LIVROS!

 Hoje a postagem é para lembrar que tenho alguns livros que escrevi ou colaborei que estão disponíveis para compra. Dois deles você encontra na Amazon. Mas confesso que recebo ALGUMA COISA (rysos) quando compram comigo.

Infelizmente com a pandemia e meu desemprego por motivos de "ainda não entreguei a tese" (dentre outras questões particulares), não tenho como me organizar para enviar as obras por aí. Esse modelo só vai poder ser adotado depois da pandemia, de fato. 

MAS você que mora em Teresina, se realmente quiser algum deles, pode vir pegar comigo, na casa da minha mãe. É só pedir por email o/os exemplares: naybsousa@gmail.com.

Vamos aos meus queridinhos, então!


1. FILOSOFIA e um monte de outras coisas:

O primeiro! Tem alguns ensaios meus nesse livro bonito que organizei junto com os amigos José Elielton e José Vanderlei. Mas além de mim, tem muitas pessoas encantadoras nele, como a Ananda, Dani Marques e Laís Romero, que já apareceram aqui no blog. 

Olha que fofo!


Ele está por 20 reais comprando por email comigo. Também tem disponível na livraria Anchieta da Zona Leste, em Teresina. Não tem na Amazon, mas os próximos que apresento aqui, sim. 💟

2. FEMINISMO COMO METÁFORA: autocriação e política

O mais novo dos três, apesar de ter sido escrito primeiro. O "Feminismo como metáfora" é o resultado da minha pesquisa no mestrado, alguns anos atrás. Publicação viabilizada por meio de uma vaquinha, minha intenção lançá-lo estava em ajudar no cenário de "mulheres acadêmicas que publicam livros". Ainda estamos bem aquém em algumas áreas e entendi como algo importante para quem vem depois de mim entender que essas pequenas vitórias são possíveis, mesmo diante da violência que o mundo acadêmico pode ser. Há muita mais beleza a compartilhar, quando deixam.

No mais, já aviso que a linguagem é realmente bem técnica, mas do meio para o fim se torna bem mais fluida quando eu descaradamente lembro de algumas poetas que gosto para fundamentar minhas ideias. 😇


Com a publicação desse livro eu senti realmente que livro é sempre uma coisa coletiva

Meu filho mais novo tem o preço sugerido pela editora de 40 reais e é esse valor que você pode adquirir comigo (ao vivo, com álcool em gel e máscara). Na amazon você encontra para receber em qualquer lugar do país por 46 reais até a data dessa publicação (mas tem promoção de vez em quando, fica de olho). Quando a pandemia der um tempo (oi? espero que um dia isso ocrra), poderei diminuir o valor e fazer os sorteios e doações que gostaria. 😪


3. DECLARAÇÕES de uma alquimista sensível:

Declarações de uma Alquimista Sensível


Por fim, um tanto de poesia minha publicada pela Caneleiro Editora, da Dani Marques. Ele está disponível, por ora, apenas on-line na Amazon, onde você pode adquirir gratuitamente pelo Kindle Unlimited, ou ajudar a autora e a editora, adquirindo (também pela Amazon), pela bagatela de 12 reais.

Desse valor, a Amazon fica com cerca de 3 reais e o restante é dividido entre nós duas. Sim a multinacional se comporta como se tivesse algo a ver com igualdade entre sujeitos (no caso, ela).

Informo, ainda, para o caso de alguém quiser enfrentar esse monstrengo internacional e publicar seus livros por lá, a Caneleiro Editora faz esse trabalho com menos dor de cabeça para as escritoras e escritores. 😉


É isso, pessoal!

E vamos de comprar os livros, heim? Hahaha! 😂



segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O que pode conter uma página de diário- parte 3

Estou pensando aqui que essas postagens que estão falando sobre o que pode conter um diário é o meu metadiário. Um (quase) diário do meu diário. Um todo sobre fragmentos de diário. Enfim. 

No diário você desabafa coisas rápidas. Ou coisas demoradas, dependendo do seu estado de espírito. O meu com certeza é muito mais composto de muitas notas velozes e até sem sentido, numa leitura posterior, mas que no momento da escrita é tão necessário, que é como se meu existir dependesse disso. Depois, passa. Às vezes. Outras tantas, eu mal consigo retornar ao que escrevi, porque me dói lembrar, porque me constrange, porque já estou arrependida da escrita, do ato, do dito. Porque passei a odiar as personagens do meu monólogo. Algumas vezes, salvo uma frase mais inspirada e retorno ao ensinamento daquele dia. 

Risco, borro, testo arabescos, letterings. Mas isso vai em outra postagem da série.

Até lá.

 

 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O que pode conter um diário: página 2



 Duas fotos da mesma página do meu diário físico atual. Nem sempre estou disposta a cuidar da estética dele, porque em geral recorro  ao livro quando estou apressada em desabafar minhas impressões sobre o que quer que seja. Normalmente a organização vem num segundo olhar para o que já foi escrito. 

Mas essa página aí cai na exceção, como decidi que terei um novo caderno de diário ano que vem (esse já dura dois anos), escolhi passar a exercitar meus anos de apreciação de journaling gringa nele, quando a necessidade distração se unir a qualquer coisa relevante pra mim e quase sempre indiferente pro mundo. Assim é um diário. 

Uma nota em papel azul, que diz em cima “Melhor lugar para ir” assinalo “para ter sossego” e respondo: o quintal de casa ou qualquer lugar que tenha árvores e o silêncio humano. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Gotas

As opiniões e os gostos das pessoas que já amamos se tornam, por vezes, como gotas densas de algo que se deposita no fundo da alma. Eventualmente alguma coisa agita esse local de descanso e elas retornam à superfície, borbulhando e aderem a um objeto, a um lugar, ou a um sentimento e se misturam a ele. Desaparecem, por se transformarem em outra coisa. Retornam ao fundo da alma, agora mais densos, se a transmutação não ocorreu. Nesse último estágio, talvez sejam expelidas com violência, na próxima oportunidade. Talvez se tornem catalizadores de feitos incríveis da alma que residem. Talvez tirem a vida dela aos poucos. Quem sabe? 

Gota desenhada com aquarela preta
gota desenhada com lápis de cor preto e cinza

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Vinte e seis apontamentos e meio

1. Muitas manchas saem com limão- e é preferível estar à sombra;
2. Cuidado com a fome da alma;
3. A metade da laranja é uma mandala;
4. Manoel de Barros também costurava seus próprios cadernos;
5. A rua está vazia;
6. As confianças podem ser horizontais e verticais;
7. Consertar teorias nossas que não praticamos;
8. O julgamento é uma das expressões do animus;
9. Dançar é importante;
10. O passarinho azul é o pássaro da alma;
11. A tendência ao devaneio excessivo empobrece a vida;
12. Depressão é retenção de afetos;
13. O ridículo é necessário para o redimensionamento do desejo;
14. O salmão precisa da água limpa;
15. Abraços demorados desencadeiam a conversa do inconsciente com a alma;
16. Não entendo a linguagem dos relacionamentos amorosos;
     16.1. Se vivêssemos 1000 anos saberíamos disso.
17. É preciso admitir quando nossa paisagem é monótona;
18. A internet pode embotar os instintos;
19. Aprendi com a Dr. C.:" a vergonha te afasta do convívio social, mas nada está fora das fronteiras do perdão. As mulheres não estão fora da fronteira do perdão";
20. E com A.F. que “a inspiração se convoca”;
21. A vida tem uma magia própria que independe do nosso esforço de controle;
22. Al Green é música da alma;
23. E minha indignação não cabe no meu ethos;
24. "Direitos humanos é muito sobre ouvir as pessoas";
25. Peixes é um signo prático a partir do sentir;
26. Criar um estoque de ervas curativas;
27. Um ano depois e ainda sangro.
28. Deveríamos dar menos importância ao cargo de presidente;

Um ano novo melhor ;)


quarta-feira, 20 de março de 2019

poemas do exílio no quintal


Zéfiro é vento enfraquecido
como meu ventilador herdado do pai
Sim, houve um tempo em que os ventos tinham nome
e a natureza sussurrava numa língua
comum
e tudo era mais próximo da pele.

.....................

Tem ali duas pessoas-rolinhas
       uma pessoa- carambolo
       muitas pessoas-formigas
       duas pessoas-urubus
       uma pessoa-pessoa.

....................

Vejo andares sobre a morte
condomínios simples e sem muros
onde joaninhas e vermes peludos fazem morada
ao redor, a vida viceja
brancos cogumelos achapelados
tomateiros e suas flores amarelas
vovozinhos, dentes-de-leões
quebra-pedras
tudo vivo sobre a morte da velha goiabeira.

.....................

“Falsas asas de borboleta podem ser tão bonitas quanto as asas reais”

Alfinetar lepidópteros ao candelabro
atingir a desconjuntada perfeição
da beleza ignorada do lar
porque não pode expô-las ao mundo
e correr o risco de ser taxada de cruel
-pobre borboleta- e
portanto, anti-feminina
nunca artista, ou cientista
sempre mulher apoucada
superficialmente falando de si.

..........................

Queimei as asas da borboleta nas chamas da vela
resultante do apagão de ontem
se o bicho estava vivo ou morto
importa?

.......................

Arames agora guiam meu voo
um pouco mais à esquerda
o abismo me espera
à direita, o fogo de mil fornos acessos

borboleta capturada
converteram minhas 24 horas de existência
em horas sem fim
esticaram minhas cores
para que eu coubesse nas metáforas de suas mulheres enganadas
mas longe do tempo humano
eu já morri faz tempo.

.....................

O bizarro fetiche da coleção de borboletas
o fim científico não exclui a infâmia
ainda assim nos agrada
e assim a ciência é afastada.

...................

Não rasgue as minhas asas, criança malvada!
Tenho muito o que fazer
e meu tempo é curto!
Se me deixei pousar em sua mão
Foi menos por confiança
Do que pelo cansaço,
Por isso:
- Tire agora as mãos das minhas confiáveis asas!
Já é hora de voar!




lavanda




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Para a amazona que me habita


E depois da xícara pousada sobre a mesa
Ela veio
Galopante, em seu vestido florido
Aquele de sempre
Mas o sorriso era diferente
o cavalo acompanhava no passo a gargalhada que ouvia
os cabelos rebeldes
ignoravam os carros
em linha reta na direção oposta
visão que vinha do território que pulsava fora das janelas levantadas
logo abaixo da ponte
na beira do rio
foi de onde ela veio
toda em desafio ao dia cinza
com sua alegria desfraldada
em todos os brancos dentes
que estavam a vista- todos, um a um.
Escandalosa, voltava a cabeça para trás em desafio debochado
Aos que não ousaram encarar
 O vasto horizonte do desconhecido
Logo além da ponte proibida.

o cavalo acompanhava no passo a gargalhada que ouvia- pégasus colorido com essa frase sobre ele

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