terça-feira, 19 de maio de 2020

Meditação sobre o cogumelo azul





Há um cogumelo azul em algum lugar da Índia e da Nova Zelândia. Imagine só a beleza que deve ser esperar o branco e ver outra cor no lugar. O branco é uma cor, ele só não sabe disso. Será que o cogumelo azul ainda é um cogumelo? Ou será que seu brilhante pigmento o transmutou em algo outro? Embaixo, suas membranas suaves ressoam um tom avermelhado, como seus esporos. Azul e vermelho sobre o tapete verde de musgo e árvore com casca podre. Podre pra nós. Pra eles, isso é banquete. No meu quintal, os fungos são brancos, mas apreciam troncos caídos e velhos arbustos, como seus parentes indianos. Será que se sabem brasileiros ou indianos ou neozelandeses? Ou só cogumelos, seres saprófagos, de existência muito além dos chapéus coloridos, que eu aprecio? Eles se sabem muito além da ciência humana, pois têm a sua própria. Seus micélio, suas raizes, seu corpo, podem se estender discretamente por quilômetros, sem que outras espécies se deem conta. E são de muitas cores, conforme descobri hoje novamente e há 15 anos e há 28 anos.


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