sábado, 27 de agosto de 2016

Retorno ao não-saber


estava aqui lendo um pouco e me dei conta de que preciso passar por um processo de retorno a um ponto de ignorância. admitir que não sei de nada.
as certezas sobre o conhecimento passado estavam me amarrando em um estreito círculo vicioso de arrogância e, logo, de não diálogo. ora, eu pesquiso na área de filosofia. não há coisa mais anti-filosófica que você acreditar que sabe. o que se "sabe" está filosoficamente morto. ou morta.

inclusive acredito que essa constatação possa ser estendida para outros limites da vida. ao amor, por exemplo. quanto das nossas experiências passadas, quanto do que lemos, conhecemos e vivemos de algum modo cola na nossa experiência amorosa atual e aos poucos a paralisa em respostas repetitivas? em reações, mais que respostas repetitivas? 

é preciso lembrar constantemente que também não se sabe nada a respeito do amor. o não-saber do amor é seu espaço de existência necessário. o não-saber que nos atemoriza por um lado e nos seduz por outro.

fiquei pensando: quantas vezes eu não vi o outro, mas só as minhas lembranças do que "sabia" de uma experiência anterior? quantas vezes eu não me permiti estar presente diante apenas do que aquele outro me mostrava?

entendam: não ignoro que precisamos das nossas experiências acumuladas ou dos nossos saberes já adquiridos. a questão que tento colocar aqui é que, muitas vezes, podemos nos esconder atrás desses caminhos já vividos, conscientemente ou não. por estarmos em alguma zona de conforto, por algum tipo de medo, por alguma moral fajuta herdada, por medo do que se vai perder ao tentar ganhar. ou tudo isso junto.

no final das contas, eu volto à minha hipótese: o retorno ao não-saber. é ele que move nossos mundos e traz o novo. novos saberes, novos amores, novos de nós mesmos, nós mesmos muitas e muitas vezes em uma mesma existência.

A luz, símbolo do saber, as cadeiras vazias, tudo embaçado como num sonho. O saber ou o amor que se concluiu? O fim ou o que ainda está por vir? Adeus ou convite ao conhecer/amor? As duas cadeiras: o diálogo findo ou aberto? A foto é da obra do André Gonçalves e a utilização dela é devidamente autorizada ;)

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