quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Um dia triste

Então, hoje tornou-se oficial. A presidenta Dilma foi destituída da presidência, em um processo conduzido por pessoas no mínimo questionáveis, em um contexto de crise econômica, com a mídia hegemônica deliberadamente fazendo o recorte que melhor lhe convinha das investigações a respeito dos casos de corrupção, da própria crise e das manifestações. Claro que o Partido dos Trabalhadores diluiu a maior parte dos seus alicerces populares, arduamente construídos ao longo dos anos com os movimentos sociais, em conchavos esdrúxulos com partidos problemáticos como o PMDB e a chamada bancada BBB (boi, bala e bíblia). Diziam eles que era em nome da governabilidade que se aliavam a grupos com intenções ideológicas abissalmente diferentes daquela do partido com maior lastro nos movimentos sociais da história do ocidente democrático (ou pelo menos já havia sido mais diferente).

No final, aconteceu o que de pior poderíamos esperar. Como a ala conservadora, que flerta com o neoliberalismo (sim, ele existe) conseguiu aproveitar o jogo e a sorte de ter um ambicioso astuto como Eduardo Cunha com motivos suficientes para dar o ponta pé inicial do processo que terminou hoje (outros presidentes tiveram pedidos de impeachment, sem que nenhum deles tenha sido recebido e não é difícil entender que as causas não foram jurídico-processuais).

Um farsa pobre. A coisa é tão absurda, que o resultado de hoje foi fruto de mais um conchavo alinhavado às pressas: destituição do cargo de presidência, sem que os direitos políticos fossem cassados. Certamente já pensando neles mesmos, diante da devassa da Lava Jato e similares, possibilitada pelo aparelhamento estatal garantido principalmente pelo... Partido dos Trabalhadores, vejam só.

Agora eu pergunto: como se luta dentro das regras do jogo democrático diante de um cenário desses? Pedir reforma política ao Congresso mais conservador desde a última ditadura? 

Vai ser preciso lutar e é justo que se lute, tendo em vista que mudaram o projeto de país no meio do caminho e o presidente que assumiu também compunha a chapa desse projeto que agora nega. Nega e substitui por sua assustadora ponte para um futuro distópico. Onde está a consideração pelo projeto que os 54 milhões de brasileiras e brasileiros esperavam? Será que isso não deveria ser levado em consideração?

(O texto não está bacana, porque o dia não foi fácil, eu só não queria que passasse em branco.)

Não vamos cancelar nenhum sonho, Banksy. =]


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