terça-feira, 7 de março de 2017

Teresina e Paris

Caminhando pelo centro da cidade eu pude rever o último escombro construído com esmero, pelo abandono do teresinense em relação ao seu patrimônio histórico físico.
Mas, curiosamente,  dessa vez, a indignação e a raiva que eu costumo sentir quando vejo essas belas casas de um tempo remoto sendo substituídas por construções pragmáticas, como algum estacionamento, bom, essas emoções foram substituída por uma deliciosa satisfação de quem confirma uma teoria omitida de qualquer discussão pública, de modo que se garanta o seu sucesso absoluto, ainda que momentâneo e, para si mesmo, ao seu criador- ou criadora, como é o caso.

O fato é que, diante dos tapumes que tentavam encobrir a falsa vergonha da demolição, tive um forte indício de que ali residia a principal prova do nosso espírito forte. Explico um pouco melhor, antes que me acusem de não me importar. Lendo Gertrude Stein, na "Autobiografia de Alice B. Toklas", numa Paris do início do século XX,  sou surpreendida com a observação da autora, quanto à facilidade com que a cidade se livrava de seus prédios históricos e que isso ocorria de tempos em tempos, com certa regularidade, porque o espírito dos franceses, esse sim, era perene e robusto, logo, podiam dar-se ao luxo de desfazerem-se dessas futilidades históricas e abraçar o novo. O espírito sobrevivia a todas essas ruínas, as de agora e as futuras.

Vejam só! Paris! Quem diria que o teresinense encontraria um povo irmão em seu desdém histórico na Paris de 1920. É até de se orgulhar.

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