sábado, 25 de novembro de 2017

Nostalgia do fim

As coisas que eu me importava enquanto criança
não são as mesmas com que hoje me preocupo,
é preciso que se frise.
Mas são revestidas da mesma gravidade 
e da mesma volatilidade, 
sim,
bênção que nosso tempo finito, nisso empedernido,
concede-nos.

Quando eu estiver perto de partir,
Serão outros os assuntos que me importarão pela última vez:
Talvez algum ideal de humanidade
lamentado porque me despedirei sem vê-lo realizado -
as utopias levam mais tempo que uma vida humana é capaz de esperar.
Algum amor saudoso,
Algum arrependimento inútil.

E certamente aflorará
do lodo adormecido do escuro lago da memória
a delicada lótus: 
as brincadeiras de criança,
as comidas da mamãe,
a minha festa de aniversário de 3 anos
com a cama cheia de brinquedos coloridos e baratos, presentes da família e dos vizinhos,
que me saudavam em meu pequeno vestido listrado
inesperadamente elegante.

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