terça-feira, 4 de setembro de 2018

Dois poemas eróticos


Nenhum conto de fadas avisa
Que na primeira noite com o príncipe
Amor e dor rimam (fora daquela deprimente canção)
Mas dor boa
De boca machucada
De músculos distendidos
Manchas roxas no pescoço
Um pouco de febre e de sangue
E uma ardência gostosa no meu sexo de mulher.

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Meu homem tem reverências
Pelo meu corpo molhado depois do banho
Durante o sexo
Ou quando durmo sossegada
Descoberta e suada,
Porque o ventilador se quebrou.

É ateu o meu homem
Mas é fácil vê-lo em oração
Quando faz sua igreja entre minhas pernas
Devoto assíduo da pequenina santa
De uma religião sob os lençóis

Faz dos meus peitos cálice sorvido com gosto
E hóstia saborosa
Da minha bunda surgem tambores ancestrais
Que convocam gritaria e gemidos
De alegres antepassados
Dançando no compasso dos nossos quadris unidos

Meus cabelos em suas mãos fechadas
Completam o rugir do oceano sagrado
Convocado pelo rito ecumênico salgado
Reencenado a cada novo encontro.

Bunda- abstrata




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