Se teu cinzel não cruzou mares para que
eu pudesse te encontrar,
não foi por isso que tua chaga não alcancei.
Na delicadeza crua da obra amada,
os caminhos para o ser amado
e além.
Sorrisos e lágrimas vertidas- em profusão.
As saias- arroubos da alma sincera.
O barro.
O mármore.
Martelo e abridor.
O gênio da mulher única
em ação.
Na sanidade e na loucura acusada,
dualidade, com muro tão incerto quanto o amanhecer.
Um mundo que de ti não sabia- o que fazer?
O peso da mão fraterna- culpada.
O peso da mão divina- culpada.
O quebra cabeças abandonado pelo amante- culpado.
Restaram as pedras, suas sempiternas companheiras...
(São pedras que determinam, em vida, os vivos e os
mortos
[les pierres des autres]
e que viva nunca conseguirá transpô-las. )
Mas eis que surge diferente
a fúria do vento
mistral.
É Camille Claudel
a sempre revivida
em seu desejo invencível de liberdade.
Camille Claudel |