sábado, 5 de novembro de 2016

Para Camille Claudel



 Se teu cinzel não cruzou mares para que
eu pudesse te encontrar,
não foi por isso que tua chaga não alcancei.
Na delicadeza crua da obra amada,
os caminhos para o ser amado
e além.

Sorrisos e lágrimas vertidas- em profusão.
As saias- arroubos da alma sincera.
O barro.
O mármore.
Martelo e abridor.
O gênio da mulher única
em ação.

Na sanidade e na loucura acusada,
dualidade, com muro tão incerto quanto o amanhecer.
Um mundo que de ti não sabia- o que fazer?
O peso da mão fraterna- culpada.
O peso da mão divina- culpada.
O quebra cabeças abandonado pelo amante- culpado.
Restaram as pedras, suas sempiternas companheiras...

(São pedras que determinam, em vida, os vivos e os mortos
[les pierres des autres]
e que viva nunca conseguirá transpô-las. )

Mas eis que surge diferente
 a fúria do vento mistral.
É Camille Claudel
a sempre revivida

em seu desejo invencível de liberdade.


Camille Claudel

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