Marcou minhas cores
tua ausência
e trouxe um novo som
ao meu jardim
o vazio daquele pássaro
faminto
que você viu
em sonho meu
cativado
ainda no ar
fez falta às minhas canções
-mímica
de filme antigo,
um abrir e fechar de bocas
descompassado-
e nas cartas que escrevia
e que não enviava mais
-quem ainda envia cartas?
e nos textos que não concluía
nos textos que não
concluía
só tive poemas de tinta etérea
furta-cor
antimatéria
inefável
buraco negro
ou qualquer coisa de ficção científica
parnasiana
ou simbolista
que o valha
(acho que morreu de fome)
Hoje o meu jardim
de cores não mais inventadas
não mais espera,
só sabe
que existem pássaros
que ousam ultrapassar
a redoma onírica
em busca de capim.
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