quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Perda onírica, ganho telúrico

Marcou minhas cores
tua ausência

e trouxe um novo som
ao meu jardim

o vazio daquele pássaro
faminto
que você viu
em sonho meu
cativado
ainda no ar

fez falta às minhas canções
-mímica 
de filme antigo, 
um abrir e fechar de bocas
descompassado-
e nas cartas que escrevia
e que não enviava mais
-quem ainda envia cartas?

e nos textos que não concluía
nos textos que não 
concluía

só tive poemas de tinta etérea
furta-cor
antimatéria
inefável
buraco negro
ou qualquer coisa de ficção científica
parnasiana
ou simbolista
que o valha 

(acho que morreu de fome)

Hoje o meu jardim 
de cores não mais inventadas
não mais espera,
só sabe
que existem pássaros
que ousam ultrapassar
a redoma onírica
em busca de capim.
 














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