A chuva tem o efeito de dar um
tema único a uma paisagem confusa, quando elementos, ainda que próximos, não
costumam apresentar um equilíbrio, uma harmonia entre si: ela passa a funcionar
discretamente como tela para uma pintura que surge, ou como um enquadramento
que direciona o olhar do fotógrafo. Mais que isso: ela sugere foz aos
sentimentos das pessoas sensíveis que se perdem sob um excesso de estímulos dos
seus arredores. O rio que se materializa dentro de si lhe traz alguma paz,
pois de veios intermináveis vindos de tantas direções possíveis, passa ao
tema único, que agora pode ser decifrado. Rio que conduz pensamentos e
sensações, cuja materialização não cabe ainda antecipar o mar.
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