Print do episódio: O último oráculo do podcast Noites Gregas |
professor,
é importante abandonar a faca
cartesiana
longe desta mesa
esse pão se reparte com a mão
sua massa veio de uma receita
retirada de um naufrágio
restos perdidos em um mar que
não existe mais,
no limiar do meu afogamento,
marinheiro pele escura
de melanina e de sol
chifres, pés de cabra,
e um imenso falo,
meu último sorriso no rosto
mancha de sangue aquele trecho
de mar
vermelhos véus...
atravessam minha última vertigem
uma cruz, meu irmão
gêmeo, ou eu mesmo,
que sangra,
está em terra
quente, seca
aperta as pálpebras antes do
fim
vendo mais longe
ele me garante a mim mesmo
ou mesma
que seremos um
e ele aprenderá minhas lições
e a terra de novo se tornará
fértil
e assim, molhado e salgado, retorno à
sua ceia
o trigo já em pão convertido
o meu sangue e o do meu irmão
a fertilidade do verbo e do
chão.
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