domingo, 13 de março de 2022

Conversa em vermelho com o artista desconhecido do Instagram

Pardal de perfil empoleirado no canto direito e atrás um fundo todo vermelho

Tudo o que você me mostra, em vermelho, eu gosto. Vermelho parece uma das cores do infinito. E nem é pela guerra. É pelo sangue que corre apesar dela. Há uma beleza estranha no pardal contra o muro monocromático. O pardal deixa de ser pardo. O marrom parece mais interessante. É por isso que eu passei a usar muito mais batom vermelho. Se você me visse, sem máscara, eu estaria usando um batom vermelho mate- mate quer dizer fosco, na linguagem dos cosméticos. Sem brilho, porque o brilho já é a própria cor, sem nenhum verniz. Então eu poderia ser uma das suas melhores modelos, junto com os muros que você encontra. Os muros vermelhos são realmente modelos insuperáveis. São os que eu mais gosto. Os amarelos queimados, amarelos velhos ou algum novo sinônimo inventado pela pantene, também ficou especialmente interessante no seu conjunto. Com verde escuro. Quem diria. Nunca pensei que as cores da bandeira do meu país pudessem oferecer harmonia e beleza juntas. Mas isso foi o seu olhar, que desconhece esse fato e o meu olhar, que ignora os seus motivos- então  aqui sou eu supondo que você precisou de algum. Eu só queria falar um pouco da cor vermelha. A minha medida dela é exatamente essa “só um pouco”, pra dar alguma chance para as demais. Eu estou sentindo falta de deixar o vermelho dar a última palavra. A vida que pede a última palavra e as primeiras, e algumas no entremeio, se tiver chance. E é isso, meu amigo desconhecido. Tanto andei desde as tuas fotos que deixaram o vermelho reinar. 

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