Andei adoentada nos últimos meses e só consegui começar a organizar a burocracia para o lançamento do livro essa semana. A previsão é fevereiro de 2020. Mais perto, divulgo onde estará disponível e datas de lançamentos físicos. A editora escolhida foi a Appris, especialmente pelo foco acadêmico dela.
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quinta-feira, 28 de março de 2019
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
Último dia de vakinha: resultado e agradecimentos
Olá, pessoal!
Durante um ano eu deixei exposta a minha vakinha para a publicação do meu primeiro livro de filosofia, fruto das pesquisas que fiz no mestrado. Hoje é o último dia de arrecadação e fico muito feliz em informar que, desde a semana passada, não só alcancei como ultrapassei o valor estimado para conseguir publicar com uma editora.
Essa postagem é para lembrar que sim, você ainda pode doar hoje, porque existe a porcentagem que vai para o site e também os valores para organizar os lançamentos ao longo desse ano e do próximo. Mas é principalmente para dizer meu muito obrigada a quem acreditou nesse sonho que me parecia uma realidade distante, até uns dias atrás, eu que ainda sou de uma geração criada sob a impressão de que os livros de papel tem uma autoridade quase inalcançável por pessoas comuns. O que nem de longe me parece algo positivo.
Ainda entendo que a publicação de livros em formato de papel, mesmo com o aumento do número de editoras e selos independentes na última década, é algo não muito acessível para a maior parte das pessoas (é só desdobrar os nossos problemas de educação para esse assunto) e aí entram os ebooks como um dos caminhos para tornar mais próximo esse mundo dos livros e impactar menos o meio ambiente- mas distante da realidade da maior parte das pessoas. Logo, ainda não é tempo de abandonarmos os livros de papel, muito menos quando escolheu se inserir numa realidade de publicações científicas (sem ter um background financeiro) e é mulher que ocupa lugares periféricos em muitos níveis.
Justamente por não ignorar a relevância de mulheres negras e mestiças da periferia do nordeste serem hoje produtoras de conhecimento, inclusive do autorizado- e até esse em grande parte ignorado, mas aí é tema para outro texto- persisti nessa realização (com muitos altos e baixos), dando esse passo tão ousado e, melhor, de um jeito coletivo. Confesso que estava cansada de ir apenas para os lançamentos das produções acadêmicas dos colegas homens da minha geração e da minha região- ou só das mulheres de classe mais alta. E, sim, isso é um desabafo- inclusive muitos de vocês entenderam a importância disso e fizeram sua parte aqui (como fazem em outros lugares), pelo que sou grata e orgulhosa desse tipo de relação que não nos impõe um medo de que reconheçamos nossos lugares de privilégio ou de ausência desses. Parece pouco, mas esse pouco é o que faz a diferença no mundo e na nossa finita vida aqui nesse planeta.
Vamos adiante, amigas e amigos!
Nos próximos dias, tem um email exclusivo aos que me deram essa força material.
Beijo grande!
Nayara
Clica na imagem! <3 |
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
Preciso da sua ajuda para publicar meu livro de filosofia
Faltam 7 dias para minha vakinha acabar e ainda estou em 67,08% dela. É
para a publicação do meu livro de filosofia, baseado na minha
dissertação. No dia internacional da mulher na ciência, ajude uma em sua
primeira publicação. A divulgação de nossas pesquisas nos mais diversos meios possíveis é importantes para a educação e a retribuição à sociedade do que foi investido em nosso trabalho. O link para a sua contribuição está logo abaixo da foto da autora, confiante de que conseguirá sua publicação, com a ajuda de vocês.
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/publicacao-de-livro-nayara-barros-de-sousa?utm_campaign=new_contribution&utm_content=260056&utm_medium=email&utm_source=VkTransacional
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/publicacao-de-livro-nayara-barros-de-sousa?utm_campaign=new_contribution&utm_content=260056&utm_medium=email&utm_source=VkTransacional
sábado, 1 de dezembro de 2018
Palavrançar
Convidei a Lara Matos, advogada e escritora que já apresentei aqui no blog (clica aqui), para fazer uma postagem sobre mulheres escritoras negras da preferência dela. O pedido foi uma referência ao novembro negro, que acabou ontem e ao movimento nacional que busca incentivar a leitura de mulheres negras, que no Piauí, ganhou força na Campanha Esperançar (clica aqui e aqui), incentivada pela professora da UESPI Andreia Marreiro.
Seguem a postagem e as dicas:
Seguem a postagem e as dicas:
A maior parte dos livros que vão
estar na lista dos melhores do ano, uma tradição minha das festas de Natal e
Ano-Novo, foram escritos por mulheres, e deste universo, muitos por mulheres
negras. Hoje eu vou falar sobre as melhores leituras de autoras negras que fiz
ao longo da vida, e comentar minha lista de desejos (meu aniversário é dia 09
de dezembro, oie). Minhas leituras de ficção são bem maiores que as de
não-ficção, e por isso vou me concentrar na primeira modalidade.
I-A Cor Púrpura, Alice Walker: quando eu tinha 11 anos, meu livro
didático de inglês propunha que escolhêssemos um filme dirigido/produzido por
Steven Spielberg de uma lista. Eu escolhi a Cor Púrpura pelo título, aluguei o
filme e quando descobri que Cellie existia em livro, e ainda mais, que tinha
este livro em casa, me entreguei às páginas. Minha infância e adolescência foi
meio assim mesmo, lendo coisas não tão apropriadas para a minha idade mas que
me deram uma visão de mundo mais humana. Cellie, uma mulher negra, lésbica, que
nunca entendi como ela se dizia, feia, com um coração tão bonito, foi a
primeira personagem que despertou minha curiosidade.
II-Amada, Toni Morrison: É um dos meus livros preferidos de sempre,
mesmo porque o começo enigmático, descrevendo a ação de um fantasma, me
intrigou bastante. Demora um pouco até você entender o que está acontecendo,
mas quando o enredo se mostra, é de uma grandeza e de uma potência absurda. A
relação da mãe Sethe com os filhos ainda hoje me dá nós na garganta. Em algum
momento, filhos que lêem est livro verão suas mães, seja de modo positivo ou
não. De Toni, até ler Amada, eu havia
tido contato apenas com Jazz, um livro curto que dá conta de muito da dinâmica
urbana dos negros dos EUA e cuja personagem principal, Violet, me causou uma
profunda empatia; não gostaria de estar em sua pele novamente, embora já tenha
estado, e a entendo demais. Na verdade, eu poria tudo de Morrison nessa lista,
inclusive meu desejo Deus Ajude Esta Criança, seu livro mais recente traduzido
no Brasil pela Companhia das Letras.
III-O Ódio que Você Semeia, Angie Thomas: Eu levei esse livro para
votar, só para vocês terem um ideia, e foi o destaque dos meus livros
preferidos de 2017. Poucas vezes eu li
algo tão bom com a temática de raça quanto ele, que inclusive zomba na cara de alguns curadores que dizem que romances
YA estão fora de um espectro artístico. Nunca leram Angie Thomas, Jacqueline
Woodson ou Nnedi Orokafor. Coitados. As palavras de Angie na estreia do filme
baseado em O Ódio que Você Semeia “eu fui assistida pelo seguro social, vim de
uma periferia violenta e cheguei a achar que não terminaria a escola; hoje, na
estreia do filme baseado no livro em que escrevi, eu digo: tudo é possível”.
Angie é uma voz negra intelectual com uma relevância enorme, pois como mulher
jovem, é a prova viva de que a juventude negra precisa de ações afirmativas e,
uma vez tendo acesso a elas, é capaz de alçar voos inimagináveis para elas
mesmas. É uma reconstrução não só de uma autoestima individual, mas de toda uma
comunidade.
IV-O Caminho de Casa, Yaa Gyazi: a diáspora africana com todas as
dores, alegrias e anseios. Eu gostaria de dar este livro para cada um que fala
“negros escravizavam negros”, porque as páginas dissolvem esse preconceito
ignorante com um lirismo belíssimo, explicando toda a complexidade de relações
do colonialismo escravagista. Você aprende a não falar besteira com uma história
bem amarrada e com imagens deslumbrantes. Além disso, personagens como Marcus
situam a compreensão de uma questão ainda muito pouco abordada: a saúde mental
de pessoas negras, em especial dos homens negros; a incursão nas drogas desse
personagem, inclusive, é uma descrição que gera muitas nuances de análise,
exigindo um texto próprio.
Antes de falar da poesia,
gostaria de falar sobre um incômodo: a mulheres poetas, em especial mulheres
negras poetas, é negado o dom à exatidão e à observação. Mulheres são seres
empíricos, levados por paixões, e não racionais e cognoscíveis: é um
preconceito velado ou muitas vezes até manifesto mesmo em muitos ensaios
críticos. Uma mulher negra que escreve, se instrui e aprende o letramento em
formas de prosa e poesia com técnica, ritmo e lirismo impecáveis, então, uma
afronta. Algumas mulheres que entram chutando as portas do formalismo branco da
poesia hermética estão aqui:
I-Lívia Maria Natália de Souza: O
Poema As Mãos de Minha Mãe me leva às lágrimas toda vez que leio. Durante o
Colóquio de Gênero realizado na Universidade Estadual do Piauí, no mês de
setembro deste ano, a própria poeta recitou esses versos, que falam sobre sua
mãe com mal de Alzheimer. Minha avó foi levada por esta doença, também, e a dor
profunda de sentir o fio da vida de alguém que amamos escoando aos poucos pesa
ao mesmo tempo que encontra alívio nas palavras dessa poeta, que tive a honra
de abraçar e conversar. Meu livro preferido de Lívia é Correntezas e Outros
Estudos Marinhos, mas indico todos.
V-Eliane Marques: Para escrever
poesia é preciso ler poesia. Para versificar bem, é preciso ver a prática de
versificação. Eliane Marques me ensinou lições preciosas que acredito que não
extrairia de tratados de poética. Há uma precisão nos versos que fez com que eu
recitasse fragmentos espontaneamente apenas algumas leituras depois. Uma
amostra:
e se irene não-à-lei
e se irene não-sinhô
e se não-tão-preta
e nem-tão-boa
e se ainda aos piores mortos
o amém das moças
VI-Não Vou mais Lavar os Pratos,
Cristiane Sobral: Uma mulher negra que resolve se instruir. A afronta que uma
pessoa sempre relegada aos bastidores e aos cuidados rudimentares lendo,
escrevendo, pensando, criando e sendo protagonista altiva não só da própria
história, mas inventando novos mundos líricos. Esta é Cristiane.
III-Bone, Yrsa Daley-Ward: tenho
minhas ressalvas em ler poemas em línguas estrangeiras traduzidos; por isso,
geralmente me atenho a versos escritos em inglês ou espanhol, idiomas que
domino e sei traduzir. Digo isto para marcar minha ignorância acerca de poetas
cujos versos só conheço por traduções em português ou inglês que de certo modo
me parecem estranhas, com algo fora do lugar, seja a estrutura da versificação
ou as imagens obtidas. Ah, e outra coisa: Daley-Ward é modelo e atriz também;
artista da cabeça aos pés. Abaixo, um dos poemas dela, que eu mesma traduzi.
Nada é dito na mesa de jantar
Porque todo mundo tem raiva
O único barulho é o tilintar dos talheres de prata na porcelana chinesa
E o som das brincadeiras dos filhos de outras pessoas lá fora
Mas isto te dará poesia
Na cozinha não há faca
Afiada que possa cortar a tensão
E as mãos de sua avó tremem
A carne e o inhame entalam na garganta
E você nem ousa mais sussurrar “passe o sal”
Mas isto te dará poesia
Seu pai está bufando
Ele poderá extrair toda seu viço esta noite
Por razões que nem ele mesmo sabe
Ainda
Você sairá machucada
Você sairá machucada
Mas isto lhe dará poesia
A ferida irá se espalhar
Dispersar até ser
um diamante negro
Ninguém sentará ao seu lado na aula
Talvez sua vida dê certo
Embora de primeira
Não pareça:
Isto lhe dará poesia
Maya Angelou: Olha ela de novo! O
gênio que foi Angelou é uma coisa rara. Eu me atrevi a traduzir alguns poemas
dela, e aqui está o meu preferido, Mulher Fenomenal. Não pus um livro em
especial porque sempre consumi Maya de maneira dispersa, e já mencionei o I
Know why the caged Bird Sings. E o “Mamãe e Eu e Mamãe”, que ainda não li
porque sou muito sensível a histórias que tratam das relações entre pais e
filhos: mesmo depois de três anos ainda tento me recuperar da última leitura deste tipo que fiz, Patrimônio, de Philip
Roth. Aqui está minha tradução de Mulher Fenomenal (poema que Angie Thomas,
em o Ódio que você semeia, diz descrever totalmente sua avó):
Mulher fenomenal
Lindas mulheres perguntam
Que segredos escondo
Não sou adorável ou feita
Para envergar um traje de modelo
Se eu começasse a contar sobre mim
Diriam que minto
Se disser que está no movimento dos meus braços,
No sacudir do meu quadril
No molejo dos meus passos
Na curva dos meus lábios:
Sou fenomenalmente
Uma mulher fenomenal
É quem sou
Quando entro em um recinto
Fresca e cheia de graça
Faço homens e seus companheiros
Levantarem ou caírem de joelhos
Eles me cercam
Sou uma colmeia vazando mel
Digo:
É no fogo dos meus olhos, no brilho dos meus dentes
Minha cintura malemolente
A alegria dos meus pés
Sou uma mulher fenomenalmente
Fenomenal
É quem sou
Homens perguntam a si mesmos
O que veem em mim
Eles até tentam
Mas não conseguem tocar
Meu mistério interno
Quando eu tento lhes mostrar
Eles inda não veem
Eu digo
É na curvatura das minhas costas, no sol do meu sorriso
No elevar dos meus seios
Meu estilo impecável
Uma mulher fenomenalmente
Agora você entende
Que é minha mente errante: não grito, salto
Ou preciso falar alto
Quando você me vê passar, deveria se orgulhar
Eu afirmo:
É no som dos meus saltos altos
Meus cabelos penteados
A palma da minha mão
A necessidade do meu cuidado
Fenomenalmente
É quem sou
fenomenal
Lista de desejos e leituras
futuras/em andamento:
I-Filhos de Sangue e Osso, (Série
Legado de Orïsha #1), Tomi Adeyemi: Tenho verdadeira paixão por autores que
estudam religiões e mitologias a fundo para criar suas próprias versões em
histórias originais. Exemplos conhecidos dessa capacidade de “aprender tudo
como um especialista e recriar como artista” são Neil Gaiman e Maggie
Stiefvater. Tomi foi além deles. Toda a pesquisa minuciosa se descortina numa
história cheia de alegorias e imagens que parecem sonhadas. Estou no início da
leitura e espero conseguir terminar logo, porque este livro merece estar numa
lista de melhores pelo fascínio que me induziu, estou obcecada! Este livro,
inclusive, vem com um guia de pronúncia Iorubá, GENTE!!!!!!!!!
II-Fique Comigo, Ayòbámi Adébáyò:
Margaret Atwood, autora de O Conto da Aia e Vulgo Grace, é uma autora ativa nas
redes sociais, e partilha suas leituras para os seguidores. Foi assim que tomei
conhecimento deste livro de Adébáyò, uma jovem escritora que teceu um romance a
partir da experiência com violência, exílio, costumes e particularidades de
relacionamentos amorosos. Não falo mais porque ainda não comecei a leitura de
fato, porém mal posso esperar.
III-Bruxa Akata, Nnedi Okorafor:
Chimamanda plantou sonhos na Nigéria ao riscar seu país com palavras. Nnedi, ficcionista exímia, fala da
realidade na Nigéria a partir do olhar de uma garota albina. Mal posso esperar
para começar a leitura do novo romance da autora de Quem Teme A Morte, a única
ficção distópica que conseguiu prender minha atenção. Agora, com um tema ainda
mais cativante, vou pular uns livros da minha fila de leitura (desculpa Becky
Albertalli).
domingo, 14 de outubro de 2018
Entrevista com Dani Marques
Hoje eu trago mais uma das nossas entrevistas com autoras piauienses (é só clicar na palavra chave referente aí embaixo para ver as demais). Hoje é a Daniely Marques, que até já teve postagem aqui sobre o lançamento de um dos seus trabalhos, que ela menciona (clica aqui). Aproveitem a entrevista:
1. Dani, obrigada pela alegria de estar aqui no blog concedendo essa entrevista. Já tem um tempo que era para isso ter acontecido. Fala um pouco de você, apresente-se para nossas leitoras e leitores:
Olá, Nay! Agradeço a oportunidade de falar de mim e do zine “Desembucha, mulher!”. Bom, eu me acho um mix, sempre curiosa, logo porque já tentei várias coisas nessa vida, e só agora me encontrei um pouco – espero que não seja tardiamente. Fiz duas graduações, e não trabalho em nenhuma das duas, me descobri mesmo trabalhando com a escrita. Teresinense, 33 anos, mãe solo de uma menina de 5 anos. A escrita foi o refúgio para me encontrar depois da maternidade, e ajudar outras a se encontrarem.
Dani e a segunda edição do zine |
O zine tem um lance místico, talvez tenha nascido da vontade de dizer uma basta a uma série de silenciamentos que eu sofri ao longo da vida. Nós mulheres somos feitas para aceitarmos tudo bem caladinhas, algumas conseguem, outras não. Quem não consegue, adoece, sente que existe um incomodo, e a fala, antes sufocada, acaba que necessitada de gritar. E como é que funciona esse grito? Através da arte, da cultura. Eu me identifico com a escrita, e vi que outras estavam no mesmo barco que eu. Por que não nos juntarmos? Daí a coletânea de textos, organizada de forma underground . E foi aí que eu vi que é tão complicado trabalhar com cultura, de certa forma, você incomoda
3. E o “Desembucha, Mulher!”? Como um zine conseguiu alcançar tanta relevância no cenário local? O que você acha que ele significa nesse contexto de levante de mulheres historicamente silenciadas? Você sente que falta alguma coisa para que seu projeto se complete, ou ele alcançou um estado ótimo, dentro do que você tinha sonhado?
Todo o alcance do zine foi uma total surpresa pra mim. Eu não imaginava que ele teria esse alcance, e foi muito bom. O combustível que me dá força pra continuar com ele são os relatos de mulheres que sentiram contempladas de terem seus escritos publicados, impresso numa folha de papel, onde elas poderiam manusea-los, mostrar. É a concretização de uma ideia. Além de tudo é empoderamento, é não precisar de validação masculina. Tudo isso casa com esse momento do feminismo atual. No mais, eu queria ampliar, publicar mais autoras, lançar mulheres ótimas que estão por aí e sem oportunidade. Meu sonho é que quando alguém for citar autorxs piauienses pelos menos metade dos lembrados sejam mulheres.
4. Você também é uma das mediadoras locais do grupo de leitura mais popular da atualidade no Brasil, o “Leia Mulheres”. Você pode resumir um pouco da proposta para a gente, incluindo aí sua própria experiência no grupo?
O “Leia Mulheres” é um clube de leitura que também combate essa predominância masculina nas nossas estantes. É triste constatar que a maiorias dos autorxs que falamos, que usamos como referências, são homens. E a proposta do clube é essa, tentar, nem que seja de forma mínima, tirar esse desequilíbrio, nos fazer consumir autoras, saber da existência delas. Nossa! Depois do clube já conheci tanta autora bacana.
5. O que você diria para mulheres que tem filhos para criar (muitas vezes sozinhas, como é o seu caso) e que são diariamente desencorajadas pelo mundo a seguirem seus sonhos?
Nada é fácil para uma mãe, principalmente se for solo. Eu vivo vários dilemas, tentando me livrar de várias culpas que o sistema diz que são minhas. Ser mãe solo é você pegar dupla responsabilidade, assumir pelos erros de alguém omisso, e ainda ser mal vista aos olhos da sociedade. Sonhar, trabalhar, realizar algum feito diante desse contexto é ser a própria resistência. Não posso garantir que todas nós vamos conseguir romper algum paradigma, ou que vamos alcançar nossos sonhos de forma integral. Não temos controle de nada, mas podemos começar a nos livrar do estigma da mãe perfeita, seria um ótimo primeiro passo. Não damos conta de tudo, e jamais esquecermos que antes de sermos mães somos mulheres.
6. Quais seus próximos projetos? Pode compartilhar conosco?
Muitos projetos, mas tudo a seu tempo. Como respondi na pergunta anterior, sou mãe solo, e alguns acidentes acontecem ao longo do caminho. Risos. Mas assim que puder, de forma lenta e gradual, lançar uma coleção de autoras piauienses, a terceira edição do zine, continuar nas reuniões do “Leia Mulheres”, e sempre trabalhar ajudando outras mulheres a se sentirem encorajadas e motivadas a escreverem, ou fazer qualquer outra manifestação cultural.
Obrigada, mais uma vez, pela gentileza da entrevista, Dani. Espero em breve fazer outra postagem com o seu mais novo trabalho!
A Dani também é uma excelente jardineira <3 |
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