Há um tipo de bênção abundante a mim destinada que não me é possível
compartilhar. Já tentei levá-la até outra pessoa, mesmo as mais
queridas, mas no caminho ela escorre feito água nas mãos. E fico ali,
tendo que lidar como a minha frustração e a do outro, por uma magia que
não aconteceu. O que de certa forma me consola, é que isso não se dá só
comigo, mas com cada um de nós: há algo de incomunicável, mesmo aos
descendentes e aos herdeiros. E é de crucial importância entender qual a
dádiva que se manifesta a partir si, para escapar de um certo sofrimento
existencial. Também é útil para reafirmar nossa potência no mundo. Uma
espécie de ponto de partida recorrente.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
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