Baile de máscaras

Meu bem, você me beijou três vezes naquele baile de máscaras 

beijou a criança que me acompanhava, também, 

saiu dançando como palhaço colorido-

tendendo para o azul brilhante-

abandonando o clown do nosso passado.

Minha irmã não entendeu 

mas achou graça 

e seguiu com a vida 

como se segue depois de uma boa festa.

Estávamos felizes e a esperança nos guiava o ritmo!

Estávamos felizes e a esperança nos guiava o ritmo!

Meu cavalinho azul

O rei da enorme cabeça dourada

Era uma vez e não era uma vez um rei. 

Um dia esse rei decidiu que a calça deveria ser vestida pela cabeça e as blusas deveriam ser vestidas a partir das pernas. Ele mandou publicar um decreto, devidamente assinado por sua própria enorme cabeça dourada. No decreto, ele dizia que, por não acreditar que calças deveriam ser vestidas pelas pernas ou que blusas deveriam ser vestidas pelos braços, aquele decreto passaria a ser considerado a verdade absoluta das roupas do reino. 

E no dia que se seguiu a esse decreto, todos os súditos, adultos, idosos e crianças, vestiam do jeito que podiam, as roupas do avesso, que agora era o direito. Claro que muitos estavam semi-nus, outros eventualmente caiam ao chão, com as peças de roupas vestidas pela metade, nas partes do corpo determinadas pelo governante. Mas pelo menos todos estavam dentro da lei. Naquele reino ninguém costumava discordar das ideias reais, por mais que os outros reinos achassem um delírio aquelas ideias e um absurdo os súditos seguirem-nas. E assim seguia sendo o reino do rei da enorme cabeça dourada.

Rei Doce, da animação “Detona Ralph”

Da inutilidade do sistema de medidas e do pensamento linear

Quando a sensação de amor me invade 

Não há linear sabedoria ou

colete salva-vidas!

Os sapos bem me entendem: 

vivem de espalhar ao mundo 

aos pulos e cantarolando

“a superior inteligência saltitante!” 

“O IDH imbatível das poças de água de espécies dadas ao vício de amar!”

E na superfície da pequena fonte coroada por vitórias régias 

Me vejo espelho de águas profundas 

Lançando escamosos desaforos à tua descrente fita métrica.

Sorrio à mimética via láctea que flutua ao meu redor 

E bebo o suficiente para continuar. 

Indicação: Neil Gaiman

Estou lendo esses contos do Neil Gaiman e pensei que alguém mais poderia se interessar. Suspense fantástico está sendo o melhor tipo de escapismo esses dias, quando uma caverna escura nas Montanhas Negras parecem mais convidativa que nosso cenário político. Logo abaixo (a partir de 2'42''), um pequeno trecho da apresentação que o escritor de Coraline e Oceano No Fim do Caminho realizou na Sydney Opera House, com o ilustrador Eddie Campbell e o quarteto de cordas chamados FourPlay, tendo por tema justamente o conto ao qual fiz referência. Além dele, mais 23 contos compõem a obra "Alerta de Risco: contos e perturbações".

Um trecho de diário da filha não nascida de Darwin

Hoje acordei lembrando de quando eu vivia nas profundezas dos oceanos. minhas escamas prateadas refletiam o ondular das águas sob o sol. o dom da memória me fez agradecer ao peixe que fui.

Da minha sonolência (escritos nas notas do celular)

Hoje eu vi um origami enforcado
pendurado numa chuva que atrasou meus passos


Walkiria dançou todas as 12 horas de um forró infinito que anunciou na taimelaine travada do meu esmartefone

Ele tem esse olho que é sol que se ausenta entre nuvens e que me surpreendem

Olho de Sauron. Mas alma de peixe com escamas de vidro e esqueleto de barro. De barro seco



Dor que me distrai de inventar a dor de ausência


Dor sonolenta