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quinta-feira, 30 de março de 2017

Dois poeminhas




O tempo escorre pelo redemoinho da vida
Enquanto pego a estrada ao som da música
Que outrora doeu no meu peito
Aquele ipê amarelo
Que contrasta com o verde escuro dos morros
Agora me causa mais comoção
Que as memórias revolvidas
remexidas
Pelos acordes da voz de Marisa na rádio




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A dança da sombra sobre a cortina
translúcida
sob o sol
Me faz querer que seja você vindo
No canto insistente da cigarra
Que agora começa seu show
Não sei porque essas coisas
Me lembram seus passos
Ecoando na escada de madeira velha
Na casa antiga do meu ser



segunda-feira, 27 de março de 2017

A úmida rosa dos sonhos

Rego a rosa dos sonhos
Onde os nossos encontros são festejados
Onde as pétalas confudem-se com lençóis amassados
Onde os espinhos são unhas que buscam decifrar
o intricado desenho da pele dos amantes.
Mapa verídico do onírico jardim rosáceo
Bafejo doce e quente
suor e orvalho
derramados
Nos corpos amolecidos
Tais quais folhas sob a esperada chuva
Ao fim de mais uma incansável noite
de amor

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Bah!

Como dizem minhas amigas do sul: bah! Os sentimentos estão todos aqui, ainda. Não adiantou a bravata sem esperanças da postagem de ontem.
Eu sou louca. Pois acho isso bom, enquanto escuto The Doors. Antes tava no Elvis.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A bandeira

Tenho uma teia de aranha no canto do meu quarto,
dança ao vento como uma bandeira esquecida ao mastro,
treme a cada passo de sua artífice,
enrosca-se para sufocar a presa,
que pesa
sobre
os fortes fios
entretecidos pelo corpo magro
do aracnídeo,
que me ignora
todas as noites,
a partir das vinte e três e quarenta e cinco.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Perda onírica, ganho telúrico

Marcou minhas cores
tua ausência

e trouxe um novo som
ao meu jardim

o vazio daquele pássaro
faminto
que você viu
em sonho meu
cativado
ainda no ar

fez falta às minhas canções
-mímica 
de filme antigo, 
um abrir e fechar de bocas
descompassado-
e nas cartas que escrevia
e que não enviava mais
-quem ainda envia cartas?

e nos textos que não concluía
nos textos que não 
concluía

só tive poemas de tinta etérea
furta-cor
antimatéria
inefável
buraco negro
ou qualquer coisa de ficção científica
parnasiana
ou simbolista
que o valha 

(acho que morreu de fome)

Hoje o meu jardim 
de cores não mais inventadas
não mais espera,
só sabe
que existem pássaros
que ousam ultrapassar
a redoma onírica
em busca de capim.
 














sábado, 17 de dezembro de 2016

Me deixa ficar

Me deixa ficar
eternamente apaixonada por você
e descumprir todos
os manuais
que prescrevem uma vida
sensata
depois dos vinte?

Me deixa ficar?
Ainda que amar em doses infinitas
seja coisa de saudosista spleen,
coisa de quem não adolesceu como devia
de quem não sabe
nada
da dureza da vida.

Me deixa ficar
e te beijar sofregamente
nos intervalos das notícias tristes e do adiantar do relógio
que empurra nossos corpos
em direção a um espaço
onde tudo parece caber,
exceto nosso entrelaçar
de mãos?
 
Me deixa ficar?

domingo, 27 de novembro de 2016

Portunhol i

Te quiero,
pero no puedo decirte,
porque las palabras ya no nos llegan.
Es necesario: suelo, tierra,
chão.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Tu me inspiras amor e beleza

Tu me inspiras amor e beleza.
Colho tuas flores de amanhecer,
sentindo o perfume atravessar
todas as minhas entranhas,
alcançando os meus sonhos adormecidos
-de paz e de carne-
que sorriem, de leve,
-ainda de olhos fechados-
com o inesperado aroma
do teu sexo imaginado.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

desenho teu rosto na parede

desenho teu rosto na parede da sala
e encosto o meu lá.
fico uns minutos quieta, olhos fechados.
a tinta verde da parede virou
tua pele quente.
o reboco, o tijolo, a fiação logo abaixo são
tua carne, teus ossos, tuas veias
latejando em sintonia
com as curvas do meu corpo
que não esquece,
que sempre lembra
e recria
nos meus poros e sinapses 
o momento do nosso
[des]encontro.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Poliglossia de Alice



Quem me dera ter sido versada em todas as suas línguas. Sabia duas ou três, mas terminei me esquecendo de todas enquanto te olhava. Me desculpe. Você foi musical, sideral até, e também foi de silêncios e de distâncias. Eu fui da fala direta, sentimentalmente racionalizada, ou nem tanto; meu silêncio foi distraído, o seu era profundo. Eu me perdia nisso e gostava. Eu ainda gosto. Suas palavras surgiam inesperadas, nelas, aprendi a contar a distância entre as pistas do coelho do País das Maravilhas, feito Alice. Talvez, no fim daquele mundo louco, seja eu lá. E seja você lá, também, me esperando.

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