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quinta-feira, 8 de março de 2018

Oito de março: dicas

Lou Andreas- Salomé, Carolina de Jesus e Alice Walker. Nomes imensos e ainda por serem devidamente conhecidos e reconhecidos.

A primeira, Lou Andreas- Salomé (1861-1937), psicanalista, romancista, filósofa e poeta. Interlocutora de muitos e inspiração para outros tantos, como Nietzsche, Rilke e Freud. Teve um filme sobre sua vida lançado ano em 2016 e que nos ajuda a compreender um pouco dessa brilhante mulher, que viveu o mundo de modo tão intenso. Assisti-lo não deixa de ser um exercício para que comecemos a tirá-la da sombra dos homens ao seu redor, colocando-a ao lado deles- no mínimo. Em português, há uma pequena biografia lançada pela LP&M pocket.



A segunda, Carolina de Jesus, é autora do primeiro livro que li numa das vezes que consegui participar do Leia Mulheres de Teresina. Quarto de despejo é sua obra mais conhecida, um marco na literatura brasileira, que apresenta, com crueza e realidade, o dia a dia numa favela brasileira na década de 1950, em forma de diário, com uma linguagem bastante característica. Testemunha que vive na pele de mulher negra e pobre, o esquecimento social e a luta para uma existência que lhe permita perceber em si uma dignidade inimaginada pelo meio literário da época. É daquelas leituras obrigatórias para nossa formação. Aqui embaixo segue um curta de 14 minutinhos sobre a autora:


A última, Alice Walker, escreveu o livro mundialmente aclamado "A cor púrpura" (1982), filmado por Steven Spielberg e estrelado por Whoopi Goldberg, Danny Glover e Oprah Winfrey. O livro, que é um romance epistolar, trata da separação de duas irmãs que se perdem ao longo de suas vidas, pelas violências que as acompanham desde o ambiente familiar. É uma obra chocante, especialmente em sua primeira metade e que trata da violência contra as mulheres, de misoginia, racismo e colonialismo. O livro ainda nos brinda com um ousado e inesperado casal de mulheres, que se unem para lidar com todas essas dores e aprender a criar alegrias no meio de tudo aquilo. Outro livro imprescindível. O canal "Curta!" já apresentou o episódio da série "Impressões do Mundo" com a autora. Se você puder, vale a pena conferir.












terça-feira, 15 de agosto de 2017

Um pouco de música para hoje

Tem semanas que não posto, mas hoje trouxe dois presentes, duas músicas que andei ouvindo nos últimos dias. Um pouco de soul music e outro de pop experimental argentino: Al Green (com 'Let's stay together') e Rosario Bléfari (com 'Intactos'), algo como se uma garrafa solitária de conhaque se surpreendesse esquecida em um amanhecer numa praia frequentada por jovens veganas abstêmicas. Ufa!







Ps. Aqui a wikipedia sobre eles:
Al Green  --> https://es.wikipedia.org/wiki/Al_Green
Rosario Bléfari --> https://es.wikipedia.org/wiki/Rosario_Bl%C3%A9fari



sábado, 27 de maio de 2017

Teatro de animação: resgatando Lautrec

Ontem saí com uns amigos para assistir uma peça muito bacaninha sobre o Toulouse-Lautrec e suas dançarinas. Dessa vez não farei texto, mas deixo aqui algumas fotos que tirei e o link do 11º Festival Internacional de Teatro de Animação, que traz informações sobre o espetáculo: http://www.fcc.sc.gov.br/tac//pagina/20131/11-fitaumanoitecomlautrec-cianinavogel



Essa toda de negro é a Nina Vogel, ela era todas as personagens e quem manipulava lindamente o boneco do Lautrec.

O passaporte para a liberdade de Lautrec (desenhou um circo, de memória, para sair do manicômio)



domingo, 14 de maio de 2017

Um dia das mães reflexivo

Para o dia das mães, tenho 4 dicas a compartilhar: um poema da nobel Wyslawa Szymborska sobre a força da maternidade para além dos jogos de poder do mundo, o livro da poeta Adrienne Rich com reflexões de uma mãe que não se encontrou na maternidade, um conto marcante da Charlotte Perkins e a série que atualmente acompanho, "O conto da aia", baseado no livro homônimo da Margaret Atwood. Porque a maternidade pode ser um fardo grande demais para uma pessoa só ter que carregar, por reconhecer o esforço descomunal da minha mãe em criar a mim e aos meus irmãos e por sonhar que um dia a comunidade humana vai entender que essa é uma questão de todos, não só das mulheres que têm filhos.

1. Wyslawa Szymborska:



Vietnã
Mulher, como você se chama? – Não sei.
Quando você nasceu, de onde você vem? – Nao sei.
Para que cavou uma toca na terra? – Não sei.
Desde quanto está aqui escondida? – Não sei.
Por que mordeu o meu dedo anular? – Não sei.
Não sabe que não vamos te fazer nenhum mal? – Não sei.
De que lado você está? – Não sei.
É a guerra, você tem que escolher. – Não sei.
Esses são teus filhos? – São.
2. Adrienne Rich

Clica aqui
3. Charlotte Perkins Gilman:

Clica aqui.

4. O conto da aia (série): 
Clica aqui. 



sábado, 18 de março de 2017

Dicas de blogs: poesias I

Outro dia fiz uma postagem lembrando alguns sites que gostava de frequentar e compartilhei por aqui. Hoje retomo a ideia, agora com temáticas mais específicas.

Nessa postagem, eu apresento dois blogs de duas poetas da minha terra, Piauí, que são tão sensíveis quanto competentes em compor imagens e sensações: Laís Romero e Lara Cardoso. São duas mulheres jovens, amantes da boa literatura, que é sempre bem mais do que as antologias e as listas oficiais são capazes de dar conta.

O blog da Lara é o "Caixa de Abelhas", que inclusive eu já mencionei em uma outra postagem. Ela também contribui com seus textos e análises na Revista Pólen , além de colaborar com o "Coletivo Leituras".

Aqui está o blog onde a moça esconde alguns dos seus versos, que já começaram a ganhar as páginas de papel no mundo: http://caixadeabelhas.blogspot.com.br/2014/02/suspiro.html .

O outro site de uma poeta amiga que eu tenho grande prazer em ler os versos, é a Laís Romero. Laís é mestra em Letras e grande entusiasta da produção cultural por onde passa, criando, ou participando de coletivos, como foi com a Academia Onírica, o Coletivo Leituras e ainda criando grupos de leituras com suas estudantes no Instituto Federal onde atualmente leciona.

O blog da Laís é o "Alecrim e o Sufoco Atmosférico", que vocês podem conferir aqui:
http://humanahumana.blogspot.com.br/2017/03/fragmentada.html .

Aproveitem aí, que as dicas que eu passo são preciosas.

Até a próxima!

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Victoria Santa Cruz: Me Gritaron Negra

Outro dia, seguindo o rastro da dica de uma amiga no YouTube, terminei achando uma outra coisa, tão preciosa quanto a indicação dela: a artista peruana, Victoria Santa Cruz, declamando e cantando sua negritude.

Esse maravilhoso poema, que a própria artista interpreta, está no vídeo abaixo. É de arrepiar!  Arrepio vindo da força dessas palavras e desses corpos no vídeo em preto & branco. Arrepio porque esse conteúdo ecoa em parte esquecida da minha primeira infância. Ecoa aqui e agora, também.



Me Gritaron Negra

Tenía siete años apenas,
apenas siete años,
¡Que siete años!
¡No llegaba a cinco siquiera!

De pronto unas voces en la calle
me gritaron ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!

“¿Soy acaso negra?” – me dije ¡SÍ!
“¿Qué cosa es ser negra?” ¡Negra!
Y yo no sabía la triste verdad que aquello escondía. Negra!
Y me sentí negra, ¡Negra!
Como ellos decían ¡Negra!
Y retrocedí ¡Negra!
Como ellos querían ¡Negra!
Y odié mis cabellos y mis labios gruesos
y miré apenada mi carne tostada
Y retrocedí ¡Negra!
Y retrocedí…
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Neeegra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!

Y pasaba el tiempo,
y siempre amargada
Seguía llevando a mi espalda
mi pesada carga

¡Y cómo pesaba! …
Me alacié el cabello,
me polveé la cara,
y entre mis cabellos siempre resonaba
la misma palabra
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Neeegra!
Hasta que un día que retrocedía,
retrocedía y que iba a caer
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¿Y qué?

¿Y qué? ¡Negra!
Sí ¡Negra!
Soy ¡Negra!
Negra ¡Negra!
Negra soy

¡Negra! Sí
¡Negra! Soy
¡Negra! Negra
¡Negra! Negra soy
De hoy en adelante no quiero
laciar mi cabello
No quiero
Y voy a reírme de aquellos,
que por evitar – según ellos –
que por evitarnos algún sinsabor
Llaman a los negros gente de color
¡Y de qué color! NEGRO
¡Y qué lindo suena! NEGRO
¡Y qué ritmo tiene!
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO
Al fin
Al fin comprendí AL FIN
Ya no retrocedo AL FIN
Y avanzo segura AL FIN
Avanzo y espero AL FIN
Y bendigo al cielo porque quiso Dios
que negro azabache fuese mi color
Y ya comprendí AL FIN
Ya tengo la llave
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO
¡Negra soy!

Ps. E aqui uma wikipedia básica sobre Victoria: https://pt.wikipedia.org/wiki/Victoria_Santa_Cruz

domingo, 25 de setembro de 2016

Paul Klee- documentário


Um documentário sobre a obra e biografia do pintor Paul Klee, com narração feita sobre o diário mantido pelo artista. Utilizei uma das obras mais famosas de Klee, Angelus Novus, como inspiração de duas postagens, umas semanas atrás. 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Bons encontros acontecem quando a gente sai da toca

Semana passada fiz uma das melhores coisas desses meses de crise depressiva: participei da "Oficina de Narrativas Breves", do escritor, promovedor cultural (agitado cultural, segundo ele), criador da Balada Literária: Marcelino Freire.

Numa sala com algumas participantes pela manhã e muitas pela tarde (sim, a maioria mulheres), durante uma terça e uma quarta, Marcelino contou suas histórias com Millôr Fernandes, Manoel de Barros, Raduan Nassar, deixando esta aqui que vos escreve en-can-ta-da. Depois nos propôs uma série de exercícios criativos, individuais e em dupla, para que soltássemos a imaginação e a escrita. Num dos jogos, inclusive, terminei ganhando um livro com o selo que Marcelino promove: Edith (adouro). É uma obra de contos, chamada: "Sem vista para o mar", de Carol Rodrigues, nascida no ano de 1985, por acaso, meu ano de nascimento. Sentir nisso uma deliciosa coincidência.

Durante a oficina, o pernambucaníssimo Marcelino, mesmo tendo saído da sua terra aos 3 anos de idade para viver em São Paulo, falou bastante de sua Sertânia. Defende que o escritor e a escritora precisam falar do seu próprio lugar, não importa sobre o que fosse falar. O lugar dele é a Sertânia que grudou no corpo dele, ainda criança e nos muitos retornos ao lar.

Disso e de outras coisas que ele disse, eu estendo que a escrita precisa ter alma e não só ser um amontoado de palavras gramaticalmente bem organizadas e rimadas. E alma musicada, heim! A música, eu acho que ela vem do nosso caminhar nas ruas, do sol da nossa cidade; tá na comida, nos cheiros da comida, das pessoas, dos lugares. A alma musicada parte da gente em relação com o mundo, que é única, o poeta, o escritor, é resultado de se querer apresentar essa relação única. Mesmo que se vá falar de outros lugares nunca pisados, de fantasias aparentemente distantes do nosso cotidiano, a alma musicada está sempre engajada com as vivências. É isso que contamina a palavra. 

"Contamina" é uma palavra que eu aprecio. Marcelino começou seus dois dias de provocação lúdica, fazendo uso de uma expressão bem melhor: o poeta inaugura o olhar. Eu gostei disso: o poeta inaugura o olhar.

Uma pessoa que tem Manoel de Barros como inspiração, só pode construir esse tipo de coisa bonita, né?

Obrigada pela troca, Marcelino! Qualquer dia apareço na sua Balada Literária.  ;)


Aqui o Marcelino proseando com a turma, no SESC-PI. (A Lara no primeiro plano)

E aqui o sarau na livraria Anchieta, pelo lançamento da Revestrés número 26. Marcelino Freire era um dos homenageados. Aproveitei e comprei o livro dele "Contos Negreiros", que foi prontamente autografado- já devidamente lido e, agora, recomendado.


Ps. Depois posto alguma coisa que comecei a produzir na oficina. =]

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Narciso no mundo líquido





É uma peça quase invisível. Uma parede retangular de vidro, um espelho circular na parte de cima. Quem passa apressada, mal percebe que ali temos vidro e espelho e não apenas vidro. É arte, uma instalação e, como tal, pede desaceleração. Então eu desacelero. Mas isso não é suficiente, ela também pede interação.
A delicadeza do vidro parece um lânguido convite ao espelho em seu topo. Lembro que a obra se chama “Narciso”. Sinto-me provocada, rio sozinha, porque quero mesmo usar aquele espelho. Meus 1,56 m, contudo, não são suficientes para que eu tenha meu rosto refletido, afim de tirar uma foto. Observo o vidro, algumas pessoas passam por trás- existem árvores e um muro perto. O vidro é um espelho translúcido, por conta da poeira que acumulou durante o dia.  Penso que eu precisaria de um banquinho para conseguir fazer a foto usando o espelho e não o vidro.  Pensando bem, quase todas as pessoas que eu conheço precisariam de uma ajuda para se mirarem no alto daquele espelho. 

Fiquei a divagar. Qual o sentido de um espelho que não consegue refletir o rosto humano? Ele deixa de ser um espelho? O quanto seríamos capazes de fazer para finalmente conseguirmos nos ver por aquele espelho, ou em qualquer outro espelho? Por que precisamos nos ver em algum espelho, para começar? O que não queremos deixar escapar? O nosso olhar? O olhar do outro, fantasiado, imaginando como parecemos a esse outro? Temos que parecer bem? O que “Narciso” tem a nos dizer? Somos iguais ao Narciso da lenda e, logo, compartilharemos seu trágico destino? É um alerta? Um jogo? Uma provocação?

Enquanto o vidro me permite o acesso visual ao outro, que passa, o espelho me dá o acesso visual ao meu eu físico. O outro e o eu deveriam estar ali (vidro e espelho), mas o outro é bem mais presente por meio das pessoas que aproveitam o espaço do parque. Ainda que apressados e, portanto, indiferentes à relação que ali estava se estabelecendo (eu, o espelho, o vidro, os outros). 

O eu está se fazendo de difícil, quase inalcançável. Se finalmente o alcanço, tenho minha imagem acima dos outros. Era isso que eu queria? Por certo, algum prazer teria ao conseguir alcançar o espelho circular. E se eu não alcançasse? Teria que haver algo para além do meu eu refletido de, que indicasse minha existência. O mundo da imagem, das selfies, das miragens me aceitaria?

Consegui, na ponta dos pés, fazer uma foto das minhas mãos segurando o celular na frente do espelho. Acho que garanti minha existência no mundo líquido, de espelhos e de vidros.




sábado, 17 de setembro de 2016

Caligrafia (hand lettering)

Essa semana fiz um curso lindinho de narrativas curtas com nada mais, nada menos que: Marcelino Freire (pode clicar). No curso, enquanto aprendíamos muitas dicas para soltar a imaginação, a escrita, a memória e outras coisas, minha amiga Lara (que tem um blog, o caixa de abelhas- clica aí) aproveitou para mostrar seu hobbie, a hand lettering. Basicamente fontes diferentonas escrita com a mão, nada de computador. A boa e velha caligrafia. Daí me interessei e fui testar, seguindo as dicas de sites que Lara me deu, que repasso para vocês agora. Junto com os links, minhas duas primeiras tentativas de hand lettering. =]

Aqui tem um link bem didático, seguido de outros dois que sugerem fontes:
https://www.youtube.com/watch?v=PIdpz4Y-ab0
https://br.pinterest.com/explore/fontes-946560344711/
https://br.pinterest.com/explore/letras-de-caligrafia-905484989426/ 

"E se eu quiser continuar? Continue! (Continue!)"

"Meu abajur de porcelana"


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Fotografia e/é arte: Lola Álvarez Bravo


Quando fui à exposição da Frida Kahlo em Brasília, alguns meses atrás, tive a oportunidade de conhecer os trabalho de outras artistas mexicanas, algumas contemporâneas da pintora. Além de quadros, haviam uma ou duas instalações e também fotografias e fotomontagens. Fiquei de ir atrás de conhecer melhor o trabalhos delas e a oportunidade surgiu hoje, quando meus sobrinhos encontraram o folder da exposição, por acaso (ou não), enquanto derrubavam meus livros. rs

Hoje apresento a Lola Álvarez Bravo, que era próxima de Frida e de Diego Rivera, tendo fotos dos dois em seu imenso acervo (para a época), inclusive foto da pintora em seu leito de morte. 

Em geral as fotos variam entre uma sensibilidade social, algo de surrealismo, mas um surrealismo imediatamente vinculado aos temas do mundo cotidiano. Surgem desde as pessoas mais simples, como os maravilhosos nus, todas em P&B. As fotomontagens, como esse trabalho que tá aí em cima do meu texto, foram uma das coisas mais especiais que encontrei nela.

O New York Times fez uma reportagem com um pouco do trabalho da Bravo, em uma edição de 2013, disponível on-line. Você pode encontrar aqui: http://lens.blogs.nytimes.com/2013/02/25/a-mexican-photographer-overshadowed-but-not-outdone/http://lens.blogs.nytimes.com/2013/02/25/a-mexican-photographer-overshadowed-but-not-outdone/ 

Espero que gostem.

El sueño de los pobres II

"Indiferença" ...
Os nus da Bravo são uma coisa linda. Só encontrei mulheres, inclusive grávidas.




Auto retrato


domingo, 24 de julho de 2016

Guimarães Rosa

Estamos comemorando 60 anos do "Grande Sertão: Veredas". Guimarães Rosa conseguiu coser caminhos no invisível dos rincões do sertão; do mato, das veredas, dos pássaros, dos outros bichos e do bicho homem; desvirou as palavras conhecidas, as esquecidas e as inventadas para encher de sentimento e beleza a dureza dos sertões do país. Uma sapiência brutadelicada de se beber em delírio de tanta lindeza.

Aí embaixo o link da reportagem da EBC sobre a comemoração na cidade de Três Marias, nas Minas Gerais. Ainda vou lá e volto vestida de bordado rosiano das bordadeiras de André Quicé, que também aprenderam a coser o visível invisível do Sertão.

E, também,segue um trecho do final da obra, lido por Maria Bethânia.

https://vimeo.com/175308788

quarta-feira, 8 de junho de 2016

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Amélie Poulain

O filme que me abraçou num período difícil e que me foi mostrado por um amigo, anos atrás, tem uma trilha sonora que é tão fundamental ao bom andamento da estória, quanto a presença das atrizes e dos atores. E é Yann Tiersen, responsável por essas belezuras de melodia. Olha o que a Wikipedia traz sobre o músico:

"Yann Pierre Tiersen la pierre (sic) (Brest, 23 de junho de 1970) é um músico de vanguarda, multiinstrumentista e compositor francês de origem judaica com raízes belgas e norueguesas. Compondo para piano, sanfona e violino, sua música aproxima-se de Erik Satie e do minimalismo de Steve Reich, Philip Glass e Michael Nyman. Tornou-se internacionalmente conhecido ao compor trilhas sonoras de filmes como O fabuloso destino de Amélie Poulain e Good Bye, Lenin!.
Passou sua infância em Rennes, também na Bretanha, onde estudou violino, piano e regência orquestral. De formação clássica, encaminhou-se para o rock já na idade adulta. Nos anos 1980, junta-se a vários grupos de rock em Rennes. Em seguida, começa a escrever trilhas sonoras para peças teatrais e filmes como "A vida sonhada dos anjos Giovanni" (1998), de Erick Zonca, "Alice e Martin" (1998), de André Téchiné e "O que a Lua Revela" (1999), de Christine Carrière."

Aqui a página oficial dele http://yanntiersen.com/. Lá tem um monte de informação sobre o trabalho do músico.

E na noite de hoje ele traz o fundo musical aqui em casa. ;)


Sobre insights: o antropólogo e o fotógrafo

Estou lendo o livro "Metafísicas Canibais", do Eduardo Viveiros Castro e já antecipo que a obra é daquelas que te reviram e dão um nó nos conceitos que você se acostumou, especialmente para quem trabalha com a parte mais tradicional da academia. Mas o bom é que não é só para quem é da academia: logo de início ele avisa que é um livro que pode ser lido por leigos. Diz, ainda, que pretendeu fazer o que Deleuze fez, mas em sua própria área de atuação: um tipo de antropologia "epistemopolítica"- um termo totalmente novo para mim, inclusive. No livro, o autor propõe pensarmos o modo de entendimento do Outro, partindo das suas pesquisas com os ameríndios. Isso ocasionaria mais que uma inserção de novas variáveis ou conteúdos em nossa imaginação: toda a nossa estrutura da imaginação conceitual entra em regime de variação, assumindo-se como variante, versão, transformação. Ou seja, levar em conta o modo de entender o mundo que o outro assume nos torna a todos variantes nesse contato (com o detalhe de que  esse Outro nos mostra a nós Mesmos de um modo que não nos reconhecemos). E por aí vai.



Mas essa postagem não é uma resenha sobre o livro do Viveiros Castro. É mais sobre um insight que tive enquanto lia um trecho específico da obra, o qual reproduzo a seguir:

Sublinho: proliferar a multiplicidade. Pois não se trata, como lembrou oportunamente Derrida (2006), de pregar a abolição da fronteira que une-separa 'linguagem' e 'mundo', 'pessoas' e 'coisas', 'nós' e 'eles', 'humanos' e 'não-humanos'- as facilidades reducionistas e os monismos de bolso estão tão fora de questão quanto as fantasias fusionais-; mas sim de 'irreduzir' e 'imprecisar' essa fronteira, contorcendo-se sua linha divisória (suas sucessivas linhas divisórias paralelas) em uma curva infinitamente complexa. Não se trata então de apagar contornos, mas de dobrá-los, adensá-los, enviesá-los, irisá-los, fractalizá-los (EVC, logo na página 28)

E então eu lembrei de algumas das séries que o André Piauí produziu, com suas fotos. Sim! Fotos! A forma de comunicação mais bem sucedida da atualidade. As séries [sobre o aparente fim das cidades], [o sobre], [something about dreams], [da microgeografia do fim], [something about love], [something about life] e em algumas outras, André segue uma via não tradicional da fotografia, uma via que parece atingir, a partir da nossa própria sociedade ocidental (com elementos, digamos, evidentemente ocidentais) o que Viveiros Castro destacou. O Outro atingido é o Mesmo, mas com suas fronteiras "imprecisadas", "irreduzidas", dobrado, adensado, enviesado, irisado, fractalizado. O Outro que é o sujeito ou coisa fotografada que deveria ser uma representação do real, ou um signo facilmente identificável pelo Mesmo (ou o que esse mesmo esperava) surge borrado, riscado, sobreposto, desbotado, irreconhecível. Aí vem o título de cada série, que reforça o estranhamento deste Outro que deveria ser o Mesmo, e é, mas não é mais reconhecido como tal. E é justamente nesse espaço de não reconhecimento e de estranhamento,  onde "algo" ocorre.

Esse mundo difícil de compreender da perspectiva dualista tradicional que o antropólogo e o fotógrafo descortinam, sempre foi povoado, contudo. Mas isso eu falo em outra postagem, na qual eu também vou falar sobre o feminismo.

[Sobre o aparente fim das cidades]

[Sobre o aparente fim das cidades]

[Sobre o aparente fim das cidades]

[o sobre]
[something about dreams]

[something about dreams]
[da microgeografia do fim]


[something about love]

[something about love]

[something about life]

Ps. Aqui um pouco sobre o antropólogo: https://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Viveiros_de_Castro e aqui as séries do fotógrafo: https://www.flickr.com/photos/andrepiaui/

AS MAIS LIDAS